O Papa Bento XVI autorizou nesta quarta-feira a publicação do documento com as conclusões da V Conferência Episcopal da América Latina e Caribe (Celam), realizada em maio deste ano na cidade de Aparecida, interior de São Paulo, informou o Vaticano.
Em carta datada de 29 de junho, o Papa autoriza a publicação, no dia 11 de julho, do documento final de Aparecida, por ocasião de nova assembléia da Celam que acontece em Cuba.
O texto foi apresentado no Vaticano pelos três presidentes da assembléia brasileira: o cardeal chileno Francisco Javier Errázuriz, arcebispo de Santiago do Chile e presidente da Celam, o cardeal italiano Giovanni Battista Re, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina e o cardeal brasileiro Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador da Bahia e Primaz do Brasil.
“Autorizo a publicação do documento conclusivo, pedindo ao Senhor que, em comunhão com a Santa Sé e com o devido respeito pela responsabilidade de cada bispo em sua igreja particular, seja luz e alento para um fecundo trabalho pastoral e evangelizador nos anos vindouros”, escreveu o Papa.
No documento, os bispos latino-americanos ratificam a necessidade de um compromisso rigoroso dos fiés com os dogmas morais da Igreja para reconquistar o continente, fortemente influenciado por outras religiões e pelo secularismo.
O texto, de 136 páginas, dividido em dez capítulos, pode ser consultado no site da Celam.
Bento XVI, que assistiu no Brasil à abertura dos trabalhos da assembléia episcopal, não realizou nenhuma mudança no documento apresentado.
O relatório reconhece o avanço de seitas e religiões pentescostais como uma ameaça à Igreja Católica, além de manifestar preocupação com os graves problemas de violência, pobreza e injustiça em todo o continente.
Na carta do Papa, dirigida à igreja latino-americana, o pontíficie afirma que o documento apresentado contém “numerosos e oportunos sinais pastorais, motivados com reflexões à luz da fé e do contexto social atual”.
Bento XVI reconhece que leu “com particular apreço as palavras que exortam a dar prioridade à Eucaristia e à santificação do Dia do Senhor nos programas pastorais” e elogia a proposta de realizar uma “missão continental”.
O texto também reitera o compromisso da Igreja com os pobres e uma firme desaprovação do divórcio e do aborto, além de adotar uma postura defensiva em relação ao avanço dos cultos pentecostais.
A aprovação do documento encerra a polêmica gerada pelas controversas declarações feitas pelo Papa ao abrir a conferência de Aparecida, negando a violência usada pelos conquistadores ibéricos para impor o cristianismo aos povos nativos da América.
O cristianismo na América “não foi a imposição de uma cultura estranha”, porque “Cristo era o Salvador que (os indígenas da América) aguardavam silenciosamente”, disse o pontíficie na ocasião.
Após sua viagem ao Brasil, Bento XVI reconheceu publicamente que “não é possível esquecer os sofrimentos e injustiças infligidos pelos colonizadores às populações indígenas, cujos Direitos Humanos fundamentais foram pisoteados”.
Fonte: AFP