A Igreja Católica na Inglaterra prepara uma campanha em defesa de seu papel na vida pública, após a rejeição, por parte do governo britânico, de isentar as agências de adoção católicas de cumprirem a nova lei que proíbe a discriminação de homossexuais, em qualquer tipo de serviço.
Foi o que revelou na semana passada o jornal “The Daily Telegraph”.
O artigo afirma que o Episcopado incentiva os católicos a pressionarem os deputados que os representam, para que realizem um grande protesto no Parlamento, quando será debatida a lei, neste mês de fevereiro.
O primaz da Inglaterra e Gales, Cardeal Cormac Murphy-O’Connor, defendeu ontem, num artigo publicado no mesmo jornal, as posições da Igreja sobre essa questão, e criticou a recusa do governo em ceder na matéria das adoções por casais de homossexuais.
O cardeal disse “aceitar que algumas pessoas acreditem que, em certas circunstâncias, se deveria deixar que um casal homossexual adotasse uma criança”. Todavia _ acrescenta _ “impor essas regras antidiscriminatórias é ir demasiado longe”. Segundo o cardeal-arcebispo de Westminster, tal imposição “cria uma nova normalidade e qualquer organização que não esteja disposta a aceitar essa normalidade, passa a não poder desempenhar um papel no serviço público”.
“A convicção mais profunda das religiões cristã, judaica e muçulmana é que o melhor para uma criança é estar sob os cuidados de um pai e uma mãe. Em função disso, os líderes dessas religiões pedem um espaço no qual possa ser respeitada essa convicção no setor público.”
Em declaração à emissora BBC, o cardeal afirmou que a lei antidiscriminação, que entrará em vigor em abril, “cria um novo tipo de moralidade” e advertiu que “a decisão do governo, de não isentar as agências católicas de seu cumprimento, constituiu um passo a mais para expulsar a religião da vida pública”.
Enquanto isso, o primaz anglicano e arcebispo de Cantuária, Dr. Rowan Williams, apoiou os católicos nessa questão, e também pediu “que sejam colocados limites ao poder do Estado de controlar e determinar as ações dos organismos”.
Na última quinta-feira, os ministros do governo Tony Blair rejeitaram, por maioria, conceder à Igreja Católica a isenção do cumprimento da nova lei “antidiscriminação”.
Fonte: Rádio Vaticano