O papa Bento 16 afirmou neste sábado que as feridas dos casos de abuso sexual na Igreja Católica irlandesa são “profundas” e orientou os bispos do lugar a fazer o que for necessário para que as ofensas não voltem a se repetir e para reconstruir a confiança abalada.
“No exercício do seu ministério pastoral, vocês têm tido que responder nos últimos anos a muitos casos tristes de abuso sexual de menores”, afirmou o papa a bispos irlandeses reunidos no Vaticano.
“As feridas deixadas por esses atos são profundas, e é uma tarefa urgente reconstruir a confiança onde ela foi prejudicada”, disse.
Em comentários raros sobre esse assunto, o papa declarou que a Igreja precisa estabelecer a verdade sobre esses abusos e assegurar que “os princípios da justiça sejam plenamente respeitados”.
Embora estivesse falando para bispos da Irlanda, país que registrou um dos piores escândalos de abuso sexual da Igreja, as palavras de Bento 16 vão ecoar em outras partes do mundo, incluindo os Estados Unidos.
Um escândalo de pedofilia de um padre em Boston, em 2002, espalhou-se para quase todas dioceses norte-americanas. Padres foram processados, e indenizações foram pagas a vítimas.
Os arquivos da Igreja nos Estados Unidos também revelaram que alguns bispos repetidas vezes transferiram padres acusados de abusar de menores para outras paróquias, em vez de denunciá-los à polícia.
“É importante estabelecer a verdade sobre o que aconteceu no passado, tomar as medidas necessárias para prevenir que isso ocorra de novo”, disse o papa, de acordo com uma cópia do discurso divulgada pelo Vaticano.
“Acima de tudo, (é importante) trazer a cura para as vítimas e para todos os afetados por esses crimes.”
No caso da Irlanda, revelações nos anos 1990 de abusos sexuais sistemáticos de jovens por padres abalaram a reverência que a maior parte dos irlandeses tem pela Igreja.
O papa afirmou que esses crimes devem ser vistos como exceção na Irlanda. “O grande trabalho e a dedicação da grande maioria dos padres e religiosos na Irlanda não devem ser ofuscados por essas transgressões.”
Em maio, o papa tomou a sua primeira importante decisão sobre acusações de abuso sexual. Ele ordenou que um religioso mexicano influente, acusado de abuso sexual, se retirasse para uma vida de “oração e penitência”.
Fonte: Reuters