O padre Anthony Mercieca, de 70 anos, acusado de assédio sexual pelo ex-deputado republicano Mark Foley, é alvo de nova denúncia, pelo mesmo motivo. As novas alegações contra Mercieca foram feitas por um homem que viveu no norte de Miami e era coroinha na Igreja Católica Sant James, onde o padre trabalhava, revela o advogado Jeffrey Herman.

Foley renunciou a seu cargo de deputado depois que foi acusado de molestar adolescentes enviando cenas de sexo pela internet. Foley acusa o mesmo padre de tê-lo molestado quando era criança.

Segundo o advogado, a ação foi ajuizada nesta quinta-feira contra a Arquidiocese de Miami. Seu cliente, hoje com 40 anos, e identificado na ação como John Doe Número 26 , teria sido abusado pelo padre quando tinha 12 anos de idade.

“Meu cliente estava pensando a não levar o caso em frente mas quando o deputado Foley revelou sua história e a própria Igreja estimulou outras vítimas a falarem, ele resolveu abrir o jogo”, diz o advogado Jeffrey Herman.

A vítima conta que “todos os meus pesadelos voltaram” quando a foto de Mercieca apareceu no noticiário semana passada, depois que o deputado Foley revelou os abusos do padre. Foley ficou famoso por sua renúncia ao cargo de deputado republicano depois de ter enviado uma coleção de mensagens de conteúdo sexual explícito para adolescentes, a partir do computador do Congresso.

A porta-voz da Arquidiocese de Miami, Mary Ross Agosta, diz que “todo tipo de comportamento dessa natureza, da parte do padre Mercieca, era desconhecido da arquidiocese. Da mesma forma, a arquidiocese não dispunha de nenhuma informação que indicasse que o padre tinha ou incentivava esse tipo de comportamento”.

A Arquidiocese de Miami suspendeu Mercieca de todos os serviços na igreja quando passou a investigar as acusações do deputado Foley, de que o padre o molestara quando ele era coroinha na Igreja Católica Sagrado Coração, em Lake Worth, em, 1967.

Mercieca, de 69 anos de idade, agora mora na ilha maltesa de Gozo, no Mar Mediterrâneo. Mesmo aposentado, Mercieca ainda exerce funções sacerdotais na catedral de Gozo, da Arquidiocese de Malta. Seu advogado é Alfred Grech

Em 18 de outubro passado ocorreu outra ação contra a arquidiocese de Miami . Um homem alegou ter sido sexualmente abusado por dois padres, nos anos 80. O homem é conhecido no processo como John Doe Número 25, tem 39 anos e declarou que quando tinha 14 anos sofreu abuso sexual dos padres Gustavo Miyares e Pedro Jove, num acampamento de verão do Seminário Regional São Vicente de Paulo, na praia de Boynton, na Flórida.

Padre acusado de abuso por ex-deputado dos EUA contra-ataca

O padre acusado pelo ex-congressista norte-americano Mark Foley de molestá-lo quando era garoto afirmou nesta sexta-feira que as alegações não ofereciam motivos suficientes para que fosse processado.

Anthony Mercieca, que está aposentado e que vive na ilha de Gozo (Malta), admitiu em entrevista a meios de comunicação dos EUA que teve encontros com Foley que poderiam ser vistos como sexualmente inapropriados, mas negou ter mantido relações sexuais com o então menino.

Em um comunicado divulgado por seu advogado, Mercieca, 72, disse que a acusação de abuso sexual feita por um segundo homem era “na melhor das hipóteses um lapso de memória e, na pior, uma invenção intencional”.

“Em vista da série de acusações feitas contra ele, o reverendo Anthony Mercieca acredita que nada ocorrido entre ele e Mark Foley cerca de 40 anos atrás poderia oferecer bases para uma ação jurídica contra ele”, disse o advogado Alfred Grech.

“Ele, por isso, considera a exposição agressiva e negativa como algo injusto e injustificável”, acrescentou.

Foley, que obteve seis mandatos no Congresso concorrendo pelo Estado da Flórida, renunciou a sua vaga no dia 29 de setembro depois de ter sido acusado de enviar e-mails com material de sexo explícito para jovens assessores do Poder Legislativo.

Pouco depois, Foley veio a público a fim de contar que foi vítima de abusos sexuais cometidos por Mercieca. O padre, que viveu no Brasil, trabalhou da metade dos anos 60 até 2002 no sul da Flórida, onde o ex-congressista foi coroinha no final dos anos 60.

Mercieca admitiu, em entrevistas, ter nadado nu com Foley, ter ficado nu no mesmo quarto junto com Foley e ter acariciado o então menino quando este estava nu.

Depois disso, um outro homem afirmou ter sofrido abusos sexuais cometidos pelo padre quando a vítima teria 12 anos de idade.

As acusações contra Mercieca acrescentam lenha na fogueira do escândalo envolvendo Foley, escândalo esse que abalou o Partido Republicano pouco antes das eleições do dia 7 de novembro, quando os norte-americanos elegem seu novo Congresso.

O caso também lembrou o escândalo sexual envolvendo padres da Igreja Católica dos EUA e que veio a público em 2002.

A Arquidiocese de Miami afirmou estar investigando as acusações feitas por Foley. “Um comportamento desse tipo é moralmente condenável, canonicamente criminoso e indesculpável”, disse o órgão.

Fonte: Último Segundo e Reuters

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