O pai-de-santo Willian Domingos da Silva foi condenado nesta quinta-feira pelo 1º Tribunal do Júri de Goiânia (GO) a 19 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado: crime cometido por motivo torpe, com uso de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Ele foi acusado pelo Ministério Publico de matar o menino Michel Mendes, 4 anos, durante um ritual de magia negra em abril de 1989, no Setor Rio Formosa, na capital goiana. O julgamento durou cerca de 13 horas.

A esteticista Elsa Soares da Silva, que teria sido a mandante do crime, foi condenada no mesmo julgamento a 18 anos de prisão. Segundo o promotor de Justiça Milton Marcolino, as penas diferentes se devem porque, no entendimento da juíza Carmecy Rosa Maria de Oliveira, o autor do crime deve ter uma punição maior. “Foi ele quem efetivamente cometeu o crime”, disse Milton.

Os outros acusados de participação no crime – o mestre de candomblé Alexandre dos Santos Silva Neto e a faxineira Eva dos Santos Marinho – morreram.

De acordo com o Ministério Público, a criança foi morta em um ritual no terreiro de candomblé Axé Ilê Oxalufá. Laudos cadavéricos e o depoimento de uma testemunha que já morreu incriminaram Wilian. Contra Elsa, pesa o fato de terem sido encontrados em sua residência objetos iguais aos usados durante o ritual.

Segundo o MP, Elsa estaria decepcionada com sua vida amorosa após ser abandonada por um homem. Ela então teria recorrido a um pai-de-santo para que esse ex-namorado tivesse problemas com o novo relacionamento dele.

Wilian teria recorrido à magia negra e pedido à esteticista que lhe entregasse um menino. Elsa teria apontado Michel, que na época morava com uma tia, vizinha da esteticista. Essa mulher freqüentava o salão de Elsa sempre acompanhada da criança.

O menino foi raptado, amordaçado e passou por uma sessão de tortura antes de morrer. O corpo de Michel foi encontrado 13 dias depois, no dia 8 de abril de 1989, pela polícia, enterrado em uma cova rasa próxima ao terreiro de candomblé. O inquériro ficou vários anos parado, sendo reaberto em 1998.

A defesa dos réus tentou alegar que o MP não conseguiu apresentar provas consistentes contra o pai-de-santo e a esteticista. E diz que há apenas o testemunho de uma pessoa que foi dado à revelia.

Para o promotor, a sentença foi justa. “A Justiça atendeu a todos os pedidos feitos pelo MP”, disse. Os advogados dos réus recorreram da decisão ainda durante o plenário nesta noite. Willian e Elsa vão aguardar a decisão do recurso em liberdade.

Fonte: Terra

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