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“Se não tivesse a minha família do meu lado, estaria numa pior. De repente até morto por dirigir bêbado diversas vezes”. A declaração é do atacante Jô, 29, novo reforço do Corinthians para 2017.

Após colecionar atos de indisciplina por se exceder com bebida e baladas, o jogador disse estar mudado. Ele afirmou que se converteu ao cristianismo e há dois anos não bebe uma gota de álcool.

“É através do álcool que você faz outras coisas, que você parte para a traição. Você vai entrando em um caminho sem fim. A minha vida estava sem sentido, estava me afundando. Resolvi mudar porque vi que estava perdendo tudo”, disse o atacante, que retomou o casamento com Cláudia Silva, de quem tinha se separado em 2014.

Em entrevista à Folha, Jô também falou sobre a derrota sofrida pela seleção para a Alemanha por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Reserva do time de Felipão, o atacante disse que faltou ao grupo encarar o jogo como uma guerra.

“Faltou o espírito de guerrear mais. Ficamos muito frios e as coisas aconteceram muito rapidamente. Quando vimos já estava 5 a 0.”

[b]Folha – Como aconteceu a sua mudança de comportamento? Por que resolveu mudar?
[/b]Jô – Decidi mudar quando vi que realmente estava perdendo tudo. A minha vida estava sem sentido, me afundando e ficava um vazio.
Me distanciei de pessoas da minha família por conta de amizades erradas que tive. Isso atrapalhou um pouco a minha vida pessoal.
Em 2014, separei-me da minha mulher e estava saindo brigado do Atlético-MG. Fiquei um ano sem fazer gol e foi ali que despertei. Aí vim para São Paulo e coloquei a minha cabeça no lugar. Comecei a frequentar a igreja e mudei a partir do momento que encontrei Deus. Parei com o álcool, parei de sair e respeito hoje a minha família, a minha esposa e meu filho. As coisas começaram a se encaixar no Atlético-MG e fui negociado para fora do país [Al Shabab, dos Emirados Árabes].

[b]Era só o álcool mesmo ou rolava droga? Você tem medo de uma recaída?
[/b]Realmente só foi o álcool. Nunca mexi com outra substância. Nunca tive nem intenção de experimentar. Mas é através do álcool que você faz outras coisas, você parte para a traição. Você vai entrando em um caminho realmente sem fim. Não tenho medo [recaída] porque já vivi os dois lados. Já vivi o outro lado, o lado negro. Sei que não vai acrescentar em nada na minha vida. Estou vivendo agora uma vida digna e tenho só a crescer: a parte espiritual, a parte financeira. Tudo está crescendo. Se eu sair, só tenho a perder.

[b]Qual o papel que a sua família teve nessa mudança?
[/b]Minha mulher sempre acreditou na minha mudança e esteve do meu lado nos problemas extracampo. Meus pais também sempre estiveram do meu lado e pediam para eu pensar no que estava fazendo. Se eu não tivesse essas pessoas, acho que hoje eu nem estaria aqui. Acho que estaria numa pior. De repente até uma morte por dirigir bêbado diversas vezes.

[b]Se você não tivesse essa vida fora do campo que citou, acha que poderia ter chegado mais longe na carreira?
[/b]Tenho convicção que sim. Quando eu estava bem, fazendo gols, tinha um período que deixava as coisas de lado e só pensava em mim. Com isso, caía de rendimento e voltavam as dúvidas. Eu não conseguia manter um período bom por muito tempo. As quedas eram quando eu saía para a noite, dormia pouco.

[b]Por que você não se apresentou para viajar com o Internacional para a Bolívia em um jogo da Libertadores-2012?
[/b]Tinha saído, cheguei tarde e não acordei no horário. Acordei depois de uma hora e optei por não ir. Eu deveria ter comunicado, não quis falar para ninguém e fui punido com razão. Foi uma tremenda irresponsabilidade.

[b]Você ainda tem contato com o Ronaldinho, que era seu parceiro de balada em Minas?
[/b]Acabou que automaticamente cada um seguiu sua vida. Ele é uma pessoa fantástica, sempre me ajudou. Dentro de campo, fizemos uma parceria fantástica, ganhamos título. Mas agora estou vivendo a minha vida e ele continua vivendo a dele.
O dia que encontrá-lo vou conversar, mas não vou beber e nem vou sair. Podemos jantar, almoçar, tomar um suco e eu vou falar do amor de Deus para ele.

[b]Você estava na reserva no jogo da seleção contra a Alemanha. O que aconteceu naquele dia?
[/b]É difícil explicar. Se você perguntar para todos os jogadores acho que ninguém consegue. Lembro que, desde as oitavas de final contra o Chile, o Felipão colocou na nossa cabeça que seria uma guerra e nos saímos muito bem. Contra a Colômbia, foi a mesma coisa e entramos com o espírito de guerrear.
Contra a Alemanha, encaramos como uma semifinal, mas não como uma guerra. Faltou o espírito de guerrear. Ficamos muito frios, assim como eles. As coisas aconteceram muito rápido e quando vimos estava 5 a 0.
No intervalo, foi um velório e, no final, um enterro.

[b]Qual é a sua relação com o Kia Joorabchian [empresário que encabeçou a polêmica parceria entre Corinthians e MSI]?
[/b]Ele cuida da minha carreira até hoje juntamente com o Giuliano Bertolucci. Os dois têm uma parceria. Temos um bom relacionamento e falo com ele até hoje. Conheço ele desde a época da minha primeira passagem pelo Corinthians. Ele que me levou para o CSKA e depois para a Inglaterra [Manchester City].

[b]Como a torcida corintiana encontrará o Jô nesta volta?
[/b]Vai encontrar um Jô mais experiente, mais maduro e, na parte de campo, mais fixo. Pode ter certeza que vai ver muita determinação. Cresci fisicamente, mentalmente. Quando eu subi para o profissional tinha apenas 16 anos.
Estou ansioso para voltar a jogar logo.

[b]Como está sendo a recepção da torcida?
[/b]Está sendo uma recepção bem legal. Sempre tive uma boa recepção dos torcedores corintianos. Só tenho coisas positivas, embora alguns critiquem. Mas isso é a opinião de cada um. As críticas são relacionadas à parte extracampo. Quem não conhece essa nova fase, ainda me julga pelo período difícil da minha vida pessoal. Alguns têm ainda essa imagem do Jô.

[b]RAIO-X
[/b]João Alves de Assis Silva, Jô

[b]NASCIMENTO[/b]
20.mar.1987 (29 anos), em São Paulo (SP)

[b]PRINCIPAIS CLUBES:
[/b]Corinthians, CSKA (RUS), Manchester City (ING), Everton (ING), Galatasaray (TUR), Internacional, Atlético-MG, Al-Shabab (EAU), Jiangsu Suning (CHI), Corinthians, seleção olímpica e seleção brasileira

[b]PRINCIPAIS TÍTULOS
[/b]Campeão Paulista-2003 (Corinthians), Campeão Brasileiro-2005 (Corinthians), Recopa Sul-Americana-2011 (Internacional), Campeonato Gaúcho-2012 (Internacional), Bicampeão Mineiro-2013/2015 (Atlético-MG), Libertadores-2013 (Atlético-MG), Copa das Confederações-2013 (seleção brasileira), Recopa Sul-Americana-2014 (Atlético-MG) e Copa do Brasil-2014 (Atlético-MG)

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

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