O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse estar “ansioso” para conversar sobre o Oriente Médio com o papa Bento XVI, com quem se encontrará em 10 de julho, no Vaticano.

O entusiasmo do chefe de Estado americano tem um motivo. “Acho que ele compartilha da minha postura”, afirmou Obama numa entrevista publicada pelo jornal “Avvenire”, editado pela Conferência Episcopal Italiana (CEI).

No próximo dia 10, quando termina a cúpula do G8 (os sete países mais desenvolvidos e a Rússia) que será realizada na cidade italiana de L’Aquila, Obama disse que discutirá com o papa temas como “a luta contra a pobreza, a mudança climática e a imigração”.

Será uma conversa íntima e reservada “entre dois chefes de Estado”, na qual, “naturalmente, falaremos de muito mais coisas”.

Obama disse reconhecer o papa como uma “liderança extraordinária”. Afirmou ainda que “espera uma colaboração duradoura” nos temas apontados, “sobretudo na questão do Oriente Médio”.

“Com os israelenses, fomos muito claros no sentido que os assentamentos devem ser paralisados. Mas sabemos que não será fácil”, declarou.

“O diálogo que estamos mantendo com os israelenses é muito construtivo. Além disso, nem tudo é culpa de Israel. Os palestinos têm a responsabilidade de acabar com a violência e, se Israel tem de tomar decisões difíceis, os países árabes da região precisam entender e admitir que o Estado judeu tem necessidade de segurança”, opinou.

“Este é um tema sobre o qual estou ansioso para conversar com o papa, pois acho que ele compartilha da minha postura” acrescentou o presidente.

Em outro trecho da entrevista, Obama disse que tem muita consideração pelo papa e que conhece “muito bem a influência” dele “além da Igreja Católica”. O presidente americano lembrou ainda que, logo após as eleições de novembro, ambos tiveram uma “uma ótima conversa por telefone”.

Quanto à relação que mantém com os bispos americanos, o democrata afirmou que sempre defenderá “com força o direito dos bispos” de criticá-lo”. “Também gostaria de recebê-los na Casa Branca para falar de assuntos que nos unem e nos afastam”, disse.

“Há elementos, como a contracepção, em torno dos quais há diferenças profundas”, admitiu.

“Minha posição pessoal é que se deve conjugar uma sólida educação moral e sexual com a disponibilidade de contraceptivos. Reconheço que isso vai contra a doutrina da Igreja Católica. Mas ficaria surpreso se os que apóiam o direito ao aborto não concordassem com a necessidade de limitar as circunstâncias que levam uma mulher a decidir interromper uma gravidez”, declarou.

Quanto à comunidade de gays e lésbicas dos EUA, Obama foi claro: “Penso que (os homossexuais) estão feridos por algumas doutrinas da Igreja Católica e do cristianismo, em geral. Como cristão, luto continuamente entre minha fé e meus deveres e minhas preocupações no debate sobre gays e lésbicas”.

“E muitas vezes descubro que há muito entusiasmo em ambas as frentes do debate, mas acho que, nos dois lados, há pessoas magníficas”, acrescentou.

De qualquer maneira, ponderou Obama, “como pessoas de fé, devemos avaliar nossas convicções e nos perguntar se às vezes não estamos causando sofrimento aos demais”.

Fonte: G1

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