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Conselho apóia arquivamento de projeto sobre nudez na TV

Os integrantes do Conselho de Comunicação Social manifestaram-se favoráveis ao arquivamento do Projeto de Lei 5040/01, que classifica como crime a exibição, em qualquer horário, de cena de nudismo ou de relações sexuais em programa ou em anúncio veiculado por emissora de TV aberta.

O colegiado seguiu recomendação da conselheira Berenice Isabel Mendes Bezerra, que analisou a matéria a pedido da deputada Luiza Erundina (PSB-SP).

O parecer, no entanto, não foi votado porque a conselheira fará algumas modificações no texto, conforme sugestões que recebeu.

O conselheiro Paulo Camargo, por exemplo, criticou o trecho que reclama da falta de regulamentação do artigo 221 da Constituição, que trata do controle social dos meios de comunicação. Camargo afirmou que muitos doutrinadores acreditam que não é preciso regulamentar esse dispositivo para que ele tenha validade.

Outro ponto do parecer que deve ser alterado se refere ao alcance do projeto. O conselheiro Paulo Machado de Carvalho advertiu que é preciso inserir no relatório alguma referência à TV por assinatura, já que ele se refere apenas à TV aberta.

O parecer reformulado deve ser votado na próxima reunião do Conselho, que ainda não tem data marcada.

Fonte: Última Instância

Padre colombiano diz ter filha diante das câmeras de TV

O sacerdote Fabio Osorio renunciou à batina durante um programa de TV, ao anunciar que tem uma filha de 14 meses e que foi ameaçado de morte.

“Minha vida afetiva e sexual, próprias da natureza do homem, não me permitem manter o celibato com toda responsabilidade e fidelidade com que fiz meus votos à Madre Igreja”, disse o sacerdote ao ler uma carta dirigida ao arcebispo de Bucaramanga, monsenhor Víctor López Forero.

Depois de lê-la, o religioso, que estava há 15 anos no sacerdócio, tirou a estola na frente dos telespectadores do programa “De frente con Alvaro Alférez”, transmitido por um canal do nordeste do país.

Atualmente Osorio era o encarregado de lidar com temas sociais na arquidiocese de Bucaramanga.

Sobre as ameaças, o sacerdote disse desconhecer a proveniência e que começaram quando setores da cidade insinuaram a sua possível candidatura à prefeitura de Bucaramanga, cidade na qual mora.

“Desde então comecei a receber ameaças, e ameaças fortes”, comentou Osorio, durante o programa televisivo.

Em entrevista a rádios locais, o sacerdote disse que as ameaças chegaram por intermediários ou telefonemas. Nelas, Osorio afirmou que o advertiram, entre outras coisas, para não falar sobre supostos fatos de corrupção ocorridos durante o processo de reconstrução de uma ampla zona da cidade atingida pelas chuvas em 2005.

“Também ameaçaram minha filha”, comentou o religioso de 38 anos, que pediu perdão à Igreja Católica por “situações que prejudicam seriamente a sua opção sacerdotal”.

O religioso também pediu para continuar vinculado à igreja como diácono permanente.

Fonte: ANSA

Ex-fiéis vão à Justiça pedir indenização de igrejas

Eles depositaram fé e recursos em quem lhes prometeu dias melhores. Até que, cansados de esperar a providência divina, resolveram pedir o seu dinheiro de volta. São ex-fiéis desapontados que cobram na Justiça indenizações por danos morais e materiais.

Nas estantes de fóruns e do Tribunal de Justiça de São Paulo, casos de pessoas que investiram dinheiro em promessas (desde a celebração de um casamento até o enriquecimento imediato) esperam agora da lei dos homens uma sentença.

As histórias de Maria e de Carlos, ex-freqüentadores da Igreja Universal do Reino de Deus, ilustram essa situação. Eles reclamam na Justiça terem vendido bens, como apartamentos e carros, em troca de prosperidade financeira que não foi alcançada.

Já um católico cobra a devolução de R$ 1.500 pagos para o casamento. Ele pediu o cancelamento dizendo que o padre interferia nos preparativos. O pároco se negou a devolver o dinheiro, e o caso foi à Justiça.
“Quis dias melhores e tudo que me deram foi porrada”, conta o padeiro desempregado José Leite. Ele diz ter participado de sessão de descarrego na Universal, na qual o auxiliar do pastor, ao tentar exorcizá-lo, bateu sua cabeça no banco.

Ele quer R$ 5.000 por danos. O pedido foi considerado procedente, mas a igreja apelou. Já Nelson ouviu do pastor que, se tivesse fé, não cairia do telhado que consertaria no templo da Universal. Caiu, teve politraumatismo e requereu R$ 356.200 de indenização. O pedido foi julgado procedente.

“É muito difícil provar que o fiel é ingênuo e foi induzido. Fé não pode ser mensurada”, diz Adriano Ferriani, professor da PUC-SP e especialista em responsabilidade civil.

Advogada nega fatos e acusa fiel de traição

A advogada da Igreja Universal do Reino de Deus Adriana Guimarães afirma que todos os argumentos levantados nos tribunais por antigos fiéis são mentirosos. Segundo ela, os pedidos de indenizações possuem valores altos porque muitos vêem a Universal como uma entidade rica e tentam obter vantagens financeiras.

“Essa Maria freqüentou a igreja durante quase dez anos. Como alguém pode ter sido enganada tanto tempo?”, diz a advogada. “É meio que uma traição.”

Quanto a José Bezerra, ela diz que se trata de “um oportunista”. “Nós provamos na Justiça que a lesão dele era antiga. O juiz julgou com preconceito, como a maioria das pessoas faz com a Universal.”

Evangélica, Adriana faz parte de um corpo jurídico formado por 14 advogados da Universal em São Paulo. Ela acredita que os ex-fiéis “têm problemas espirituais”.

A Folha de São Paulo relatou o caso do casamento não realizado à assessoria da Cúria de São Paulo, que não telefonou de volta até a conclusão desta edição.

A reportagem enviou e-mails à CNBB, pedindo esclarecimento sobre uma ação por uso indevido de imagem, mas também não obteve resposta.

Para o advogado da Congregação Cristã no Brasil Paulo Sanches Campoi, a liberdade de organização e doutrina das igrejas não pode ser analisada por uma lei humana.

Fonte: Folha de São Paulo

Bispos episcopais qualificam igreja nos EUA de “tumor canceroso”

Num severo ataque contra seus pares estadunidenses, os bispos anglicanos da Nigéria qualificaram de “tumor canceroso” o ramo dessa igreja nos Estados Unidos. Um tumor que, na avaliação dos religiosos, deve ser “extirpado”.

A crítica dos anglicanos nigerianos aparece em declaração publicada no sítio dessa igreja na Internet (www.anglican-nig.org/home.htm) e é parte de sua reação oficial a uma proposta do arcebispo de Canterbury, reverendo Dr. Rowan Williams.

Com o intuito de solucionar a disputa no seio da Comunhão Anglicana motivada pelo tema da sexualidade humana, Williams sugeriu, na semana passada, a introdução de um sistema de dupla membresia, uma formada por “Igrejas Constituintes” e a outra por “Igrejas em Associação”.

Nesse esquema, corresponderia à Igreja Episcopal estadunidense um papel secundário que evitaria o cisma das igrejas majoritárias, opostas à homossexualidade.

Em 2004, a consagração do sacerdote Gene Robinson, um homossexual declarado, como bispo da diocese de New Hampshire provocou a irada reação de numerosas igrejas anglicanas, de modo especial em países do hemisfério Sul. Desde então, a possibilidade de uma ruptura ameaça a integridade da Comunhão Anglicana.

No encontro das províncias do Sul, realizado no Egito em outubro de 2005, bispos de 20 províncias da África, Ásia do Sul e Ásia Oriental, Índias Ocidentais e América do Sul, afirmaram que as inovações sem fundamento nas Escrituras levadas a cabo pela América do Norte e outras províncias ocidentais sobre temas de sexualidade humana, “minam a mensagem básica de redenção e o poder da Cruz para transformar as vidas dos seres humanos”.

Um dos líderes da maioria que se opõe à aceitação de homossexuais no ministério é o arcebispo da Nigéria, reverendo Peter Akinola. O líder espiritual dos anglicanos nigerianos disse que a homossexualidade é “uma desobediência flagrante a Deus” e que essa prática aberrante facilita que as pessoas “pervertam a divina e ordenada expressão sexual com o sexo oposto”.

Segundo Akinola, o propósito dos defensores da homossexualidade é “desacreditar o Evangelho, contaminar a Igreja, neutralizar seu poder e destruí-la”.

A proposta do arcebispo de Canterbury, reza a declaração, manifesta a vontade de um líder que deseja “preservar a unidade da Igreja acomodando cada peça de opinião, sem importar quão antibíblica ela seja”.

Ao invés disso, o Dr. Williams deveria persuadir as igrejas que escolheram separar-se de “regressarem ao caminho”, assinalam os prelados nigerianos.

“Um tumor canceroso no corpo deve ser extirpado, se desafiar qualquer cura conhecida. Pretender que todo o corpo acomode esse tumor conduziria à evitável morte do paciente”, destaca o pronunciamento.

Fonte: ALC

Cardeal: Turquia não deve entrar para UE sem liberdade de culto

O presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, o cardeal Walter Kasper, disse que a Turquia não pode entrar para a União Européia (UE) enquanto a liberdade de culto não for respeitada no país.

Segundo o cardeal, a integração da Turquia na UE não é possível no momento.”Falta um verdadeiro Estado laico que garanta a liberdade religiosa”, disse Kasper em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera”.

O cardeal fez estas afirmações depois de o sacerdote francês Pierre Brunissen ser agredido na cidade turca de Samsun, no último domingo.

O religioso foi esfaqueado por um homem que sofre de transtornos mentais. Até o momento, a causa do ataque é desconhecida.

Em fevereiro, o sacerdote italiano Andrea Santoro foi assassinado com dois tiros em sua paróquia da cidade turca de Trebisonda.

Kasper disse que esses ataques acontecem em um contexto “de xenofobia”, e acrescentou que o aumento do fundamentalismo islâmico cria “um clima hostil para com os estrangeiros”.

No entanto, Brunissen recebeu alta e voltou para sua paróquia, onde afirmou ao jornal italiano “La Repubblica” que está bem e não guarda rancor de seu agressor.

O sacerdote disse ter recebido mostras de solidariedade das autoridades turcas, e destacou que trabalha há muito tempo para criar um “clima de amizade” com os muçulmanos.

Fonte: EFE

Presidente do Chile pede ao Congresso projeto de lei para união civil gay

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, cumpriu sua promessa de campanha e pediu esta semana para que o Congresso Nacional prepare projeto de lei que permita a união entre pessoas do mesmo sexo no país.

Mesmo admitindo que o casamento gay é contrário às suas crenças pessoais e religiosas, Bachelet garantiu em campanha colocar a questão em debate, uma vez que esta era uma demanda de parte de seu eleitorado.

No país, casais formados por homossexuais têm alguns direitos garantidos, como a inclusão em plano de saúde.

Em janeiro, a posição de Bachelet foi contestada pela Igreja Católica e por membros conservadores do Congresso. A homossexualidade deixou de ser crime no país em 1998 e a lei que proibia gays doarem sangue foi removida em 2003.

Fonte: G (site direcionado ao público gay)

Cardeal condena pesquisadores que estudam células-tronco

Enquanto a Igreja Católica realiza seu Encontro Mundial de Famílias em Valência, Espanha, nesta semana, alguns estarão de olho para ver se o Papa Bento XVI apóia a excomunhão dos cientistas que trabalham com células-tronco embrionárias.

Os recentes comentários do cardeal Alfonso López Trujillo sobre os trabalhos com células-tronco sacudiram o mundo científico, junto com alguns católicos. “Destruir um embrião é o equivalente a um aborto”, disse Trujillo, um colombiano que preside o Pontifício Conselho para a Família, à principal revista católica da Itália, Famiglia Cristiana, em uma entrevista publicada em 2 de julho. “A excomunhão é válida para as mulheres, médicos e pesquisadores que destroem embriões”.

Carlos Bedate, um biólogo molecular da Universidade Autônoma de Madri, Espanha, – e padre jesuíta – acredita que Trujillo queria incluir, em seus comentários, todos os pesquisadores trabalhando com células-tronco embrionárias.

Mas Bedate espera que a Igreja mude em breve suas visões sobre o início da vida. “Trujillo é apenas uma pessoas e a liderança da Igreja está nas mãos do papa e em muitas outras. Eu não acredito que a declaração dele seja a declaração final”, disse em entrevista.

Fonte: Estadão

Evangélicos rechaçam inclusão de lei de liberdade sexual na Constituição

Setores evangélicos da Bolívia opuseram-se “energicamente” à lei de direitos sexuais proposta para ser incorporada à nova Constituição política do país, argumentando que ela iria contra “a família, a infância e a liberdade de expressão”.

Em declaração tornada pública na terça-feira, 27 de junho, a Associação Nacional de Evangélicos da Bolívia (ANDEB) também pronunciou-se contrária a “toda invasão forânea que queira se impor a todos, ideologias, formas de pensamento e de vida”, pois entendem que isso violenta a vontade pessoal e a soberania do país.

O documento, assinado por Bruno Ossio, pelo presidente da ANDEB, que representa igrejas, organizações educativas cristãs e pastores, demanda que sejam incluídos na Constituição os princípios de justiça, liberdade de culto, da vida, da educação e a liberdade de pensamento e expressão.

“Ratificamos publicamente nossa confiança em Deus, dando testemunho a todos os governantes e ao povo que nosso Senhor Jesus Cristo nos preservou da destruição há muitos anos e o seguirá fazendo por amor de seu povo sempre e enquanto respeitarmos seus preceitos e a fé de seu povo”, disse a ANDEB.

A ANDEB opõe-se a uma educação que não leve em conta a vontade dos pais e seu apoio à vida e rechaça “toda forma de promoção e prática do aborto”. O organismo evangélico propõe um Estado não confessional, “mas não anti-religioso”, que garanta a igualdade jurídica para as igrejas e com plena liberdade para a sua organização, prática de culto, escolha e expressão da fé e o seu ensinamento.

“Demandamos liberdade para ensinar e formar nossa gente e nossos líderes em princípios e valores provenientes da nossa fé; liberdade de evangelização, apresentando as boas novas de Jesus Cristo; e liberdade para receber missionários da comunidade internacional que compartilham nossa fé e nosso trabalho na Bolívia”, disse o comunicado.

As eleições para a Assembléia Constituinte foram realizadas no país neste domingo. O Movimento ao Socialismo (MAS), partido do governo, recebeu mais de 50% dos votos, enquanto a Concertación Nacional, com forte apoio evangélico, conseguiu oito lugares na Assembléia Constituinte.

Fonte: ALC

Sacerdote português detido por pedofilia na Colômbia

Um sacerdote, identificado pela agência espanhola EFE como sendo português, foi detido ontem, terça-feira por abusos sexuais de menores residentes na casa de assistência a crianças e pobres em Cali, no Sudoeste da Colômbia, de que era diretor.

A agência Lusa tentou confirmar a prisão junto da Embaixada de Portugal na Colômbia, mas a representação diplomática portuguesa encontrava-se encerrada.

Segundo a EFE, que cita fontes judiciais, Víctor Blanco Rodríguez, 65 anos, que vive na Colômbia há 36, foi acusado de “ato sexual abusivo e agravado em menores de 14 anos” e detido por ordem do Ministério Público.
Segundo a confissão do próprio religioso, a um delegado do Ministério Público, os abusos eram cometidos há 15 anos, na instituição que dirigia.

Na sua confissão, o sacerdote pediu perdão às vítimas e às suas famílias, bem como à Igreja Católica e à sociedade.

O suspeito ficou detido na prisão de Villahermosa de Cali, depois do Ministério Público considerar que, devido à gravidade das infrações cometidas, ele representa “um perigo para a sociedade”

O antigo diretor da “Fundação Minha Casa” pediu para ser abrangido por um sentença antecipada, depois de reconhecer as acusações, figura que o favorece numa redução de pena.

Vários jovens, que na sua infância estiveram internados na “Minha Casa”, sendo depois adotados por estrangeiros, contaram ter sido alvo de abusos por parte de Blanco, noticiou, na semana passada, o diário El País de Cali.

Fonte: Diário Digital / Lusa

Vaticano: Arquivos devem revelar mais sobre Pio 12 e judeus

VaticanoAs opiniões do papa Pio 12, no comando da Igreja durante a Segunda Guerra Mundial, sobre os judeus, um dos pontos mais conturbados da relação católico-judaica, podem ser reavaliadas quando os arquivos sobre seus anos à frente do cargo de primeiro-ministro do Vaticano forem abertos, em setembro, em Roma.

O Vaticano afirmou na sexta-feira que divulgará todos os seus arquivos a respeito do papado de Pio 11 referentes ao período que vai de 1922 a pouco antes do começo da guerra, em 1939.

Alguns afirmam que Pio 12, sucessor de Pio 11, omitiu-se durante a guerra e não tomou medidas enérgicas para impedir a matança de judeus na Europa. Os arquivos devem retratar as opiniões de Pio 12 quando ele ainda não havia assumido o comando do Vaticano.

Há uma distância imensa entre os que apóiam e os que criticam o papa do tempo da guerra. João Paulo 2o, morto em 2005, desejava santificá-lo, mas muitos, entre os quais grupos judaicos, o chamam de o “papa de Hitler”.

Os arquivos contêm documentos internos mostrando como o cardeal Eugenio Pacelli, que mais tarde se transformaria em Pio 12, atuou no cargo de secretário de Estado, que ocupou de 1930 a 1939, quando confrontado com importantes questões de política.

“Isso fará com que os estudos sobre Pacelli ganhem uma nova dimensão”, afirmou o professor Hubert Wolf, um historiador da Universidade Muenster, na Alemanha, e importante especialista a respeito dos arquivos secretos do Vaticano.

“Teremos nove anos para vê-lo lidando com os assuntos da Igreja no mundo todo”, disse Wolf à Reuters. Os arquivos devem mostrar discussões dele dentro do aparato burocrático do Vaticano e instruções para os núncios papais (embaixadores).

“Poderemos ver os comentários dele às margens de um relatório. Teremos a pequena e trêmula caligrafia dele escrita quando avaliava várias questões. Não se pode chegar mais perto de Pacelli do que isso,” disse.

Wolf, um padre católico, não quis dizer como acreditava que o Pio 12 seria visto depois da leitura dos arquivos: “Sou um historiador, não um profeta. Cabe aos documentos responder essa pergunta.”

Mudança de opiniões

O dirigente da Igreja Católica pisou em ovos durante a guerra para evitar represálias contra católicos na Alemanha e nos territórios ocupados pelos nazistas. Inicialmente, ele foi elogiado por falar o mais abertamente que podia a respeito da represália aos judeus e por auxiliar secretamente os judeus.

Essa imagem mudou radicalmente em 1963, quando o dramaturgo alemão Rolf Hochhuth retratou-o na peça “O Vigário” como um homem cínico que preferiu manter-se em silêncio apesar de saber sobre o Holocausto.

Os dois lados travam uma batalha desde então. Os defensores de Pio 12, entre os quais alguns historiadores judeus, citam comentários anti-Hitler feitos reservadamente pelo papa. Adversários o apresentam como uma figura anti-semita.

Os arquivos que vão de 1922 a 1939 também incluem notas mantidas até agora em segredo e usadas nas sessões do Secretariado de Estado do Vaticano, incluindo o que Pacelli — o “cérebro político” da Santa Sé, nas palavras de Wolf — disse nas reuniões sobre as questões judaicas.

Edith Stein, por exemplo, uma alemã convertida ao judaísmo morta em Auschwitz, escreveu a Pacelli em abril de 1933 denunciando a repressão aos judeus nos primeiros anos da Alemanha nazista. Ele respondeu uma semana mais tarde afirmando ter repassado a carta a Pio 11.

“Alguma coisa aconteceu em Roma entre essas duas cartas”, afirmou Wolf. “Agora, poderemos perguntar qual efeito a carta de Stein teve sobre a Cúria. Quem a viu? Pacelli pediu conselho a alguém a respeito dela?”

Especulações

Os novos documentos também devem revelar as opiniões particulares de Pacelli a respeito do acordo de 1933 com a Alemanha nazista, sobre as relações com os fascistas da Itália, a respeito da Guerra Civil Espanhola (1936-39), sobre a anexação nazista da Áustria e a respeito do Acordo de Munique de 1938.

Wolf afirmou ter certeza de que o Vaticano não ocultará documentos considerados comprometedores e que pedirá desculpas se erros graves vierem à tona.

“O papa Bento 16 diz não fazer sentido continuar alimentando as especulações com a manutenção do segredo”, disse Wolf, que, em março, conversou sobre os arquivos com o papa nascido na Alemanha.

O rabino Marvin Hier, reitor do Centro Simon Wiesenthal em Los Angeles, recebeu com satisfação a notícia sobre a divulgação dos arquivos da época de Pio 11, mas pediu que o Vaticano se apresse na divulgação dos documentos realmente cruciais — os que tratam do papado de Pio 12 (1939-1958).

Fonte: Reuters

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