Padre
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A Arquidiocese de Belo Horizonte afastou, na quinta-feira (18), o padre Bernardino Batista dos Santos, de 73 anos, após receber denúncias de abusos sexuais contra crianças que teriam acontecido há 22 anos, enquanto ele era pároco da Igreja de Santa Luzia, no bairro Paraíso, na Região Leste de Belo Horizonte.

A Polícia Civil confirmou que também recebeu denúncia e a investigação está sob sigilo. “No momento, não será divulgada qualquer informação para não atrapalhar os trabalhos policiais”.

Na época, pelo menos três das vítimas tinham cerca de 8 anos de idade. Uma delas é a advogada Carolina Rocha Freitas, hoje com 30 anos.

“Eu tinha entre 7 e 8 anos quando aconteceu o abuso. Foi no sítio dele, na cidade de Tiros, no interior do estado. As crianças dormiam no quarto, todas juntas, No dia que aconteceu, minha mãe acordou cedo e saiu do sítio para resolver algo. Acordei com ele passando a mão no meu corpo, eu lembro do cheiro daquilo, sai correndo e me escondi. Quando minha mãe chegou eu contei, chorei desesperada”, relembrou Carolina ao g1 Minas, na tarde desta quarta-feira (24).

A vítima disse que a mãe dela questionou o padre, na época, que negou as acusações. Ela disse ainda que algumas pessoas desencorajaram a mãe dela a prosseguir com a denúncia. Carolina conseguiu acionar a Justiça só quando já era adulta.

“Foi a possibilidade de poder ver justiça e poder ver a condenação dele. Fomos caladas e desencorajadas por muito tempo, eu não estou sozinha. Aí eu consegui ter coragem para falar e motivar outras vítimas que elas procurem a via judicial, para que a gente consiga fazer ele pagar. Espero que ele não faça isso com mais ninguém, que ele passe o resto da vida dele na cadeia, é o que ele merece, ele é perverso”, disse Carolina.

Em nota, a Arquidiocese disse ao portal G1 que, “por norma canônica de cautela, e enquanto ocorrem as apurações, o padre deixa de exercer seu ofício pastoral, até que sejam concluídos os trabalhos da Comissão Arquidiocesana para a proteção de Crianças, Adolescentes e Vulneráveis e das instâncias competentes no caso”.

Falou também que, diante da denúncia, a Comissão Arquidiocesana para a proteção de Crianças, Adolescentes e Vulneráveis “imediatamente iniciou trabalho que busca ouvir as autoras desses relatos, um processo de apuração interno que deve caminhar paralelamente, e em colaboração, com o trabalho de instâncias judiciais”.

Segundo a Arquidiocese, esses trabalhos ocorrem em sigilo.

“Esse episódio me marca até hoje, tenho depressão diagnosticada, tomo antidepressivos, crise de pânico, minha vida sexual foi muito complicada a ser desenvolvida em relação disso. Eu era muito ativa na igreja, hoje não consigo ir mais à missa, ainda é muito difícil de conviver com isso”, lamentou a vítima.
Advogada diz que há mais vítimas

Ana Carolina Campos Oliveira atua como advogada de três vítimas de abusos sexuais do padre. Segundo ela, “o número de vítimas só cresce”.

“Fui acionada pela vítima e ela trouxe um grupo de vítimas, o número de vítimas só cresce. A cada dia novas vítimas vão se apresentando e esse grupo vem ganhando número significativo”, disse.

Ela disse que não poderia detalhar mais a ação, por ela correr em segredo de Justiça.

“As autoridades policiais já foram acionadas, as investigações já se iniciaram, não posso tecer mais comentários a respeito porque correm sem segredo de Justiça. Mas não queremos que isso ocorra com outras mulheres”, disse.

Fonte: G1

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