O padre Sizo, religioso sertanejo conhecido como o padre dos romeiros, poderá iniciar o ano de 2008 impedido de ministrar o sacramento, ou seja, poderá perder os direitos celebrar missas, realizar casamentos e batismos em igrejas.
O motivo da punição é uma disputa entre o padre e a igreja católica pela posse de um santuário religioso em Mata Grande.
O calvário de padre Sizo começou há alguns meses, quando o Bispo da arquidiocese de Palmeira dos Índios, Dom Dulcênio Matos, anunciou que o gerenciamento do Santuário de Santa Teresinha, em Mata Grande, deveria ser feito pela sua diocese.
O padre sertanejo, que construiu a obra com o dinheiro arrecadado nas romarias organizadas por ele próprio, não aceitou a proposta e começou a ter os primeiros atritos com o Bispo.
O Santuário de Santa Terezinha é considerado um dos maiores templos religiosos do Sertão alagoano e todos os anos recebe a visita de milhares de romeiros, devotos de Santa Teresinha. Mata Grande, a exemplo de Juazeiro do Norte/CE, é uma das cidades nordestinas que mais recebe romeiros durante o ano.
Eles vêm de vários estados nordestinos, entre eles, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Paraíba e Ceará. O objetivo é fazer e pagar promessas junto a Santa Teresinha.
A obra começou a ser edificada há cerca de cinco anos, quando o padre Sizo ainda era pároco do distrito de Xingó, em Piranhas, local onde permaneceu durante sete anos. No distrito o padre, todos os meses de setembro, realizava os Cenáculos Teresianos, que já chegou a reunir em torno de 100 mil fiéis.
Segundo padre Sizo, desde a chegada do Bispo Dom Dulcênio Matos na arquidiocese, a sua situação em Xingó começou a se complicar. “As nossas idéias não se encaixavam e com a chegada do padre Rinaldo, em Xingó, a situação ficou extremamente insustentável”, disse o padre Sizo.
O estopim dos desentendimentos ocorreu há cerca de três meses, após a manifestação do interesse da igreja católica em se apropriar do Santuário Teresiano. Padre Sizo disse ao Bispo que a obra foi edificada por ele, pelos romeiros e amigos e deverá ficar sob sua responsabilidade enquanto tiver vivo, até por conta do Santuário ter sido construído em uma área de propriedade do padre.
Padre Sizo disse ainda que a transferência do Santuário para os poderes da igreja católica só poderá ser feita após a sua morte.
A resposta não foi bem aceita pelo Bispo Dom Dulcênio Matos, que, imediatamente, ameaçou de punir padre Sizo com Suspensão da Ordem, caso não abra mão do Santuário até o dia 31 de dezembro deste ano. A Suspensão da Ordem significa a cassação dos direitos de um padre ministrar o sacramento em templos católicos.
Padre Sizo, apesar de surpreso com a decisão do Bispo, disse que não está preocupado com a situação e colocou o seu futuro nas mãos de Deus. “O meu futuro a Deus pertence. Apesar de estar passando por um martírio muito grande, já decidi que irei honrar minha batina até o final de minha vida”, garantiu o padre.
Fiéis afirmam que padre pode estar sofrendo perseguição
Há alguns meses padre Sizo sequer não celebra uma missa ou realiza um simples batizado. O motivo exato ele não comentou com a nossa equipe de reportagem, apenas disse que o afastamento das atividades ocorreu por decisão própria.
Muitos religiosos sertanejos acreditam na hipótese de uma perseguição religiosa por conta do impasse na decisão do rumo do Santuário de Santa Terezinha. Severino Passos da Silva, devoto de Santa Teresinha, diz que pode existir interesse financeiro por parte da igreja católica. “O Santuário arrecada muito dinheiro, que é investido de forma responsável e transparente no próprio Santuário. Acho que o Bispo deveria se preocupar menos com o trabalho do padre Sizo, que a cada ano ganha a simpatia e a admiração de mais fiéis”, finalizou o católico.
Fonte: Alagoas em Tempo Real