O papa Bento XVI viaja para os Estados Unidos – onde visitará Washington e Nova York entre amanhã e 20 de abril – com o objetivo de encorajar os católicos diante da ampliação do movimento evangélico e de buscar uma reaproximação com os judeus.

Em um programa que inclui a reunião com o presidente do país – George W. Bush -, um discurso na ONU e encontros inter-religiosos e eclesiais, Bento XVI quis dedicar alguns momentos para “abraçar espiritualmente todos os católicos que vivem nos EUA”, como explicou em mensagem enviada aos americanos.

Os católicos, segundo as últimas estatísticas do Vaticano (relativas a 2006), são 67,5 milhões no país, o que representa 22,6% da população.

Os protestantes foram sempre a religião majoritária nos EUA (atualmente 51,3% da população), mas o ramo evangélico do protestantismo (grupos como Batistas tradicionais, Pentecostais tradicionais e Metodistas tradicionais) alcançou 26,3%, superando assim os católicos, segundo um relatório publicado recentemente pelo Pew Fórum on Religion and Public Life.

Mesmo assim, os EUA se apresentam como um país que tem índices de participação religiosa bem maiores que na Europa, o que faz com que o Vaticano espere uma presença em massa dos católicos durante os eventos relacionados ao pontífice.

Bento XVI realizará duas missas: no dia 17 de abril no estádio de beisebol Nationals Park (Washington) – com capacidade para 45 mil pessoas – e no dia 20 de abril no estádio do Yankees (Nova York) – que pode receber até 57 mil pessoas.

Em Washington ele também se reunirá com cerca de 200 pessoas, entre presidentes e professores de escolas e faculdades católicas, vinculadas à Catholic University of America.

Em Nova York, no seminário Saint Joseph, o líder da Igreja católica será escutado por cerca de 20 mil jovens e seminaristas, informa o Vaticano.

Muitos destes fiéis são de origem latino-americana, pois representam 29% dos católicos nos EUA, e, por isto, o papa incluirá em seus discursos e homilias amplas falas em espanhol.

O Vaticano quis destacar que a viagem do pontífice, além de ser uma resposta ao convite da ONU, é também uma viagem pastoral e faz parte das celebrações do bicentenário da fundação de quatro dioceses americanas: Boston, Louisville, Filadélfia e Nova York, assim como a de Baltimore como a primeira Arquidiocese dos EUA.

Na preparação da viagem, a Santa Sé considerou também a presença de uma grande comunidade judaica nos EUA, que conta com cerca de 5,2 milhões de pessoas. Assim, Bento XVI aproveitará a oportunidade para acertar as últimas arestas que surgiram em sua relação com este grupo.

No início estava previsto apenas um encontro, mas na última hora o Vaticano incluiu no programa uma visita à sinagoga nova-iorquina de East Park, que está sob a direção do rabino Arthur Schneier, de 78 anos, de origem austríaca e que sobreviveu ao Holocausto.

Dois encontros que tem o intuito de diminuir as tensões que surgiram após as instituições judaicas denunciarem que o Vaticano queria lhes desprezar e discriminar com o retorno da oração em latim da Sexta-Feira Santa na qual reza por Israel.

Bento XVI mudou nesta oração a frase na qual pedia pela “conversão do povo judeu”, que tantas críticas já causou por conter um que “ilumine seus corações para que reconheçam a Jesus Cristo como salvador de todos os homens”.

Entretanto, esta iniciativa não conseguiu acabar com as críticas.

O Vaticano emitiu há poucos dias um comunicado no qual afirma que com esta oração a Igreja Católica “não quis, de forma alguma, manifestar uma mudança no comportamento com relação aos judeus”.

Alguns expoentes do movimento judaico expressaram satisfação pelo esclarecimento, entre eles está Jack Bemporad, que estará presente no evento com Bento XVI na sinagoga de Park East.

Outros, como o rabino de Roma, Riccardo Di Segni, afirmam que o comunicado do Vaticano é “muito bonito”, mas o que esperam ouvir é que a Igreja não reza pela conversão dos judeus.

Fonte: EFE

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