A maior banda de rock cristão do país, Oficina G3, representada pelo seu baixista Duca Tambasco, deu entrevista ao site ‘A Arca.’ Duca Tambasco, baixista e arranjador do Oficina, falou sobre o vindouro disco acústico e sobre o novo DVD. Confira a entrevista.
Fonte: A Arca.com.br
Cabelos coloridos, tatuagens, brincos e guitarras distorcidas. Se nada disso combina com a ambientação que tradicionalmente se imagina de um grupo de música evangélico, é melhor pensar novamente. Os caras do Oficina G3 conquistaram fãs não só dentro do mundo evangélico, mas fora dele também – já que suas letras abordam não apenas temas religiosos, mas ainda temas sociais como combate às drogas, corrupção, injustiças, devastação do meio ambiente…
Com quatro discos de ouro na bagagem e um dos maiores guitarristas brasileiros na atualidade em sua formação (Juninho Afram), eles se preparam para as comemorações de suas duas décadas de atividades. Trocamos uma idéia com Duca Tambasco, baixista e arranjador do Oficina, que contou mais detalhes sobre o vindouro disco acústico do grupo e sobre o novo DVD, e ainda soltou o verbo sobre as mudanças no line-up, preconceito e, é claro, religião.
A ARCA: “Oficinelektracustikamente G3”, além do nome complicado, é basicamente acústico. Como vai ser a composição do setlist? Vocês não têm medo que os fãs entendam este projeto como boa parte dos acústicos de bandas tradicionais – que acabam representando uma fórmula desgastada para tentar recuperar parte do prestígio de bandas combalidas e relegadas ao limbo musical?
Oficina G3: Bom, pra começar o nome mudou, sutilmente mas mudou (risos). Agora chama-se “OficinaElektracusticaG3”, o “mente” caiu (risos). Isso aconteceu depois de uma semana sentindo o feedback da galera por e-mails, e em seguida uma conversa que tivemos com a gravadora. Falando sobre o nome, como ele mesmo sugere, trata-se de um CD eletro-acústico, com violões e guitarras distorcidas, mas com predominância dos violões, sem perder as características progressivas que a gente tanto gosta. Agora com relação ao fato de ser ou não uma formula desgastada, isso não nos preocupa, primeiro porque quando a gente começa a elaborar um trabalho, nós não tratamos isso como um produto. A gente procura colocar nosso coração no projeto e isso torna o trabalho autêntico e honesto. Segundo, eu acredito que quando as pessoas ouvirem o trabalho, notarão que se trata de algo diferente. Mas aí só ouvindo mesmo (risos).
O álbum trará ainda três composições inéditas, correto? Elas terão mais a cara do que pode ser ouvido em “Além Do Que Os Olhos Podem Ver” – considerado até mais pesado do que outrora, mais hard rock e com elementos de progressivo – ou poderão seguir uma linha completamente nova?
Agora serão 5 músicas novas. Elas não soaram pesadas como no “Além…”, afinal destoaria do resto do trabalho. O que posso adiantar é que elas tocaram profundamente no meu coração e alma.
Depois de duas décadas de atividade, ainda existe algum tipo de preconceito, dentro do meio evangélico, com relação a falar de Jesus usando o rock ‘n’ roll?
Cara, muito menos que há décadas atrás, mas isso não é algo que a gente pode considerar extinto do nosso meio. De vez em quando, ainda aparece alguém contra ou até mesmo se desculpando por ter nos julgado de forma errada, mas nos afeta bem menos do que há tempos atrás. Hoje a gente lida com mais naturalidade, acho que isso também é fruto do amadurecimento da gente.
Sei também de muitas pessoas que adoram o Oficina G3, colecionam os seus álbuns e freqüentam os shows e, no entanto, não são evangélicos – aliás, nem sequer cristãos. Como vocês lidam com isso? Acreditam que, de alguma forma, a sua mensagem está atingindo estas pessoas?
É principalmente pra essas pessoas que queremos falar, levando não só musica, mas também uma palavra que vá de encontro ao coração delas. Hoje em dia criam-se muitos rótulos, é “cristão”, não é, é “evangélico”, não é, acho que isso mais nos afasta do que nos une. Queremos que as pessoas se sintam bem em nosso meio, independente de religião, posição social, cor – afinal somos todos iguais.
A clássica frase “o diabo é o pai do rock” nunca incomodou vocês?
Nunca, porque pra gente isso é uma grande mentira, nós cremos que o Diabo é o pai da mentira e uma delas é de propagar que é o pai do rock através de pessoas que foram ou são simples fantoches dele.
Considerado com justiça um dos quatro melhores guitarristas do Brasil, o Juninho Afram é notadamente um músico idolatrado por parte da garotada do heavy metal que adora nomes como o Kiko Loureiro, do Angra. Além disso, me recordo de ter sido apresentado, ainda adolescente, ao Oficina G3 como sendo uma “banda de metal gospel”. Isso incomoda vocês – já que, em alguns casos, certas bandas de heavy lidam com temas satânicos e/ou anti-cristãos?
Cara, o que os outros cantam a gente não comenta, só lamenta… Hahahahaha!!! Mas em nada incomoda tocar com bandas desse tipo. Sempre que pintar um evento do tipo, com bandas que tenham uma abordagem diferente da nossa, estamos dentro. Também não temos nenhum problema com o termo “metal”, embora nosso som não possa ser considerado algo muito próximo ao gênero, ele é tratado com naturalidade dentro da banda, não sendo associado a nada negativo. Agora falando da notoriedade que o Juninho alcançou, acredito que é fruto da seriedade e honestidade com que ele encara a música e o cristianismo. Nós agradecemos a Deus por isso.
Por falar nele: com a saída do vocalista PG, Afram assumiu os vocais de vez. Como foi acrescentar esta nova função a um trabalho já complicado? A responsabilidade dobrou?
Com a saída do PG, nós até chegamos a ouvir muita gente, porém ficamos com medo de procurar outra pessoa que não tivesse mentalidade de banda e com o tempo corrêssemos o risco de acontecer tudo outra vez. Daí surgiu a idéia do Juninho, afinal ele já cantava algumas músicas mesmo.
Como foi a sua experiência em tocar no “Rock in Rio 3”? As outras bandas – e o público – respeitaram vocês?
Tocar no Rock in Rio não foi uma de nossas melhores experiências, fomos muito boicotados por lá, porém colhemos bons frutos desse show. Muita gente nos procurou depois do Rock in Rio pra fazer entrevistas. Então não foi de todo uma experiência perdida.
Entre 2002 e 2003, o Oficina G3 fez turnês nos EUA, na Itália, no Uruguai, na Argentina e na Suíça. Como é a recepção dos públicos internacionais à sua sonoridade? Como vocês comparariam aos shows realizados no Brasil?
Cada caso é um caso. Por exemplo, nos EUA nós tocamos principalmente pra brasileiros que trabalham por lá. Na Europa, onde tocamos na Suíça, Itália e Inglaterra, é um pouco diferente, o público é mais diversificado etnicamente falando, sem contar que os europeus são mais interessados em culturas diferentes.
“No ano em que se comemoram os 20 anos da banda, este é só o começo”, afirma o press release oficial de “Oficinelektracustikamente G3”. E o que mais nós podemos esperar?
A princípio, estamos empolgados como projeto “OficinaElektracusticaG3”, acho que vai ser um período legal, mas voltando à ladainha do DVD… hehehe!!! Estamos em negociação mais uma vez com a gravadora, e dessa vez as coisas estão caminhando pra rolar. Orem por nós!
Site oficial: www.oficinag3.com.br
Fonte: A Arca (www.aarca.com.br)