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Igreja adverte sacerdotes sobre pedofilia

O cardeal Norberto Rivera, primaz arcebispo do México, entregou um documento com advertências sobre o risco de condutas relacionadas à pedofilia a sacerdotes de sua diocese.

O semanário informativo da arquidiocese da Cidade do México, Desde la Fe, publicou o informe, denominado “Critérios da Arquidiocese em relação a comportamentos inadequados por parte de clérigos”.

O folheto adverte sobre os motivos pelos quais os “maus sacerdotes” podem ser consignados pelas autoridades, bem como sobre as sanções civis e eclesiásticas aplicadas àqueles que realizem “atos inadequados”.

Também informa sobre as sanções estabelecidas pelos códigos penais federal e local, e a respeito do direito canônico que rege a Igreja Católica, para “atos que põem em risco a integridade das pessoas”.

A publicação explica ainda os requisitos de comportamento que devem ser observados pelos clérigos que provenham de outras dioceses para exercer seu ministério no Distrito Federal mexicano. (ANSA)

Fonte: Ansa

Começa audiência sobre guarda de crianças de seita no Texas

Centenas de pessoas se reuniram nesta segunda-feira no Texas na primeira audiência do julgamento para determinar o destino das 463 crianças resgatadas em abril de uma seita poligâmica e que estão sob guarda estadual.

As mães foram as protagonistas desta audiência à qual compareceram para pedir a custódia de seus filhos.

Elas usavam os típicos vestidos monocromáticos de manga longa, sem decote e com saia até os pés, seguindo as normas de simplicidade impostas pela seita.

Este é o maior caso de tutela infantil na história dos Estados Unidos, no qual as autoridades tiveram que intervir para resgatar as crianças que permaneciam reclusas em um rancho da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS, na sigla em inglês).

Os membros desta seita, grupo dissidente da Igreja Mórmon que pratica a poligamia como via para chegar ao céu, negaram que tenham abusado das crianças e se queixaram da pressão das autoridades para que abandonem suas crenças com o fim de recuperar seus filhos.

Cinco juízes serão os encarregados de ouvir os depoimentos das crianças, assim como as alegações dos mais de cem pais envolvidos no caso. As audiências devem terminar no dia 4 de junho.

Seita

A seita foi acusada no Arizona e em Utah de coagir adolescentes para que se casem com homens mais velhos.

O próprio líder do grupo, Warren Jeffs, teve que comparecer perante a Justiça no ano passado, acusado de pressionar uma menina de 14 anos a se casar com seu primo. Um dos depoimentos ouvidos hoje foi o do filho de seis anos de Jeffs.

Um dos assistentes sociais disse ao juiz que a criança não tinha sofrido qualquer abuso mental ou sexual enquanto viveu com sua mãe no rancho do Texas.

Na audiência sobre o caso, a juíza Barbara Walther determinou que era imprescindível estabelecer os laços consangüíneos para poder decidir o futuro dos menores.

Por enquanto foram identificadas 168 mães e 69 pais, mas ainda não pôde ser especificado quem são os pais de mais de 100 crianças.

As autoridades do Texas insistem em manter a guarda dos menores, por considerar que a organização poligâmica incita as jovens com menos de 18 anos a se casar com homens muito mais velhos e a ter a maior quantidade de filhos possíveis.

Fonte: Folha Online

EL PAÍS: Padre conta os segredos do trabalho de exorcista

José Antonio Fortea, um dos cinco exorcistas da Igreja Católica na Espanha, publica uma “Summa Daemoniaca” com segredos de um ofício que os bispos mantêm oculto. “Se não sair em três horas, é preciso deixar para outro dia.” Refere-se o padre aos demônios.

O padre José Antonio Fortea fala do diabo e dos demais demônios com uma familiaridade espantosa. Sempre a sério, com a razão à frente, cheio de experiências. Os descrentes, no início, têm a tentação de zombar, e os crentes não dão crédito. Ouvindo-o, a razão e a fé se comportam como os dois pratos de uma balança: na medida em que uma sobe, a outra desce.

Há testemunhos de como padre Fortea discute com o diabo, inclusive gravações em vídeo. Alguns contam com espanto, negando-se a acreditar; outros, com a fé do carvoeiro. Quem veio para descobrir o segredo do truque desistiu de buscar explicações. Nem acredita nem deixa de acreditar. Simplesmente não sai do assombro.

Na Espanha atuam cinco exorcistas. Os bispos guardam os nomes em segredo. Mas o padre Fortea é público e notório (no site www.fortea.es expõe uma galeria de livros, fotografias e opiniões, com grande visibilidade). E sabe onde estão os outros exorcistas, aos quais envia os casos que lhes correspondam.

O ofício do exorcista católico tenta ser rigoroso, como certifica o Vaticano, que organiza cursos para preparar sacerdotes “para expulsar espíritos malignos daqueles possuídos pelo demônio”. As aulas duram dois meses e se desenvolvem no prestigioso Ateneo Pontificio Regina Apostolorum. As lições são sobre a antropologia do satanismo e a possessão diabólica, e sobre o contexto histórico e bíblico. A notícia do último seminário foi divulgada pela BBC de Londres.

O padre Fortea veste batina com um duro colarinho branco, estudou teologia na Universidade de Navarra e é pároco de Anchuelo, um povoado de 700 habitantes nas proximidades de Alcalá de Henares. Seu bispo o enviou para lá para que tivesse mais tempo de escrever livros e dar conferências. O prelado auxiliar de Madri e porta-voz da Conferência Episcopal, Juan Antonio Martínez Camino, dirigiu sua tese na faculdade de teologia da Pontifícia Universidade Católica de Comillas. Intitula-se “O Exorcismo na Época Atual”. O sábio teólogo são Tomás de Aquino escreveu a “Suma Teológica”. O padre Fortea publica agora sua “Summa Daemoniaca”, um tratado completo de demonologia (editado na Espanha pela La Esfera de los Libros). Entre seus outros livros há um que se intitula “Exorcística”, um manual de uso imprescindível por seus colegas.

O aspecto de Fortea é o de um padre da Opus Dei. De aparência tímida, voz contida, mas firme nos princípios, quase desafiador, fala com a segurança dos convictos, inclusive sobre as reticências de seus superiores pelo fato de ele sair tanto na mídia. Nasceu na mesma cidade que são Josemaría Escrivá [o fundador da Opus Dei], Barbastro (Huesca), em 1968. Mas não. “Não sou da Opus Dei, nunca fui. Fui a Navarra porque sua faculdade de teologia é uma das melhores do mundo, e em seu seminário havia uma grande vida espiritual. Sabia que sempre me considerariam da Opus Dei por ter ido, mas não me importava. O importante era me formar bem”, afirma.

Há uma sessão de exorcismo concreta, precisa, reiterada, com nomes e sobrenomes, que o mergulha em angústia e intermináveis orações. Ele a relata verbalmente, e está narrada no livro que publica agora. Trata-se de Marta, um caso de possessão demoníaca, segundo o diagnóstico do exorcista.

Marta era uma universitária “quando apareceram os primeiros sinais de possessão: transes, convulsões, conhecimento de línguas por ela desconhecidas, aversão ao sagrado, etc. Em três ocasiões chegou a levitar. Nem sua mãe nem eu temos a menor dúvida sobre o caráter sobrenatural do que ela sofria”, diz Fortea.

O escritor Lorenzo Silva, que viu Fortea “lutar contra o Inimigo”, resume: “A cena é poderosa. Um possesso agitando-se e gritando todo tipo de blasfêmias com voz horrenda, e o exorcista tranqüilo, rezando seus latins e conjurando o demônio a que diga como entrou e a sair do infeliz. É só isso, oração durante horas. Não mais de três por sessão. Se com três horas não sair, é preciso deixar para outro dia.”

Passaram cinco anos e Marta continua possuída. “Cinco anos de orações, à razão de mais de três horas semanais em média, é algo que acaba com a paciência de qualquer um”, reconhece o padre Fortea. Confia em vencer o demônio e que Marta voltará a ser como foi. Já liberou outros possuídos, pelo menos quatro. Muitas outras pessoas que parecem possuídas ele enviou para o psiquiatra ou a previdência social. Mas nunca lhe falta trabalho. “Sim, sempre há casos. O último foi na semana passada. Mas não significa que toda semana haja casos novos. Há três ou quatro novos por ano. E alguns exigem orações durante meses”, disse na última quinta-feira.

“Nas sessões saem muitos demônios”, diz Fortea. É que há demônios e demônios. Satã é o mais poderoso -o Novo Testamento o chama de Diabo-, mas também Belzebu, Lúcifer, Lilith… “Cada demônio pecou com uma intensidade determinada, isso se vê claramente nos exorcismos. Há alguns demônios que pecam mais por ira; outros por egolatria; outros por desespero. Há os falantes, há os mais arrogantes; em um brilha de modo especial a soberba, no outro o pecado do ódio. Embora todos tenham se afastado de Deus, alguns são mais maus que outros.”

Apesar de suas relações com os demônios, Fortea concorda com o papa em que o inferno, como lugar concreto, não existe. Não é que compartilhe a afirmação de Schopenhauer -“o inferno é o mundo”- ou a de Sartre -“o inferno são os outros”-, mas quase. “O que são os campos de concentração senão o inferno? Grandes demônios Hitler e o doutor Mengele, por exemplo. O inferno é viver a ausência de Deus. Mas Deus tem de ser justo. Não pode não acontecer nada. O inferno é uma necessidade de justiça”, diz. Sobre outros assuntos pode sair pela tangente. Afinal, “até Deus, às vezes, gosta de não ser sério; às vezes tem um senso de humor incrível”.

Um dia na vida de José Antonio Fortea lembra a rígida divisão horária de “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco, um de seus romances preferidos. Solitário e austero, em um quarto escuro, rodeado de livros, muitos livros, o jovem exorcista de Alcalá de Henares começa o dia com a oração de laudes, toma o desjejum, escreve até o meio-dia -“livros de teologia ou novelas”-, reza, vai à paróquia (de manhã e à tarde) para atender às pessoas que o procuram, volta a rezar, almoça em casa enquanto vê reportagens do Canal História, joga uma partida de xadrez, reza de novo, escuta música clássica ou de bandas sonoras, janta vendo mais reportagens ou um filme -“vejo aos pedaços, só meia hora em cada jantar”-, e antes de deitar-se reza outra vez, lê a Bíblia e faz o exame de consciência. “Para inveja dos insones, adormeço em três minutos. E lembro o que sonhei cada noite, com toda a clareza.”

Fonte: El País

Permanência de crucifixo nos tribunais brasileiros já foi motivo de polêmica

Instalado na maioria dos tribunais, dos de primeira instância ao Supremo Tribunal Federal, o crucifixo, que simboliza os últimos momentos de Jesus na cruz, dividiu juízes em todo o país.

Os defensores da idéia de que o adorno deveria ser retirado dos tribunais argumentavam que o Estado brasileiro é laico e que a presença do crucifixo causaria constrangimento aos que não professam o catolicismo ou qualquer outra religião de fundamento cristão.

Já os que defendem a presença sustentavam que a ostentação do crucifixo está em consonância com a fé da grande maioria da população e que não há registro de usuário da Justiça que diga ter sido constrangido pela presença do símbolo religioso em uma sala de audiência.

Por fim, o Conselho Nacional de Justiça rejeitou o pedido de proibição de crucifixos nas dependências de tribunais. A maioria dos conselheiros disse que a tradição não fere a laicidade do Estado. O pedido de retirada havia sido feito em nome da ONG Brasil para Todos.

Juízes católicos

Além das associações de juízes espíritas, existe no Brasil outras associações de juristas católicos.
O objetivo da União Paulista de Juristas Católicos, segundo o grupo, é “estudar as questões jurídicas à luz de ensinamentos cristãos”.

Fundada em 1994 por sugestão da “Union Internationale des Juristes Catholiques”, de Roma, a União dos Juristas Católicos do Rio de Janeiro diz ter por finalidade “contribuir para a presença da ética católica na ciência jurídica e na atividade judiciária” brasileira.

Entre os diversos grupos de trabalho, estão os que condenam a pena de morte, a adoção por casais homossexuais, a eutanásia e defendem o ensino religioso.

Fonte: Folha de São Paulo

Padre é preso suspeito de pedofilia

Um padre foi preso sob suspeita de pedofilia em Peçanha, Minas Gerais. Pelo menos três adolescentes teriam sido vítimas de Marcílio A M, 37 anos. Há quatro anos na cidade, o padre era investigado há desde 2006.

Segundo um promotor de Justiça, a denúncia foi feita por mães de adolescentes que teriam sofrido abuso e por uma testemunha que trabalhou na igreja.

Fonte: Última Hora

Show gospel pretende reunir 30 mil em Abreu e Lima

Um dos grandes expoentes da música evangélica brasileira da atualidade faz show nesta segunda-feira (19), a partir das 20h, em frente ao Fórum de Justiça, no Centro de Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife.

Kléber Lucas, cujas canções falam sobre perdão, misericórdia, amor e paz, vai apresentar o mais recente CD – Comunhão – aos fiéis da cidade considerada uma das maiores em número de evangélicos no País.

Conhecido por cantar duas das canções gospel mais conhecidas no momento, Aos pés da cruz e Deus cuida de mim, Kléber Lucas, de 40 anos, começou sua carreira cantando no coral da Igreja Nova Vida de Niterói, no Rio de Janeiro, onde nasceu. Ele lançou o primeiro CD há 20 anos e já reúne sete trabalhos.

O cantor gospel promete emocionar o público com suas letras poéticas e de conteúdo bíblico. De acordo com a organização do evento, a expectativa é de que 30 mil pessoas compareçam ao evento, que integra as comemorações dos 26 anos de emancipação política de Abreu e Lima.

Fonte: JC Online

Partido iraquiano pede punição a soldado que utilizou Corão como alvo de tiro

O Partido Islâmico do Iraque exigiu hoje uma punição exemplar para o soldado americano que utilizou uma cópia do Corão, livro sagrado dos muçulmanos, como alvo de tiro em seu treinamento.

O partido sunita mais importante do Iraque, liderado pelo vice-presidente do país, Tariq Al-Hashimi, mostrou em comunicado sua “consternação e ressentimento” acerca dos fatos ocorridos no campo de tiro de Radwaniya (45 quilômetros ao sul de Bagdá).

“Pedimos a pena mais dura para este soldado, para que seu caso sirva de exemplo para outros que possam cometer atos parecidos”, explicou no texto a legenda.

O Partido Islâmico também exigiu ao Governo do xiita Nouri al-Maliki que tome medidas contra este crime, que afirmou representar um “insulto aos muçulmanos”.

O soldado franco-atirador acusado de ter utilizado uma cópia do Corão como alvo de tiro para treinar foi expulso de sua unidade e enviado de volta aos EUA.

O comando militar americano no Iraque, Jeffrey Hammond, se desculpou oficialmente com os chefes tribais sunitas.

Segundo a imprensa iraquiana, houve registro de protestos nas imediações da base militar de Radwaniya, coincidindo com a visita de uma delegação norte-americana que se dirigia ao local com a finalidade de oferecer suas desculpas.

Um porta-voz do Exército dos EUA, Bill Buckner, declarou que será iniciada uma investigação, e assegurou que “as tropas americanas respeitam o Islã e o sagrado Corão”.

Por sua parte, a Associação de Ulemás Muçulmanos, a instituição sunita mais importante do Iraque, condenou os fatos e advertiu que se este soldado não sofresse uma punição dura, o acontecimento poderia se repetir, inclusive para ser utilizado pelos soldados como desculpa para voltar para casa.

Fonte: Último Segundo

Congresso analisa projeto que veta psicografia em processos

Polêmica no meio jurídico, cartas psicografadas por médiuns espíritas, alguns consagrados, como Chico Xavier (morto em 2002), já foram usadas em diversos julgamentos em casos de homicídios para inocentar réus.

Atribuídas às vítimas, as supostas psicografias foram usadas no tribunal do júri, onde os jurados não fundamentam seus votos, o que dificulta uma avaliação sobre a influência dos textos na absolvição.

A Folha levantou ao menos quatro casos, o mais recente de maio de 2006, num caso ocorrido em Viamão (região metropolitana de Porto Alegre).

Por 5 votos a 2, o júri inocentou Iara Marques Barcelos da acusação de mandante de homicídio. No julgamento, o advogado Lúcio de Constantino leu as cartas psicografadas no tribunal como estratégia de defesa para absolver a cliente da acusação de encomendar a morte do tabelião Ercy da Silva Cardoso. Os documentos foram aceitos porque foram apresentados em tempo legal e o Ministério Público não pediu a impugnação deles.

Não constava das cartas, psicografadas por Jorge José Santa Maria, da Sociedade Beneficente Espírita Amor e Luz, o suposta autoria real do crime.

Em outro caso polêmico, ocorrido em março de 1980 no Mato Grosso do Sul, José Francisco Marcondes de Deus, condenado pela morte da mulher, Cleide Maria Dutra de Deus, ex-miss Campo Grande, teve a pena prescrita após a apresentação de um recurso fundamentado numa suposta psicografia feita por Chico Xavier.

O juiz aposentado Orimar Bastos, que já decidiu com base em suposta prova psicografada, diz que a psicografia “pode ser levada em consideração desde que esteja em harmonia com o conjunto de outra provas”.

Tramita no Câmara um projeto de lei, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, que altera o Código de Processo Penal de forma a proibir expressamente o uso de psicografia como prova criminal.

“[A psicografia] tem provocado inquietude na comunidade jurídica em razão da validade ou não do material”, questiona o deputado licenciado Robson Lemos Rodovalho (DEM-DF), da bancada evangélica no Congresso.

“É um documento como outro qualquer”, diz Alexandre Azevedo, juiz-auxiliar da presidência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Fonte: Folha de São Paulo

Influência religiosa deturpa Estado de Direito, diz jurista

Juristas e teóricos do direito consultados pela Folha dizem ver uma “deturpação” do Estado democrático de Direito na medida em que decisões judiciais são fundamentadas ou contaminadas por valores ou critérios religiosos.

Para Dalmo de Abreu Dallari, professor aposentado da Faculdade de Direito da USP, e autor dos livros “O Poder dos Juízes” e “O Futuro do Estado”, “o uso de psicografia é claramente ilegal”.
“Não há o reconhecimento disso no sistema jurídico brasileiro. Se isso for a prova, o julgamento é nulo. Não pode”, diz.

Um dos maiores teóricos do direito brasileiro, Marcelo Neves, professor de teoria do Estado da USP e de teoria do direito do doutorado da PUC, diz haver uma “descaracterização dos princípios do Estado constitucional moderno” na aplicação de valores espíritas no dia-a-dia do Poder Judiciário.

Estado laico

“Não se podem definir posições sobre casos jurídicos a partir de uma percepção religiosa do mundo. A partir do momento em que esses magistrados não conseguem se desvincular é um problema gravíssimo para o Estado de Direito, que parte do princípio de ser um Estado laico e que posições religiosas diversas não podem ser determinantes no processo de decisão jurisdicional”, afirma Marcelo Neves.

Para Dallari, a associação de juízes espíritas é “exercício de cidadania”. “Os juízes têm plena liberdade religiosa como todos os demais cidadãos, como têm o direito de associação.”

Mas, segundo o jurista, “se isso interferir no desempenho da função jurisdicional, aí, sim, se torna ilegal e ofende a laicidade”. “Nunca tive notícia de juízes espíritas.”

Segundo Neves, o uso de psicografia nos tribunais “é um perigo” e só tem significado nos campos religioso e pessoal.

“Isso não pode passar para o plano jurídico porque realmente é uma interferência destrutiva da consistência do Estado democrático de Direito.”

“Não existe amparo legal na utilização do sobrenatural”, completa Dallari.

Vontade funcional

Para Walter Nunes da Silva Júnior, presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), os juízes, como Estado, “manifestam não uma vontade pessoal, mas uma vontade funcional”.

“Escorar uma decisão com base numa prova psicografada não tem ressonância no mundo jurídico. É indevida uma decisão que se embasa na psicografia, que cientificamente não é comprovada”, diz .

“A constituição do Estado democrático de Direito fica totalmente prejudicada, principalmente pela pluralidade religiosa. Num mundo de pluralidade religiosa cada vez maior hoje é que tem que haver maior distância do Estado constitucional em relação aos particularismos religiosos”, diz Neves.

Livros como “A Filosofia Penal dos Espíritas”, “Pena de Morte e Crimes Hediondos à Luz do Espiritismo” e “A Psicografia ante os Tribunais” já foram lançados no mercado jurídico-espírita.

Fonte: Folha de São Paulo

Juristas vêem “deturpação” do Estado democrático de Direito

Juristas e teóricos do direito consultados pela Folha dizem ver uma “deturpação” do Estado democrático de Direito na medida em que decisões judiciais são fundamentadas ou contaminadas por valores ou critérios religiosos.

Para Dalmo de Abreu Dallari, professor aposentado da Faculdade de Direito da USP, e autor dos livros “O Poder dos Juízes” e “O Futuro do Estado”, “o uso de psicografia é claramente ilegal”.

“Não há o reconhecimento disso no sistema jurídico brasileiro. Se isso for a prova o julgamento é nulo. Não pode”, diz.

Um dos maiores teóricos do direito brasileiro, Marcelo Neves, professor de teoria do Estado da USP e de teoria do direito do doutorado da PUC, diz haver uma “descaracterização dos princípios do Estado constitucional moderno” na aplicação de valores espíritas no dia-a-dia do Poder Judiciário.

“Não podem se definir posições sobre casos jurídicos a partir de uma percepção religiosa do mundo. A partir do momento que esses magistrados não conseguem se desvincular é um problema gravíssimo para o Estado de Direito, que parte do princípio de ser um Estado laico e que posições religiosas diversas não podem ser determinantes no processo de decisão jurisdicional”, afirma Marcelo Neves.

Cidadania

Para Dallari, a associação de juízes espíritas é “exercício de cidadania”. “Os juízes têm plena liberdade religiosa como todos os demais cidadãos, como têm o direito de associação.”

Mas, segundo o jurista, “se isso interferir no desempenho da função jurisdicional, aí sim se torna ilegal e ofende a laicidade”. “Nunca tive notícia de juízes espíritas.”

Segundo Neves, o uso de psicografia nos tribunais “é um perigo” e só tem significado nos campos religioso e pessoal.

“Isso não pode passar para o plano jurídico porque realmente é uma interferência destrutiva da consistência do Estado democrático de Direito.”

“Não existe amparo legal na utilização do sobrenatural”, completa Dallari.

“Escorar uma decisão com base numa prova psicografada não tem ressonância no mundo jurídico. É indevida uma decisão que se embasa na psicografia, que cientificamente não é comprovada”, diz Walter Nunes da Silva Júnior, presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil).

Livros como “A Filosofia Penal dos Espíritas” e “A Psicografia ante os Tribuanais” já foram lançados no meio jurídico-espírita.

Fonte: Folha de São Paulo

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