A situação de racismo no Brasil com destaque para a presença da discriminação em comportamentos cotidianos ainda é preocupante. A avaliação é do representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Vincent Defourny.
Durante a abertura da Conferência Regional das Américas para a revisão da 1ª Conferência Mundial contra o Racismo, hoje (17), Defourny ressaltou alguns avanços brasileiros, como a implementação da Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da cultura e da história africanas na rede pública de ensino.
A Unesco, segundo ele, apóia a iniciativa por meio da tradução do idioma africano para o português, possibilitando a confecção de material pedagógico, além da capacitação de professores e do desenvolvimento de metologias “que permitam ao Brasil conhecer suas raízes africanas”.
“Isso é válido também para as culturas indígenas, que são parte da matriz brasileira. O conhecimento mínimo da formação da identidade brasileira é talvez uma chave para melhorar a discriminação racial”, disse o representante da Unesco.
Marie Pierre Pourier, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, lembra que o Brasil é uma nação que busca ser “de todos”, mas que a análise de indicadores sociais mostra uma situação de desigualdade.
A mortalidade infantil em crianças brancas, segundo ela, é consideravelmente menor do que a registrada em crianças negras. Também no acesso à educação, Marie Pierre destaca que o acesso de crianças e adolescentes à escola apesar de ter alcançado 98% da população aponta que dos 660 mil alunos fora da escola, 450 mil são afro-descendentes.
“Precisamos utilizar as boas práticas e os sucessos que o Brasil realmente conseguiu. Para que esse processo dê certo, uma apelo muito forte é para o diálogo com os jovens. Não desenvolver programas para eles, mas com eles, oferecendo oportunidades”, disse a representante da Unicef.
A Conferência Regional das Américas para a revisão da 1ª Conferência Mundial contra o Racismo segue até quinta-feira (19). Serão avaliados os avanços desde a primeira conferência mundial realizada em 2001 na cidade de Durban, na África do Sul e traçadas as metas regionais de igualdade racial para os próximos anos.
A Conferência de Revisão de Durban acontecerá em 2009, em Genebra, Suiça. Vão ser avaliados os progressos obtidos na implementação da Declaração e do Plano de Ação de Durban, além de identificadas e compartilhadas boas práticas no combate ao racismo, à discriminação racial, à xenofobia e a manifestações de intolerância.
Fonte: Agência Brasil