O governo do Brasil rejeitou recomendação do Vaticano que pedia a proteção dos nascituros e da “família formada por marido e mulher”, parte da Revisão Periódica Universal do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira (11), o governo brasileiro reagiu às recomendações feitas por países membros da ONU em sua revisão sobre direitos humanos, realizada a cada quatro anos e meio. O país aceitou todas, exceto quatro das 246 recomendações.
A do Vaticano, não acatada pelo governo brasileiro, era: “Continuar a proteger a família natural e o casamento, formado por marido e mulher, como a unidade fundamental da sociedade, e também os nascituros”.
“É positivo que o Brasil tenha rejeitado recomendação claramente discriminatória do Vaticano contra as populações LGBT e contra as mulheres. Com essa proposta, o Vaticano pretendia barrar o casamento igualitário e o direito ao aborto mesmo nos casos já previstos por lei”, disse Caio Borges, coordenador do programa de empresas e direitos humanos da ONG Conectas.
“Por outro lado, o governo brasileiro não tem demonstrado empenho em barrar propostas legislativas como o Estatuto da Família e do Nascituro, que contrariam sua posição perante a comunidade internacional.”
Na revisão periódica anterior, em 2012, o governo brasileiro havia aceitado parcialmente a recomendação do Vaticano de “proteger a família natural e o casamento, formado por marido e mulher, como a célula básica da sociedade na medida em que oferece as melhores condições para se criar filhos”.
Na época, o governo brasileiro afirmou que apoiava parcialmente a recomendação, porque “as instituições brasileiras reconhecem que também merecem proteção outros arranjos familiares, como mulheres sozinhas criando seus filhos”.
Inconformados com o posicionamento do chanceler Aloysio Nunes, uma comitiva da Frente Parlamentar Evangélica, Frente Parlamentar Católica, além de outras lideranças partidárias, procurou o presidente para pedir a retratação do Brasil em relação ao pedido do Vaticano.
“Que fique claro, defendo que seja objeto de reflexão a permanência ou não de Aloysio à frente do Ministério”, destacou Victório Galli (PSC/MT).
No site do Itamaraty não há nenhuma justificativa sobre o posicionamento brasileiro. Temer não anunciou que decisão irá tomar.
Fonte: Folha de São Paulo e Gospel Prime