O Papa Bento XVI afirmou, durante sua homilia na cerimônia de encerramento da Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos, que “a divisão dos cristãos é contrária ao projeto de Deus”, mas que a unidade não pode ser imposta e precisa de diálogo.

Com esta afirmação, o Papa encerra uma semana dedicada ao ecumenismo, na qual reiterou seu empenho em seguir pelo difícil caminho da unidade dos cristãos.

Na homilia de ontem, Bento XVI disse que o mundo “precisa cada vez mais do testemunho comum dos cristãos”, mas afirmou que a unidade não pode ser “imposta nem organizada” e que a única alternativa é “o diálogo honesto e leal”.

Nesta linha, o Papa disse que é indispensável a cada denominação cristã expor “com clareza” toda a sua doutrina, para um diálogo “que confronte, discuta e supere as divergências ainda existentes”.

Além disso, acrescentou que “o modo e o método de anunciar a fé católica não tem que ser, de forma alguma, um obstáculo para o diálogo com os irmãos”.

A Semana de Oração, que começou em 18 de janeiro, tinha como lema “Faça os surdos ouvirem e os mudos falarem”, proposto como reflexão pelas comunidades cristãs da África do Sul, afirmou hoje Bento XVI.

O Papa acrescentou que a escolha deste tema foi feita diante da situação de “racismo, pobreza, conflitos, exploração e doenças” que atinge a África e que “desperta a necessidade de ouvir a palavra de Deus e falar com valor”.

Este tema bíblico, baseado na passagem do Evangelho de Marcos na qual Cristo curou um surdo-mudo, estimula os fiéis a superarem “sua surdez”, frente a palavras “que não se conciliam com nossos preconceitos e com nossas opiniões”, declarou o Pontífice.

Ele também pediu aos crentes que “escutem e estudem os que antes de nós escutaram a palavra de Deus, para aprenderem a ler a Bíblia nesta longa e rica tradição da escuta”.

Bento XVI acrescentou que “quem escuta a palavra de Deus pode e tem que transmiti-la aos demais, aos que não nunca a escutaram ou aos que a esqueceram sob os espinhos da preocupação e dos enganos do mundo”.

Durante os últimos dias, o Papa dedicou suas catequeses nas audiências públicas e no Ângelus dominical ao ecumenismo, com uma atenção especial aos passos que foram dados nesta direção durante 2006.

Entre estes “avanços”, citou sua “inesquecível” viagem à Turquia, onde encontrou o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. Além disso, desejou que “fossem tiradas conseqüências do abraço de paz” que trocou com o representante ortodoxo.

Outros “passos concretos em direção à plena comunhão dos cristãos” dados no ano passado foram os encontros com o patriarca grego Christodoulos e com o arcebispo anglicano Rowan Williams.

A Santa Sé reconheceu a melhora das relações ecumênicas, principalmente com os ortodoxos, mas não esconde que existe uma questão pendente, o esperado encontro entre o Papa e o patriarca ortodoxo russo, Alexei II.

O Vaticano afirmou que “as relações com a Igreja russa melhoraram e o empenho para que melhorem ainda mais continua”. Porém, por enquanto não há “nada de concreto” em relação a uma viagem a Moscou, um dos desejos não cumpridos do falecido Papa João Paulo II.

Fonte: EFE

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