Início Site Página 2794

Irã ordena que muçulmanos defendam palestinos em Gaza

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, divulgou neste domingo um decreto religioso para que muçulmanos em todo o mundo defendam os palestinos contra os ataques de Israel em Gaza, informou a televisão estatal.

“Todos os combatentes palestinos e todas as pessoas devotas do mundo islâmico estão obrigados a defender mulheres, crianças e pessoas em Gaza de todas as formas possíveis. Quem for morto nesta defesa legítima é considerado um mártir”, disse Khamenei em comunicado, segundo a TV estatal.

Fonte: Reuters

Bispos anglicanos acusam Governo britânico de “corrupção moral”

Cinco bispos da Igreja da Inglaterra acusaram neste domingo o Governo do primeiro-ministro, Gordon Brown (foto), de “corrupção moral” e qualificaram de “escandalosas” suas políticas para enfrentar a atual crise financeira.

Em entrevistas ao “Sunday Telegraph”, os bispos de Durham, Winchester, Hulme, Manchester e Carlisle afirmam que o Reino Unido sofre com problemas como crise familiar, tendência ao endividamento e crescente divisão entre ricos e pobres.

O bispo de Manchester, Nigel McCulloch, afirmou que o Executivo está “seduzido pelo dinheiro e ficando moralmente corrupto”.

Por sua vez, o bispo de Durham, Tom Wright, lamentou que o Partido Trabalhista não tenha feito o suficiente para apoiar os menos favorecidos desde que chegou ao poder, em 1997.

“Os trabalhistas fizeram muitas promessas, mas muitas delas viraram fumaça. Não vimos um aumento das aspirações nos últimos 13 anos. Por outro lado, há uma sensação de desesperança. Enquanto os ricos ficaram mais ricos, os pobres se tornaram mais pobres”, afirmou Wright.

“Quando um grande banco ou companhia automobilística quebra, é nacionalizado”, ressaltou o bispo de Durham, ao denunciar que esse tipo de medida não ajuda “as pessoas que estão perdendo seus empregos e vêem suas economias reduzidas” na atual crise.

O bispo de Hulme, Stephen Lowe, criticou o Governo por estimular os cidadãos com grandes dívidas a “gastar mais”, e criticou o plano da Administração do Partido Trabalhista para melhorar a economia que, segundo ele, visa às próximas eleições gerais, previstas para 2010.

“Isso é moralmente suspeito e pobre. É injusto e irresponsável que o Governo pressione os cidadãos a gastar para reativar a economia”, disse Lowe.

Além disso, acusou o Governo de querer retornar à situação anterior à crise creditícia, na qual existia um “compromisso excessivo” dos cidadãos com suas dívidas, hipotecas e os mercados financeiros.

Em termos similares expressaram-se os bispos de Carlisle, Graham Dow, e de Winchester, Michael Scott-Joynt. Para Dow, “a ruptura da família é um elemento crucial das dificuldades da sociedade atual”.

Na semana passada, o primaz anglicano e arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, afirmou que a política de Brown de incentivar a despesa para atenuar a crise é como “o retorno de um viciado às drogas”.

Uma porta-voz do Governo respondeu que a “justiça” é um eixo central da política do Executivo, e que o Partido Trabalhista conta com “um sólido histórico de tirar as pessoas da pobreza”.

Fonte: EFE

AI-5: A vida da Igreja Evangélica nos anos de chumbo

O Ato Institucional nº 5, que colocou a sociedade e a Igreja Evangélica na parede, completa 40 anos sem ser esquecido. Em 13 de dezembro completaram-se quatro décadas que, em nome do combate à suposta ameaça comunista, o Brasil mergulhou numa era de total supressão das liberdades individuais e políticas. Naquela época os evangélicos passaram a ser vistos como ameaça pelo regime militar, que não poupou os religiosos.

Nem todas as feridas fecham em 40 anos. E ainda choram Marias e Clarices, como cantou Elis Regina em 1979, na campanha em favor da anistia. Quem viveu sob o Ato Institucional nº 5, imposto em 1968 pelo general-presidente Artur da Costa e Silva, depois de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, não esquece facilmente a experiência de não ter qualquer garantia constitucional contra os desmandos do Estado. Foram dez anos de linha-dura. “Às favas todos escrúpulos de consciência”, disse o então ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, na reunião que sacramentou o AI-5.

O chamado golpe dentro do golpe, que veio para calar os protestos estudantis que varriam o país pedindo democracia e reverberavam no Congresso, deu poderes totais a Costa e Silva e suspendeu o instrumento legal do habeas corpus. Qualquer pessoa poderia ser presa sem acusação formal por até 60 dias para responder a inquéritos políticos, ficando incomunicável durante até 10 dias. Anunciado em rede nacional pelo então ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, que o redigiu, o AI-5 foi a deixa para uma feroz caça às bruxas, que para a extrema direita ainda restavam soltas mesmo com o Golpe de 1964.

Fechado o Congresso, políticos, intelectuais e artistas – muitos deles sem qualquer identificação com a esquerda – foram presos imediatamente. Era a “doutrina de segurança nacional”, pregada pelo general Golbery do Couto e Silva no âmbito da Escola Superior de Guerra e fortemente influenciada pelos Estados Unidos.

Tratava-se de uma guerra contra os inimigos internos, não contra potências estrangeiras. E a Igreja Evangélica? Muitos crentes em Jesus Cristo, que já enfrentavam problemas em suas próprias denominações por conta da intensa disputa político-ideológica daquele período, passaram a ser vistos como ameaça pelo regime militar, que não poupou os religiosos.

Vários protestantes vinculados a movimentos ecumênicos que pregavam a responsabilidade social da igreja e a transformação do país sofreram perseguição. Muitos eram entusiasmados seguidores dos ensinos do teólogo norte-americano Richard Shaull (1919 -2002), que, expulso da Colômbia, viera ao Brasil ainda nos anos 50 pregando o engajamento político das igrejas para mudar a sociedade, profundamente desigual. Um dos principais organizadores, por meio da Confederação Evangélica do Brasil (CEB), do encontro “Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro”, que reuniu em 1962, no Nordeste, 167 representantes de diversas igrejas, o sociológo e jornalista Waldo Lenz César (1923-2007) também foi preso e teve que deixar o Brasil. O presbiteriano Paulo Wright, deputado estadual por Santa Catarina, tornou-se militante da Ação Popular (AP) – organização de esquerda que de início agregava estudantes católicos e um punhado de protestantes – e desapareceu nos porões do regime em 1973. Seu irmão, o pastor Jaime Wright, acabou se destacando na luta contra a ditadura, unindo-se ao arcebispo de São Paulo, D.Paulo Evaristo Arns, para denunciar os crimes do Estado brasileiro. Ele trabalhou intensamente no Projeto Brasil: Nunca Mais, que uniu o Conselho Mundial das Igrejas (CMI) e a Arquidiciocese de São Paulo para expor a violência do regime.

Boas-vindas

A história da Igreja Evangélica, porém, não foi exatamente das mais bonitas. A principal razão era o medo do comunismo, como reconheceu, certa vez, o próprio Jaime Wright em entrevista ao jornalista Jorge Antônio Barros. “Na União Soviética a prática da religião foi cerceada e proibida; os evangélicos tinham alguma razão para ter receio disso”, declarou Wright, que era profundamente identificado com a visão de um Evangelho social e faleceu em 1999. Em 1963, em plena Guerra Fria, a alguns meses do golpe militar, o nascente movimento carismático, que dava ênfase aos dons do Espírito Santo, se mobilizava em jejum e oração para que o Brasil não caísse sob poder do comunismo. Em pouco tempo, no entanto, o país viveria as agruras de uma ditadura de extrema direita. Em relato publicado em 2005 no site da Igreja Metodista do Brasil, o líder leigo Anivaldo Padilha, recentemente beneficiado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, afirma ter sido acusado de comunista e delatado aos militares por um pastor da própria denominação (ver abaixo).

“A liderança evangélica, de modo geral, deu boas-vindas ao regime. Surgiram matérias nos jornais das igrejas apoiando o novo governo”, reconhece o pastor Alderi Souza de Matos, historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). Para ele, que se dedica ao projeto de escrever sobre os últimos 50 anos da denominação, é difícil analisar aquele período. “Havia muito radicalismo, muito extremismo. Na minha avaliação houve excessos de ambas as partes: tanto dos conservadores, que se apossaram do poder na igreja, quanto da oposição, vinculada ao movimento social, ao ecumenismo e ao liberalismo teológico”, diz, lembrando que os pastores e seminaristas à esquerda batiam de frente com determinações vindas da direção da denominação. “Difícil dizer como seria a igreja hoje, o que teria acontecido se o grupo vencedor fosse o oposto”, comenta, observando que muitos sínodos da IPB foram simplesmente dissolvidos, pela sua recusa em cumprir a ordem de expulsar os pastores desobedientes. “Era uma época de muita tensão, confrontação, polêmica e polarização; não era fácil alcançar equilíbrio”, diz o pesquisador.

Dois anos antes do AI-5, a Igreja Presbiteriana, preocupada com a influência do liberalismo, já dera uma guinada forte à direita. Em 1966, Boanerges Ribeiro fora eleito presidente do Supremo Concílio da denominação com a promessa de moralizar os seminários, varrendo a influência dos modernistas. Durante os anos de chumbo, ele permaneceria à frente da igreja, que era então a mais influente entre os protestantes. O tenente-coronel Renato Guimarães, ligado ao temido Serviço Nacional de Informações (SNI), tinha assento no Supremo Concílio. Teólogos esquerdistas como o próprio Waldo César, o escritor Rubem Alves, Zwinglio Mota Dias – que foi torturado e teve o irmão, Ivan, assassinado pela ditadura – e João Dias de Araújo, que escreveu o livro Inquisição sem fogueiras, deixaram a IPB. Surgia a Igreja Presbiteriana Unida (IPU), que abrigou no período grande parte da esquerda protestante.

Luta armada

“Eu fiz uma decisão radical, muito consciente, em 1970: jamais me envolver com política eclesiástica”, conta Eduardo Emerich, de 64 anos, ministro presbiteriano que, já próximo de aposentar-se, após 40 anos de ministério, atua como pastor auxiliar em Ourinhos (SP). Simpático às idéias naquele momento combatidas pela direção da IPB, o então seminarista considerava um total equívoco a idéia sair da igreja e preferiu dedicar-se a pastorear uma pequena comunidade na mesma denominação, que já chegou aos 150 anos de existência. “A igreja perdeu cérebros brilhantes naquele período. Seria outra hoje em dia”, acredita.

Em 1968, Emerich estava no Seminário Presbiteriano de Vitória (ES) e militava na esquerdista AP. Ele participou do histórico congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna, no interior paulista – evento realizado clandestinamente, já que a entidade estudantil fora banida pelo regime militar. “Eu nunca havia usado uma arma”, conta Emerich, que acabou sendo designado para, em rodízio, ajudar a fazer a segurança do encontro: “Pela única vez na vida portei uma arma pesada, talvez um fuzil”, recorda. No meio da noite, porém, foi acordado pelos companheiros da AP e retirado às pressas do local. Pela manhã, mais de 200 policiais das forças da repressão cercaram o sítio e prenderam os cerca de mil estudantes da UNE. Depois disso, a entidade radicalizou. “Saí da AP em 1969, quando estava em meu último ano no seminário. Eles queriam que eu largasse tudo e entrasse na luta armada. Eu não era marxista, era um cristão, e jamais faria isso”, declara Emerich.

A antropóloga Laurie Miller, de 57 anos, era uma adolescente durante os anos de chumbo do AI-5, mas guarda para sempre as lembranças da comunidade organizada por seu pai, o pastor americano John Lawrence Miller, em Ceilândia. A localidade não passava de uma miserável cidade-satélite no entorno de Brasília. Ele seguiu o caminho da IPU e trabalhou com Jaime Wright. Em Ceilândia, construiu uma igreja de madeira. Laurie guarda cópias de textos do teólogo Richard Shaull e muito material da então nascente Ação Cristã Pró-Gente, voltada a organizar a comunidade local e instruí-la a lutar por seus direitos, em especial a posse da terra. Um dos textos divulgados pela ONG – onde Laurie ainda trabalha – àquela população no início dos anos 70 mostrava em detalhes a correlação entre a Declaração Universal dos Direitos do Homem e muitos versículos da Bíblia.
“Eu me lembro de ver o irmão de Jaime Wright, o Paulo, que era perseguido pela ditadura, escondido na casa de um dos presbíteros da igreja. Na época eu não entendia o que estava acontecendo”, diz ela, ainda na mesma congregação. Laurie relata também o estranho atropelamento sofrido em setembro de 1974 pela ex-dirigente da Mocidade Presbiteriana Willie Gammon, filha de missionários norte-americanos, que se dedicava a ajudar o trabalho comunitário. Hospitalizada, Billy, como era conhecida, chegou a telefonar para confortar seus amigos, avisando que estava bem e se já recuperava. Poucos dias depois, estava morta.

Guerra suja

O pastor Djalma Torres, de 68 anos, da Igreja Batista Nazareth, de Salvador (BA), classifica o período de vigência do AI-5 como uma época de terror. “O comportamento da Igreja Evangélica durante a ditadura militar foi lamentável. Foi mais de conivência do que de reação. A parcela que reagia, era com silêncio. E uns poucos foram para a clandestinidade, criando movimentos de resistência”, relembra, dizendo ter vivido, por ser alinhado a uma “teologia mais libertadora”, momentos de muita tensão e incerteza. Djalma diz ter acolhido “jovens insatisfeitos com a postura de conivência com o fechamento do Congresso, com a falta de liberdade” e confessa que era constante a sensação de vigilância pelos agentes da ditadura. “Olhando para todo o contexto 40 anos depois, vejo que os grupos que se enfrentaram na Igreja hoje têm muito mais respeito pelas opiniões diferentes”, ressalta.

Outro pastor, Jorge Pinheiro dos Santos, da Igreja Batista de Perdizes, em São Paulo, nem era crente na época. Estava entre os jovens que resolveram entrar para a guerrilha urbana, com o objetivo de derrubar o governo. Também jornalista, ele escreveu o livro Um Pedaço de Mim, novela de memórias, da Editora Cultural, que narra sua trajetória e o clima de medo vivido pelo país. Para Pinheiro, os que enfrentavam a ditadura – que pela sua violência estaria fadada ao fracasso e um dia iria despencar –, “estavam fazendo história”.

Em 1974, assumiu o poder o quarto general-presidente, Ernesto Geisel, substituindo Emílio Garrastazu Médici. O luterano Geisel prometia uma abertura política “lenta, gradual e segura”. No ano seguinte, a enorme repercussão da morte do jornalista comunista Wladimir Herzog nas dependências do prédio do Comando do II Exército, em São Paulo, aumentou a pressão sobre os militares. Nos Estados Unidos, em 1976, o crente batista Jimmy Carter venceria as eleições pelo Partido Democrata, criticando duramente na campanha eleitoral o apoio dos EUA a ditaduras fascistas na América Latina. Eleito, Carter passara a pressionar por abertura política no Cone Sul, onde a Argentina, o Chile, o Paraguai, o Uruguai e o Brasil viviam a chamada Guerra Suja, com a Operação Condor, que saía à caça de militantes de organizações de esquerda.

Nesse contexto, em 1978, Geisel deu fim à vigência do AI-5 e teve que segurar os cães raivosos do aparato de segurança do Estado. Era o primeiro passo para a anistia e a volta dos exilados. Mas os militares só deixariam o poder em março de 1985, após o enorme movimento popular por eleições diretas para presidente da República.

Identidade e missão

“A Igreja Evangélica cresceu naquele período, mas houve uma ruptura com sua própria história e tradição”, diz o bispo anglicano de Recife (PE) e cientista político Robinson Cavalcanti, lembrando que o antigo “destino manifesto” dos protestantes brasileiros, de trazer transformação social, democracia e desenvolvimento para o país, contrapondo-se ao atraso da Igreja Católica, se perdeu nesse processo. Ele explica que, antes do golpe de 1964, os evangélicos se dividiam em quatro grandes alas: os pentecostais, os carismáticos, os tradicionais e os ecumênicos ou liberais. Para Cavalcanti, com a violenta polarização política logo antes e durante a vigência do regime militar, todos os evangélicos perderam.
“Em apenas quatro anos, entre 1964 e 1968, o cenário protestante mudou totalmente”, continua o religioso, de 64 anos. Como resultado, diz, os pentecostais saíram fortalecidos, mas alienados, preocupando-se apenas com o Céu, sem projeto político.

Os carismáticos – em sua maioria expulsos das igrejas tradicionais – se voltaram à construção de sua própria estrutura institucional e também se alienaram da situação política do país. Os tradicionais se fecharam. “A Confederação Evangélica do Brasil acabou. Houve intervenções nos movimentos de mocidades das denominações históricas, além de autocensura entre batistas, presbiterianos, metodistas e demais grupos”, observa, sublinhando que um documento progressista da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, pedindo mudanças sociais em 1963, logo sumiu de circulação. “Já a IPB, que tinha sido a primeira denominação a formar quadros do mais alto nível, sofreu com as divisões e se alinhou ao regime militar”.

Quanto aos liberais, Cavalcanti avalia que eles também teriam se prejudicado ao adotar um “discurso social correto”, mas com uma “completa perda de ênfase na conversão ou na expansão missionária”, em decorrência de sua visão universalista. “Eles não gastariam latim com a conversão de ninguém”, lamenta o bispo anglicano. Cavalcanti aponta ainda para o surgimento, ao final da ditadura, dos “neo” ou “pseudopentecostais”, representando aí “uma ruptura total com a fé evangélica”.

Para o historiador Alderi, refletir sobre os desafios vividos pela geração do AI-5 é importante hoje. Os conflitos da época estavam relacionados a questões básicas a serem respondidas teologicamente pela igreja: identidade e missão. “Quem somos nós e para quê estamos aqui? A que viemos? O compromisso com Deus, com as Escrituras e com a Igreja se relaciona com o mundo e a sociedade. Não há respostas prontas; são perguntas às quais cada nova geração precisa responder”, conclui.

Um documento que rasgava os outros

Poder total para o chefe do Executivo, num documento que não tinha sequer um prazo de validade. Este era o cerne do Ato Institucional nº 5, imposto pela ditadura militar em 1968. Na reunião do Conselho de Segurança Nacional, no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, que decidiu calar toda voz política destoante, o então ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, não teve nenhum pudor em dizer que nem mesmo da Constituição de 1967, já sob os militares, sobrava parágrafo algum.

Nem daquela Constituição, nem dos poderes Legislativo e Judiciário ou dos direitos e garantias individuais. Um discurso do deputado Márcio Moreira Alves contra a repressão ao movimento estudantil e a invasão, pelos militares, da Universidade de Brasília, serviu de pretexto para fechar o Congresso e suspender o direito ao habeas corpus, fundamental nas democracias. Os ecos da tenebrosa reunião que soltou as feras da repressão política sobre o povo brasileiro podem ser ouvidos no site www.ims.uol.com.br – é que foi tudo gravado e entregue ao jornalista Elio Gaspari, que doou a fita ao Instituto Moreira Salles.

O clima era de terror e valia tudo em nome do objetivo de deter a ameaça comunista representada pela União Soviética e seu satélite mais próximo, a Cuba de Fidel Castro. Como efeito colateral, multiplicaram-se no Brasil as organizações clandestinas de esquerda, e só aumentou o número de jovens inconformados, que optaram pela luta armada para tentar implantar uma revolução socialista. Como queria o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, a idéia era fazer ainda “muitos Vietnãs”.

Uma teologia pela revolução

Enquanto sofria sob ditaduras de extrema direita, em um tempo em que as guerrilhas de esquerda ainda tinham apelo romântico, a América Latina viu nascer a chamada Teologia da Libertação, com foco na revolução política e com uma leitura bíblica centrada na luta de classes. Textos do frade franciscano Leonardo Boff, do dominicano peruano Gustavo Gutiérrez e do teólogo e educador Rubem Alves colocaram de cabeça para baixo os conceitos anticomunistas e influenciaram padres e pastores desencantados com uma visão mística do Reino dos Céus, voltada apenas para o pós-morte. O empolgante Jesus Cristo Libertador, de Boff, virou livro de cabeceira de muita gente.

“Não havia uma, mas várias ‘teologias da libertação’”, escreve o bispo anglicano Robinson Cavalcanti no livro Cristianismo e política, da Editora Ultimato. Ele se refere aos muitos autores que tinham em comum um alinhamento político à esquerda, a influência do marxismo e uma interpretação bem liberal das Escrituras, na tentativa de dar uma resposta política à opressão na América Latina. “A Teologia da Libertação na verdade acabou se tornando um elemento complicador na unidade dos cristãos contra a ditadura. Muitos não aprovavam sua heterodoxia e assim não somavam forças para combater o regime”, opina Cavalcanti.

Anistiados e indenizados

No mês de setembro, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça beneficiou treze religiosos católicos e protestantes, ligados a movimentos ecumênicos de oposição à ditadura militar que perdurou de 1964 a 1985. Em comum, experiências de perseguição, prisão e tortura. Muito criticado por distribuir benefícios considerados elevados a alguns ex-militantes de esquerda que pegaram em armas para derrubar o regime, o governo apenas repete uma experiência que deu certo em outros países: reconhecer os desmandos do Estado, para que não venha um dia a repeti-los. E dessa vez a comissão contemplou gente bem pacífica.

O órgão do governo analisou os casos de indenização e reparação de religiosos a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), da Conferência dos Religiosos, da Comissão de Justiça e Paz e da Igreja Metodista do Brasil. Além de uma indenização do governo por ter sido preso e torturado, o leigo Anivaldo Padilha, assim como o pastor americano Fred Morris, recebeu um pedido formal de desculpas da Igreja Metodista do Brasil pela omissão na época. A prisão de Fred, que trabalhava com o arcebispo de Recife, dom Hélder Câmara, teve grande repercussão nos Estados Unidos, em 1975.

Fonte: Cristianismo Hoje

Vaticano diz que ataque israelense afasta esperanças de paz no Oriente Médio

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou neste sábado que o bombardeio que o Exército de Israel realizou na faixa de Gaza, e que deixou pelo menos 150 mortos, afastará de novo as esperanças de paz para a região.

Após a ação militar israelense, “o ódio crescerá ainda mais e as esperanças de paz voltarão a se afastar”, disse Lombardi à rádio Vaticano.

“Certamente, será um golpe duríssimo para o Hamas. Ao mesmo tempo, é bastante provável que não faltem vítimas inocentes, e que estas sejam muitas”, disse. Lombardi afirmou que a ação militar de Israel, apesar de prevista, “impressiona por suas dimensões”, e que terá péssimas conseqüências.

Logo depois dos atentados, a comunidade internacional condenou os ataques. Os Estados Unidos, a Liga Árabe e a Europa pediram clemência em nome dos inocentes. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu clemência do movimento radical Hamas para que não aumente a escalada de violência. No entanto, em comunicado emitido pela Casa Branca, o governo chamou os radicais de terroristas.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o alto representante para Política Externa e Segurança Comum da União Européia (UE), Javier Solana, também pediram a interrupção imediata dos ataques.

O rei Abdullah da Arábia Saudita entrou em contato com o presidentes egípcio, Hosni Mubarak e o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmud Abbas, para ‘lançar uma iniciativa árabe e internacional destinada colocar fim nos ataques israelitas para salvar inocentes, mulheres e crianças

Fonte: Folha Online

Bispo proíbe bebida em festas religiosas

O bispo diocesano de Uberlândia, dom Paulo Francisco Machado, determinou a todos os párocos que, a partir de 2009, não permitam mais a venda de bebidas alcoólicas nas festas promovidas pela Igreja.

A decisão vale para nove cidades que compõem a Diocese (Uberlândia, Araguari, Tupaciguara, Monte Alegre, Araporã, Estrela do Sul, Cascalho Rico, Grupiara e Indianópolis).

“Não sou inovador, só estou trazendo para cá uma decisão que já foi tomada há muitos anos por outros bispos”, disse dom Paulo Machado. Segundo ele, cada vez mais a Igreja se vê empenhada na Pastoral da Sobriedade. “É uma incoerência nas festas vender bebidas alcoólicas e ter uma Pastoral da Sobriedade, nós deveríamos ser os primeiros a dar o exemplo de sobriedade”, afirmou.

Essa pastoral foi criada há três anos pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para trabalhar ações concretas de prevenção e recuperação da dependência química.

A integração entre as pastorais, movimentos, comunidades terapêuticas e casas de recuperação é proposta pela CNBB para, “por meio da pedagogia de Jesus-Libertador, resgatar e reinserir os excluídos, propondo uma mudança de vida através da conversão”.

“Nós sabemos que a bebida é a causa de dissolução de muitos lares, provoca muita dor, violência, não podemos admitir isso. Isso não é coisa minha, eu só estou trazendo à memória uma coisa que os bispos anteriormente já decidiram.”

Igreja quer promover a virtude da temperança

O bispo dom Paulo Machado diz que é papel da Igreja ajudar as pessoas que “não têm a virtude da temperança”. São cristãos que vivem uma vida de vício e por isso a Igreja não pode incentivar. Pelo contrário, nós incentivamos a temperança, a virtude”, disse o bispo.

Homem virtuoso é, segundo ele, livre diante do álcool. “É a pessoa que tem a liberdade de dizer que quer ou não quer, pode ou não pode beber, porque não é escrava do álcool, é esse equilíbrio que a Igreja deve promover”, afirmou.

A virtude da temperança é considerada pela Igreja como virtude cardeal, que diz respeito ao comportamento do cristão.

São as virtudes morais, que segundo a Igreja levam uma pessoa a escolher entre o bem e o mal. É sobre esta prudência que Jesus fala no Evangelho: “Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como a serpente e simples como as pombas” (São Mateus 10:16) e também: “Quem julgas que é o servo fiel e prudente, a quem o seu senhor constituiu sobre a sua família, para lhe distribuir de comer a tempo?” (São Mateus 24:45).

Bebidas: medida compromete vendas, mas não há oposição

Assunto é tabu entre organizadores de festas em paróquias uberlandenses que evitam o assunto sobre a orientação do bispo diocesano, dom Paulo Francisco Machado, de não permitir a comercialização de bebidas alcoólicas em festividades promovidas pelas comunidades católicas. A maioria afirmou que não tomou conhecimento dessa determinação eclesiástica.

No entanto, para o construtor Norman Mendes Colares, que ajuda na organização das festas promovidas pela Paróquia Nossa Senhora das Dores, com barraquinhas na praça Coronel Carneiro, a medida deverá afetar as vendas durante os eventos religiosos. “Acho que o movimento vai cair mais da metade. Para vender espetinho tem que ser acompanhado com uma cervejinha. O intuito é arrecadar para a própria Igreja. A mais afetada vai ser a Igreja”, disse.

Para a empresária e fiel Mara Rúbia de Ávila, o veto à bebida alcoólica é uma atitude coerente do clero uberlandense. “A Igreja tem a função e a missão de tirar as pessoas do alcoolismo. É contraditório vender bebida em festa da Igreja.”

Fonte: Correio de Uberlândia

Hugo Chávez diz que cardeal que criticou reeleição é ‘imoral’

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, qualificou de “imoral” o cardeal venezuelano Jorge Urosa, e disse que ele “deveria tirar a batina e virar político”, ao responder a críticas do prelado contra a emenda constitucional promovida pelo governo.

“Se Cristo aparecesse aqui em carne e osso, açoitaria Urosa, o tiraria da Igreja, porque é imoral”, disse Chávez. Um comunicado do palácio de governo informa que ele fez as declarações nesta sexta-feira durante uma participação no programa noturno de opinião “Contra Golpe”, transmitido pela estatal “Venezolana de Televisión.”

Urosa expressou que, “nunca, na Venezuela, a reeleição indefinida” presidencial teve êxito, a qual o partido governista Assembléia Nacional (AN), a pedido do líder, pretende instaurar por meio de uma emenda constitucional que será submetida a referendo popular em fevereiro.

O religioso concordou com a oposição em que a emenda seria ilegal, já que o assunto da reeleição presidencial ilimitada esteve incluído na ampla reforma constitucional apresentada por Chávez em 2007 e foi rejeitado pelo povo nas urnas.

“Não há nenhuma violação à Constituição e ele (Urosa) sabe (…), é lamentável que um hierarca da Igreja, utilizando sua posição, tente manipular mentindo. Ele sabe que é muito diferente a reforma que foi apresentada há um ano da emenda que está sendo apresentada agora”, destacou o chefe de Estado.

O projeto de emenda para a reeleição presidencial ilimitada será aprovado em segunda discussão legislativa pela maioria governista da AN, e Chávez espera que o Poder Eleitoral o submeta a referendo popular em fevereiro de 2009.

Fonte: EFE

Líder católico britânico diz que crise destruiu confiança da sociedade

O primaz católico da Inglaterra e do País de Gales, cardeal Cormac Murphy-O’Connor, disse que a crise financeira causou o “desmoronamento” da confiança da sociedade e que a economia de mercado deve ser guiada pela moral.

O cardeal fez as declarações, segundo a imprensa britânica, durante a tradicional Missa do Galo celebrada na noite do dia 24 na catedral de Westminster, em Londres.

Ele criticou também as instituições financeiras por decepcionar milhões de pessoas, que agora se sentem “muito preocupadas” com seu futuro e com o de suas famílias.

“A cristandade nem condena, nem canoniza a economia de mercado. Pode ser um elemento essencial na gestão dos assuntos humanos. No entanto, devemos lembrar que se trata de um sistema dirigido por pessoas, não uma força cega, como a gravidade”, afirmou.

Durante a celebração, o primaz católico indicou que “aqueles operam no mercado têm a obrigação de atuar de modo a promover o bem comum, não só de modo a promoverem os interesses de certos grupos”.

Após admitir que não é um “especialista” em economia, o arcebispo de Westminster destacou que não se pode “ignorar as conseqüências prejudiciais dos voláteis mercados financeiros” nos seres humanos.

“A economia de mercado só funcionará justamente se tem um propósito moral subjacente”, afirmou, segundo imprensa britânica.

Em outubro deste ano, o papa Bento 16 afirmou que a crise financeira mundial demonstra a futilidade do sucesso e do dinheiro, e pediu que as pessoas cimentassem a vida sobre a “rocha” da palavra divina. “A palavra de Deus, mais que qualquer outra palavra, é o fundamento de tudo, a autêntica realidade. Você se equivoca se pensa que a matéria, as coisas sólidas que podemos tocar, são a realidade mais segura”, disse à época.

Outro líder religioso a se manifestar sobre a crise foi o mufti (chefe religioso muçulmano) Abdul Aziz al Sheikh; no início deste mês, ele disse que a crise financeira global aconteceu porque o homem ignorou as leis de Deus, permitindo a usura –cobrança de juros– proibida pelo islã.

“Hoje nós assistimos a essa crise financeira se espalhar, enquanto empresas e bancos vão à falência’, disse. “Este é o resultado quando os homens ignoram as leis de Deus. Os muçulmanos precisam se guiar pelas leis de Deus, e construir suas economias de acordo com elas.”

Bancos do mundo árabe que operam de acordo com a Sharia (lei islâmica) evitam cobrar juros sobre os empréstimos, vistos como pecado pelos muçulmanos.

Fonte: Folha Online

Líder ortodoxo pede que russos superem crise financeira

O metropolita Kiril, o líder provisório da Igreja Ortodoxa Russa (IOR), felicitou os russos por ocasião do Ano Novo, e desejou que eles superem a crise financeira e conservem seu nível de vida em 2009.

“Deus permita que as difíceis circunstâncias, em particular na economia, não reduzam o nível de vida de nossa gente”, declarou Kiril, guardião do trono da Igreja Ortodoxa após a morte do patriarca Alexei II.

O líder religioso falou também sobre os temores de protestos em massa da população devido às crescentes dificuldades econômicas na Rússia, e pediu que a crise “não altere o atual estado bastante consolidado da sociedade”.

Além disso, desejou que 2009 “seja o ano de solução de todos estes problemas”, mas lembrou que a felicidade depende não só dos “bens materiais”, e sim também dos “fatores espirituais, que determinam o estado da alma e trazem o conforto interno”.

“A economia pode ser mais ou menos desenvolvida, as condições de vida podem ser mais ou menos confortáveis, mas a qualidade da vida do homem é definida pelo estado de sua alma: se no coração reina a paz e a alegria, aí está a felicidade”, ressaltou.

Fonte: EFE

Iêmen critica decisão dos EUA de recorrer de absolvição de 2 religiosos

O Iêmen mostrou sua “profunda frustração” com a decisão das autoridades dos Estados Unidos de apelar de uma recente sentença de absolvição de dois religiosos iemenitas presos por terrorismo na prisão americana de Guantánamo, em Cuba.

“Esta apelação não se ajusta à natureza das relações entre ambos os países (EUA e Iêmen) nem aos esforços comuns para combater o terrorismo”, disse uma fonte do Ministério de Exteriores iemenita.

A fonte se referia à apelação das autoridades dos EUA contra uma sentença emitida por um tribunal de Nova York a favor do imame Mohammed al-Moayad e seu assistente Mohammed Zayed.

Estes dois religiosos iemenitas tinham sido detidos na Alemanha em 2003 e levados aos EUA, onde, em 2005, Moayad foi condenado a 75 anos de prisão e Zayed a 45 por contribuir ao financiamento da rede terrorista Al Qaeda.

O tribunal de Nova York, no entanto, considerou que não havia evidências para acusá-los, e declarou que era inaceitável que os dois clérigos, que estão confinados em Guantánamo, continuem presos.

Fonte: EFE

Regulamentações dificultam a legalização de Igrejas Protestantes

Na cidade de Samsun, na costa ao norte da Turquia, a congregação da Associação da Igreja Ágape esta cercada e resiste à hostilidade islâmica contra sua presença.

Nos últimos três anos, os membros da igreja Ágape têm suportado abusos verbais e alegações falsas da parte de vizinhos nacionalistas e muçulmanos.

O pastor recebeu ameaças de morte e o edifício da igreja foi alvo de vandalismos, tudo numa tentativa de impedir aproximadamente 30 cristãos de fazerem uma reunião.

As autoridades locais também tomaram parte na oposição contra a igreja, ameaçando-a com ações legais baseadas em acusações falsas.

Apesar de ser uma “associação”, status que permite alguma proteção legal, a Igreja Ágape foi ameaçada com um processo, devido ao fato de seus membros penduraram nas paredes da igreja alguns versículos das Escrituras e uma cruz.

A secretaria provincial de Associações inspecionou o prédio e ordenou que retirassem os artigos, porque eles faziam as salas alugadas parecerem uma igreja.

“Não mudamos a decoração, pois ter uma cruz ou versículos nas paredes não é crime”, disse Orhan Picaklar, pastor da igreja. “Se assim fosse, então associações muçulmanas teriam de retirar suas decorações: versos do Alcorão, bênçãos e imagens da caaba em Meca. Não alteramos nada”.

Atitude discriminatória

Foi esse tipo de perseguição que levou a Aliança das Igrejas Protestantes da Turquia a escrever seu último relatório, publicado no mês passado. A Aliança, fundada em 1989, representa 34 igrejas por toda a Turquia e atua como um grupo de suporte e apoio legal.

O relatório foca as obstruções legais infundadas que as congregações cristãs têm enfrentado na hora de construir prédios de igrejas. Os autores do relatório disseram ao jornal Compass que as congregações não deveriam, em princípio, ter de se reunir como “associação”, uma vez que a lei proporciona, pelo menos teoricamente, a possibilidade de se estabelecer “lugares de culto”.

Segundo o relatório, o fato de as igrejas terem de se cadastrar como associações é, na verdade, uma atitude essencialmente discriminatória.

“Um lugar de culto para grupos religiosos é de importância crucial; eles precisam desses lugares de culto para sobreviver e se desenvolver”, disse um membro do comitê legal da Aliança.

“O processo para tornar-se um lugar de culto, apesar de legalmente possível, é, na prática, quase impossível. Por causa disso, percebemos a necessidade de discutir esse assunto. Gostaríamos de trazer o assunto à atenção de entidades nacionais e internacionais”.

O Estatuto 3194 de Assuntos Públicos, de 2003, que regulamenta a construção de prédios para fins religiosos, recebeu emenda devido às pressões da União Européia. A regulamentação revisada usa atualmente a frase “lugares de culto” em lugar de “mesquitas”. Isso levou os cristãos a solicitar a alteração do status de suas igrejas, que antes eram cadastradas como “escritórios”, “residências” e “depósitos”.

Essa mudança na lei abriu caminho para que esses lugares de culto cristãos pudessem ser “re-zoneados” e registrados legalmente como igrejas.

Mudança impossível

No entanto, as solicitações para mudança de status têm sido até agora, rejeitadas pelas municipalidades alegando-se várias razões.

A igreja protestante Besiktas está esperando o resultado da solicitação que fez para mudar seu status. Nenhuma igreja jamais teve este tipo de pedido atendido.

“Todos os documentos foram entregues há dois anos; mas a resposta simplesmente não chega”, disse um membro da igreja Besiktas. “Não querem dar a decisão. O fato de um grupo conseguir que um prédio comum receba um novo zoneamento seria um precedente que realmente não desejam ver”.

“O governo recomenda isso: ele quer que as igrejas se tornem associações”, disse o membro da igreja Besiktas. “Podemos muito bem fazer isso”.

Apesar de esse ser um grande passo na luta das igrejas da Turquia para alcançar legitimidade, o fato de estarem registradas como associações não as livra de perseguições e maus-tratos.

“Estar organizado como associação não muda o zoneamento do prédio”, disse um membro da igreja Besiktas. Somente recebendo o status legal de “lugar de culto” a celebração de um culto se tornaria legal. “Só assim você celebrará cultos em um lugar separado para esse propósito”.

Além da igreja Besiktas, o relatório da Aliança também cita os casos de mais quatro outras congregações ameaçadas de fechamento devido a processos baseados em violação das leis de zoneamento. É esse tipo de perseguição que as congregações têm esperança de prevenir com a mudança da classificação de seus prédios.

Quatro outras congregações tiveram suas petições para construir “lugares de culto” rejeitados; em cada um dos casos as autoridades disseram que não havia um local adequado disponível.

Fonte: Portas Abertas

Ads
- Publicidade -
-Publicidade-