Após quase uma semana, o padre Wilson José Santos Pereira decidiu se pronunciar sobre as acusações de abuso sexual de um fiel. O sacerdote se manifestou por meio de uma carta endereçada à comunidade católica de Ceilândia, onde atua.

O vigário da paróquia Nossa Senhora da Glória garantiu o comparecimento à 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), onde deverá depor no inquérito que investiga a denúncia.

A carta foi lida durante a missa das 8h de ontem, acompanhada por cerca de 400 fiéis. As palavras do sacerdote foram calorosamente aplaudidas. Os fiéis pretendiam realizar uma passeata em favor dele, mas a manifestação acabou transferida para amanhã, dia do depoimento.

Na mensagem, o padre transcreveu um trecho bíblico, retirado da carta de São Paulo aos Efésios. “Toda a espécie de azedume, raiva, ira, gritaria e injúria desapareça de vós, juntamente com toda a maldade. Sede, antes, bondosos uns para com os outros, compassivos; perdoai-vos mutuamente, como também Deus vos perdoou em Cristo”, citou.

O padre André Pereira foi quem leu a carta. Ele assumiu a paróquia no dia 11, quando padre Wilson teria viajado para o Maranhão, após saber da denúncia. O acusado não confirma o local onde está, mas diz que não fugiu. “Estou em retiro para preservar a mim e à comunidade. Continuarei oferecendo meu sofrimento e oração à comunidade”, escreveu.

Um fiel que preferiu não se identificar disse que o padre Wilson teve problemas de saúde ao chegar ao Maranhão em decorrência da pressão sofrida após as denúncias. Segundo ele, o sacerdote deve desembarcar hoje no Distrito Federal. No entanto, o arcebispo de Brasília, dom João Braz de Aviz, teria determinado que ninguém fala com a imprensa antes do depoimento do padre.

Os fiéis reprovaram a presença da imprensa na missa de ontem. Um dirigente da paróquia tentou impedir a entrada dos repórteres na igreja. Depois, contemporizou e pediu que fotógrafos e cinegrafistas ficassem do lado de fora. Apenas uma fiel concordou em falar com os jornalistas. “Toda a comunidade acredita na inocência do padre Wilson. Confio que ele voltará a cuidar do rebanho dele”, disse Fátima Marinho. Ela vestia branco para participar da passeata que não ocorreu.

Fonte: Brasília Em Tempo Real

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