A telespectadora que passou um sermão no bispo Clodomir Santos (foto) durante o “Fala Que Eu Te Escuto”, a professora Viviane Oliveira Santos, diz que não teve intenção de desrespeitar os evangélicos, como acusaram alguns internautas em blogs e comentários publicados no YouTube.

“Agi no impulso. Ouvi o que programa estava falando sobre o candomblé, liguei para o programa para reclamar. Não achava que eu iria entrar no ar. Não quis ser desrespeitosa com os evangélicos”, afirma a professora de português e cidadania Viviane Oliveira Santos, 29, que se declara católica.

A participação dela foi exibida pela Record na madrugada deste domingo (28) e durou cerca de 40 minutos. No YouTube, há apenas um trecho de oito minutos, em áudio, que foi divulgado por blogs.

“Eu tinha acabado de chegar do teatro. Estava vendo o Martinho da Vila no programa do Serginho (Altas Horas, na Globo). No intervalo, comecei a zapear e vi a Suzana Vieira no programa da Record. Achei estranho e fiquei acompanhando”, reconstitui a professora.

O programa evangélico discutia o caso da atriz Suzana Vieira, cujo marido foi preso após agredir uma garota de programa e depredar um motel. O bispo convocou a participação do público por telefone, perguntando se uma “macumba” teria provocado a crise no casamento.

Para a professora, as cenas de um culto de candomblé exibidos pelo “Fala Que Eu Te Escuto” não condizem com a realidade.

“O que questionei no programa é que aquele vídeo, que o bispo disse que era da extinta TV Manchete, reforçava o preconceito contra o candomblé”, afirma Viviane.

Na última quarta-feira, ela foi até a produção do programa buscar a fita de sua participação no “Fala Que Eu Te Escuto”, como o bispo prometeu no ar. Mas a professora diz que não conseguiu o material. Apenas foi orientada a procurar o departamento jurídico da emissora. Ela ainda não conseguiu contactar o responsável.

A professora diz que ficou surpresa com a repercussão do caso na internet. Ela procurou os blogs para dar sua versão, rebatendo as críticas. “Em alguns comentários, diziam que eu era macumbeira.”

Voltaria a ligar para o “Fala Que Eu Te Escuto”? “Sim, eu faria de novo. Sou uma cidadã”.

Ela trabalha em uma escola privada de ensino médio. Também estuda história da cultura em uma faculdade. Com a divulgação do áudio no YouTube, Viviane diz que alguns colegas reconheceram sua voz. A professora diz que já participou de um movimento para realizar a parada negra em São Paulo.

Viviane afirma ter ficado feliz em ter provocado uma discussão pública sobre a questão religiosa no Brasil e a TV. “Achei bacana que a história tenha tomado essa dimensão. Esse caso mudou minha vida.”

Fonte: Folha Online

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