O padre católico mais famoso do Brasil divide as igrejas evangélicas entre as tradicionais e as seitas e acredita que Jesus usaria as redes sociais para levar a mensagem.

Em entrevia ao jornal Correio da Manhã o padre Marcelo Rossi respondeu uma pergunta sobre o que mais o assustaria: um Brasil com a maioria ateia ou fiel a Igreja Universal do Reino de Deus e o padre católico foi enfático ao dizer que nenhuma das alternativas vai acontecer com o país.

A entrevista falava sobre o livro Ágape que se tornou um sucesso editorial alcançando 7 milhões de cópias vendidas. O jornalista também aproveitou para saber se Rossi se incomoda com o crescimento das igrejas protestantes e ele divide o segmento entre seitas e igrejas tradicionais.

Confira a entrevista abaixo:

[b]Correio da Manhã – Ficou surpreendido com as vendas do seu livro ‘Ágape’?[/b]

Marcelo Rossi – Acreditava que era possível um milhão, mas sete milhões e meio – quase a população de Portugal! – é impressionante. É sinal de que as pessoas estão em busca do Ágape.

[b]- Como teve a ideia de escrever esse livro?[/b]

– Estamos num mundo hedonista, que vive o eros. Tal como ‘Ágape’, ‘Eros’ é amor em grego, mas um amor egoísta, ciumento e capaz de matar. Não é o amor de Deus. As pessoas devem ter consciência que existe um amor de Deus, que pode ser vivido na família, que pode e deve ser vivido no trabalho.

[b]- Defender a mensagem de que é preciso amar o próximo não lhe parece utópico numa era marcada pela indiferença?[/b]

– Não. O livro tenta mostrar às pessoas os dez mandamentos do Senhor, resumidos a dois: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. O problema é que as pessoas não se amam. É um mundo hedonista em que as pessoas buscam o seu próprio prazer e não olham para o outro. Há uma auto-ajuda que visa fazer entender à pessoa que é amada e que tem valor. E aí poderá amar a Deus e aos outros.

[b]- Se Jesus Cristo viesse à Terra em 2012 acha que ele usaria o Facebook para difundir a mensagem?[/b]

– Com certeza que Jesus Cristo usaria as redes sociais. Estaria em todos os meios de comunicação. Em 2010 recebi um prémio do Papa Bento XVI enquanto evangelizador moderno. E o Santo Padre disse-me: “Continue.” Precisamos de evangelizar de um modo moderno. As redes sociais são essenciais.

[b]- Os seus métodos de evangelização, com discos, programas televisivos e missas para milhões, não agradam a toda a Igreja Católica. Tem noção disso?[/b]

– A Igreja Católica é unidade na diversidade. É pluralista, com vários movimentos. Jesus não agradou a toda a gente. Quem sou eu para agradar a toda a gente?

[b]- Fica ofendido com algumas críticas?[/b]

– Depende da forma como a crítica for feita. Estou a levar a palavra de Deus e a construir um santuário em São Paulo que vai ser o maior da América Latina, se não do Mundo, para mais de 100 mil pessoas. Todas as receitas do livro poderiam ser minhas, pois sou um sacerdote secular, mas doei tudo para essa construção. Ninguém tem de falar mal. Mas também não quero glórias humanas. Apenas fazer o meu trabalho, que é levar as pessoas a Jesus.

[b]- No livro fala muito bem de Bento XVI, que muitos católicos comparam negativamente com João Paulo II. O que pensa disso?[/b]

– Não vejo isso. João Paulo II tinha um carisma especial de evangelização e Bento XVI quer a solidificação da fé.

[b]- Preocupa-o o avanço das igrejas protestantes no Brasil?[/b]

– Há igrejas e igrejas. Uma coisa são as igrejas tradicionais evangélicas e outra são as seitas. Tiram muito partido das redes sociais e nós temos que tirar partido também.

[b]- O que o assustaria mais: um Brasil que deixasse de crer em Deus ou um Brasil crente em que a IURD fosse maioritária?[/b]

– Não acredito que isso possa acontecer. Nunca. O Brasil não vai deixar que isso aconteça. Quem prega um Deus e vende chaves do reino dos céus…

[b]- Acha que parte da Igreja Católica ainda está presa dentro dos templos e não sai para a rua?[/b]

– Acredito numa Igreja Católica pluralista. Estamos no novo milénio e temos que saber lidar com o Facebook. Com dois milhões de seguidores eu poderia fundar uma nova Igreja. Mas eu não quero isso. Se não utilizarmos as redes sociais, outros irão utilizá-las para fins pérfidos.

[b]- Sente que ter tantos seguidores poderia causar-lhe uma sensação de soberba?
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– Três coisas destroem o ser humano: o ter, o ser e o poder. Eu não tenho nada – se ficasse com o dinheiro, então poderia subir-me à cabeça… -, lido com a morte por ser padre – além de perder parentes que amo -, vejo que isto é uma passagem e Deus coloca-me no meu lugar.

[b]- Escreve que o desafio da paz começa nas famílias. A sua noção de família é necessariamente a tradicional, com um pai, uma mãe e filhos, ou é mais abrangente?[/b]

– Mais abrangente: os avós e as famílias em segunda ou terceira união. A base é a família, mas não só o pai e a mãe.

[b]- Nessa noção de família cabem as que são constituídas por homossexuais?[/b]

– A Igreja ama o pecador, mas não o pecado. A palavra de Deus é clara. Podemos respeitá-los, mas não dizer que estão correctos.

[b]- Acredita que o celibato é essencial para os padres?[/b]

– Fundamental. Imagine que um padre se separava: metade do banco da igreja é da mulher e metade dele? Seria uma confusão muito grande.

[b]PERFIL:
[/b]MARCELO ROSSI nasceu há 44 anos em São Paulo. Tornou-se um dos padres católicos mais conhecidos do Brasil ao gravar discos e fazer programas de televisão. Está a usar as receitas da venda do seu livro ‘Ágape’ para financiar a construção do enorme Santuário Mãe de Deus Theotókos na sua cidade natal.

[b]Fonte: Gospel Prime e Correio da Manhã (Portugal)[/b]

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