Uma conferência de líderes muçulmanos e cristãos, destinada a promover a convivência pacífica entre religiões, terminou, nesta quinta-feira, na Universidade de Yale (leste), reafirmando que o amor ocupa “um lugar central” em seus credos, mas sem abordar os fundamentalismos.

Cerca de 150 líderes religiosos e acadêmicos, entre os mais influentes do mundo religioso, debateram durante quatro dias como conviver em paz.

“Reconhecemos que o amor misericordioso de Deus é infinito, eterno e que abraça tudo”, concluíram, na declaração final aprovada nessa universidade de Connecticut, considerada uma das mais prestigiosas dos Estados Unidos.

Entre os participantes, estavam, do lado cristão, protestantes, ou evangélicos; e do lado muçulmano, líderes de vários países e tendências: xiitas, sunitas, sufis e aiatolás do Irã. Seis judeus foram como observadores.

O objetivo da conferência era evitar, por meio do diálogo, uma confrontação “de proporções globais” entre as civilizações muçulmana e cristã no mundo posterior aos ataques do 11 de Setembro.

A conclusão principal foi que o vínculo entre cristãos e muçulmanos é a crença comum no “amor por Deus e pelo próximo”.

Segundo o príncipe jordaniano Ghazi bin Muhammad bin Talal, nas reuniões a portas fechadas, “os temas práticos abordados foram a pobreza mundial, as guerras no Iraque e no Afeganistão, a situação na Palestina e em Israel, os perigos de futuras guerras e a liberdade de religião”.

Aprovado por consenso, o texto público evita, porém, as questões mais delicadas dos fundamentalismos religiosos que levam a ataques suicidas no Oriente e no Ocidente, ou a negação das teorias científicas nos Estados Unidos.

Pelo contrário, a declaração final reafirmou o caráter “único e absoluto” do Deus venerado por essas religiões abraâmicas monoteístas, cujas versões mais extremas geram fundamentalismos há séculos.

Segundo o organizador do evento e diretor do Centro sobre Fé e Cultura de Yale, Miroslav Volf, o “caráter absoluto de Deus” não deve ser entendido como o de uma divindade todo-poderosa, mas como o de um ser que irradia amor.

“E não é apenas o amor de Deus, mas também ao próximo”, explicou Volf, que em setembro vai co-dirigir um curso em Yale sobre “Fé e globalização”, junto com o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

A única menção ao extremismo foi feita para “denunciar e condenar as ameaças proferidas contra os que participam do diálogo entre religiões”.

A idéia mais concreta resultante do encontro foi promover uma semana mundial por ano, durante a qual muçulmanos e cristãos se comprometem a falar das coisas positivas de outro credo. Por enquanto, porém, é apenas um projeto.

Fonte: Último Segundo

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