A associação italiana União dos Ateus e Agnósticos Racionalistas (UAAR) foi proibida de divulgar uma campanha publicitária nos ônibus de Gênova.
A concessionária de publicidade nos meios de transporte públicos IgpDecaux considerou que o slogan “Má notícia: Deus não existe; Boa notícia, você não precisa dele” é provocatório e não se enquadraria no código de ética da propaganda italiana.
“Não esperávamos a proibição da campanha, mas levávamos em conta o risco que corríamos. O contrato já estava pronto para ser assinado”, disse à BBC Brasil Giorgio Villella, organizador dos eventos da UAAR e ex-secretário nacional da associação.
A IgpDecaux, com sede em Milão, argumentou que segundo os códigos 10 e 46 de autodisciplina regulamentar, a publicidade não deve ser ofensiva, e as campanhas não devem lesar o interesse de ninguém.
“Se irão apresentar outro slogan poderemos examinar. Não se trata de seguir ou não as indicações da Igreja”, afirmou Fabrizio DuChene, administrador-delegado da empresa ao jornal “La Repubblica”.
A UAAR promete lutar contra a proibição de veicular a mensagem de que Deus não existe.
“Vamos pedir que à prefeitura de Genova revogue o contrato com a IgpDecaux. A prefeita da cidade, que é laica, tinha se declarado favorável à campanha, realçando o direito de liberdade de expressão. E iremos até a Corte de Justiça Européia se for necessário”, disse Villella.
Bom senso
Membros da cúria comentaram o cancelamento da campanha. Para o Monsenhor Marco Granara, reitor do Santuário de Nossa Senhora della Guardia, “venceu o bom senso”.
“Todos os problemas deste tipo, o ateísmo, a homossexualidade não devem ser enfrentados com batalhas, mas sempre através do espaço para o diálogo”, disse ele ao jornal “La Repubblica”.
Durante a fase de discussão sobre a campanha alguns motoristas cristãos da empresa de transporte público de Gênova ameaçaram não conduzir ônibus que carregassem a propaganda ateísta.
A veiculação da campanha custaria cerca de 8 mil euros (cerca de R$ 23 mil). Dois ônibus circulariam a partir do dia 4 de fevereiro durante quatro semanas.
A iniciativa é semelhante à que está sendo realizada em Londres, Washington e Barcelona. Na Austrália, a proposta também foi vetada.
Apesar da proibição, a UAAR, que existe há 22 anos, disse ter atingido o objetivo de “atrair visibilidade para a associação”.
Segundo Villella, a associação de 3 mil sócios recebeu em poucos dias mais de 500 novas inscrições.
Ainda segundo ele, a UAAR já recebeu mais de 13 mil euros em doações, que vão ser usados na “batalha judicial para dar voz a quem não acredita em Deus”.
Fonte: G1