Os organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris pediram desculpas neste domingo, dia 28, para quem se sentiu ofendido pela cena que evocou A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, durante a cerimônia de abertura.
A pintura de Da Vinci representa o momento em que Jesus Cristo declarou que um apóstolo o trairia. A cena durante a cerimônia de sexta-feira apresentou a DJ e produtora Barbara Butch, um ícone LGBTQ+, flanqueada por artistas drag e bailarinos. A porta-voz de Paris 2024, Anne Descamps, foi questionada sobre os protestos durante uma coletiva de imprensa do Comitê Olímpico Internacional neste domingo.
“Claramente, nunca houve a intenção de demonstrar falta de respeito a qualquer grupo religioso. Ao contrário, creio que (com) Thomas Jolly, realmente tentamos celebrar a tolerância comunitária”, disse Descamps. “Ao observar o resultado das pesquisas, acreditamos que esse objetivo foi alcançado. Se as pessoas se sentiram ofendidas, claro, lamentamos muito, muito”, ela disse.
O diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, negou que a sua intenção, ao recriar a cena, foi de provocar e fala em celebração da diversidade. “Meu desejo não é ser subversivo, nem zombar ou chocar,” disse Jolly. “Acima de tudo, eu queria enviar uma mensagem de amor; de inclusão e não de divisão.”
A conta oficial das Olimpíadas no X (ex-Twitter) descreveu parte da cena como representando “o deus grego Dionísio” conscientizando as pessoas “do absurdo da violência entre seres humanos”.
Protestos pelo mundo
A conferência dos bispos da Igreja Católica Francesa protestaram neste sábado, dia 27. Para a entidade francesa, o retrato bíblico de Jesus Cristo com os seus apóstolos recriado pelos organizadores da festa foi um “escárnio” e uma “zombaria com o Cristianismo”. Ainda disse lamentar por “todos os cristãos” que foram “feridos pela ofensa e provocação de certas cenas”.
“Nossos pensamentos estão com todos os cristãos de todos os continentes que foram feridos pela ofensa e provocação de certas cenas”, disse o coletivo de bispos, em nota. “Esperamos que eles entendam que a celebração olímpica se estende muito além das preferências ideológicas de alguns artistas”, acrescentou.
Os religiosos católicos interpretaram a adaptação como uma zombaria da famosa pintura de Leonardo da Vinci.
O bispo Andrew Cozzens, presidente do Comitê Episcopal dos Estados Unidos para Evangelização e Catequese, publicou declaração pedindo aos católicos “que respondam ao incidente de Paris com oração e jejum”.
“Jesus viveu sua Paixão novamente na sexta-feira à noite em Paris, quando sua Última Ceia foi publicamente difamada”, disse Cozzens. “Não ficaremos de lado e ficaremos quietos enquanto o mundo zomba de nosso maior presente do Senhor Jesus”, escreveu o bispo.
“Em vez disso, por meio de nossa oração e jejum, pediremos ao Espírito Santo que nos fortaleça com a virtude da fortaleza para que possamos pregar Cristo – nosso Senhor e Salvador, verdadeiramente presente na Eucaristia – para a Glória de Deus e a Salvação das Almas.”
O bispo alemão Stefan Oster chamou a cena da “Última Ceia queer” de “um ponto baixo e completamente supérfluo na encenação”, em publicação da Conferência Episcopal Alemã, segundo a CNA. O arcebispo Peter Comensoli de Melbourne, na Austrália, usou o X (antigo Twitter) para dizer que prefere “o original”, com a foto da obra de Da Vinci.
Já bispo Robert Barron, de Winona-Rochester (EUA), chamou a paródia da Santa Ceia de “grosseira”, enquanto o arcebispo de Santiago do Chile, Dom Fernando Chomali, disse estar decepcionado com a encenação “grotesca” do que ele chama de “a coisa mais sagrada que nós, católicos, temos, a Eucaristia”.
O padre dominicano Nelson Medina afirmou que, por conta a recriação da Santa Ceia, “não vai assistir a uma única cena dos Jogos Olímpicos”. “Que repugnante o que fizeram zombando do Senhor Jesus Cristo e seu supremo dom de amor. E eles são covardes: eles não mexeriam com Maomé”, disse o pároco.
O CEO da Aliança Evangélica do Reino Unido, Gavin Calver, disse que, embora esperasse que as Olimpíadas de Paris fossem um grande sucesso, ele chamou a representação de “completamente insensível, desnecessária e ofensiva”.
“No entanto, foi realmente assustador ver o cristianismo tão abertamente ridicularizado na cerimônia de abertura com a representação incrivelmente grosseira da Última Ceia”, escreveu ele no X.
Reações no Brasil
Aqui no Brasil também aconteceram várias reações de internautas e de pessoas públicas.
“A lacração não para. Não existe mesmo respeito à religião”, escreveu uma usuária do X, antigo Twitter.
Em postagem no X, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) citou um salmo religioso e afirmou que “com Deus não se brinca”.
“Lucas 22:19-20 (NVI): ‘Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim’. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês’.’ Santa Ceia de Cristo com drag queens Vocês lembram o que aconteceu depois da encenação do Diabo pisando em Jesus no Carnaval de 2019? Com Deus não se brinca…”, escreveu o filho do ex-presidente.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também se pronunciou sobre a apresentação.
“As Olimpíadas começaram fazendo uma zombaria demoníaca da fé cristã”, escreveu o parlamentar.
Já o deputado federal Mario Frias (PL-SP) escreveu que as Olimpíadas estão “zombando da fé cristã”.
“Olimpíadas zombando da fé cristã”, disse Frias.
“Abertura das olimpíadas com caricatura lgbt da santa ceia. É pra ser inclusivo ou fazer deboche? Por que apenas o cristianismo é razão de caricatura? Talvez porque o cristianismo – que é a base do humanismo – abrace todo mundo e fundamente a inclusão de todos”, comentou Adrilles Jorge (União Brasil-SP), candidato à vereador de São Paulo.
Folha Gospel com informações de Folha Regional, The Christian Today, O Antagonista, Portal Leo Dias, O Globo e O Tempo