As autoridades muçulmanas e o primeiro-palestino, Ismail Haniyeh, pediram nesta terça-feira a mobilização dos muçulmanos contra as obras iniciadas por Israel nas proximidades de uma das entradas da Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém.

Eles afirmam que as obras podem afetar as fundações do terreno.

El Waqf, a instituição que cuida dos bens religiosos muçulmanos, declarou que os trabalhos, realizados sob forte esquema de proteção policial da Autoridade de Antigüidades israelense, colocam em risco os alicerces da Esplanada, ponto de tensão na parte velha de Jerusalém.

A Esplanada das Mesquitas, onde ficam a mesquita Al Aqsa e o Domo da Rocha, é o terceiro lugar mais sagrado para o Islã depois das cidades de Meca e Medina.

Três escavadoras começaram a aplainar uma parte do terreno que fica no Portal do Magreb, um dos acessos da cidade velha que leva à Esplanada e ao Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus que fica na parte baixa da Esplanada.

El Waqf afirmou que dois salões subterrâneos adjacentes às mesquitas estão situados abaixo do terreno onde acontecem as obras, e que, ao ser aplainado, colocaria em risco as fundações da Esplanada.

A Autoridade das Antigüidades israelense responde dizendo que o objetivo das obras é reforçar um dos acessos à Esplanada, danificado por uma tempestade de neve há dois anos.

“As escavadoras se dirigem (até as mesquitas) para destruir a rota histórica que leva ao Portal de Magreb”, afirmou o chefe dos tribunais islâmicos nos territórios palestinos, xeque Tayssir Al Tamimi, em discurso transmitido pelo canal de televisão árabe Al-Jazeera.

Tamini pediu aos palestinos que vão imediatamente à Esplanada das Mesquitas para protegê-la das obras israelenses. O mufti de Jerusalém, xeque Mohamed Hussein, denuncia o que chamou de “uma covarde agressão” contra as mesquitas.

Em Gaza, o primeiro-ministro Ismail Hamiyeh pediu a “todos os filhos do povo palestino que se unam e se levantem em massa para proteger a mesquita de Al Aqsa”.

“A luta do povo palestino não deve ser interna, mas sim dirigida contra o invasor que continua suas agressões e tentativas de judaizar Jerusalém”, acrescentou.

Segundo testemunhas, a polícia israelense aumentou seu contingente na cidade velha para evitar distúrbios.

O acesso à Esplanada havia sido limitado a homens com mais de 45 anos, desde que de posse de documento de identidade israelense, e às mulheres.

Apesar dos chamados à mobilização, não foi registrado nenhum incidente até agora. Apenas algumas dezenas de palestinos, mantidos à distância pela polícia, se reuniram em frente ao Portal de Magreb. Entre eles estava o chefe do Movimento Islâmico em Israel, xeque Raed Salah.

A segunda reação dos palestinos contra a ocupação israelense (Intifada) teve seu estopim em setembro de 2000, depois que o ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, então líder da oposição, fez uma visita à Esplanada das Mesquitas.

No domingo, Israel havia decidido restringir o acesso dos fiéis muçulmanos à Esplanada para evitar eventuais manifestações contra as obras.

Nesse mesmo dia, o rei Abddullah II da Jordânia, cujo país é reponsável pela administração das mesquitas, havia alertado contra “atentados aos locais islâmicos” em Jerusalém, condenando as tentativas israelenses “que visam a modificar a natureza desses lugares e seu caráter muçulmano”.

Fonte: AFP

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