O papa Bento 16 deveria ser responsabilizado por não ter tomado providências a respeito dos casos de abuso sexual ocorridos na escola de Milwaukee, disse Arthur Buzinski, 61, uma das 200 crianças surdas supostamente violentadas por padres da Igreja Católica nos Estados Unidos.
“O papa sabia disso”, afirmou Buzinski, que é surdo, com a ajuda de sua filha, em uma entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira. Ele alega ter sido abusado pelo padre Lawrence Murphy, que morreu em 1998, com 72 anos, e trabalhou na escola para surdos entre 1950 e 1974.
“Foi o papa quem lidou com os casos de abuso sexual na época. Então, eu acho que deveriam responsabilizá-lo, já que ele nada fez”, disse Arthur.
Em 1996, o arcebispo de Milwaukee, Rembert Weakland escreveu uma carta relatando os abusos de Murphy para o então cardeal Joseph Ratzinger, naquela época um dos principais oficiais do Vaticano.
De acordo com a posição da Santa Sé, em resposta às acusações feitas hoje pelo jornal “The New York Times”, não houve acobertamento do caso porque a igreja não prevê punição automática para casos como esse.
Acobertamento
Entre 25 documentos internos da igreja, o “Times” publicou em seu site na internet uma carta de 1996 sobre Murphy enviada ao cardeal Joseph Ratzinger –hoje o papa Bento 16–, o que provaria que o pontífice havia sido informado do caso na ocasião.
O assistente de Ratzinger teria defendido um julgamento disciplinar secreto em 1998, mas reverteu a decisão depois que Murphy apelou diretamente a Ratzinger por clemência. O padre morreu no final daquele ano.
A reportagem do “Times” foi publicada após várias denúncias de abusos sexuais cometidos por padres na Europa, e a pressão para a renúncia de bispos por não terem denunciado os casos às autoridades.
Ainda nesta quinta-feira, houve protestos de vítimas na praça São Pedro, em Roma, e o cardeal José Saraiva Martins, um dos assessores mais próximos do papa, denunciou uma “conspiração” contra a Igreja Católica.
Fonte: Folha Online