O papa Bento XVI pediu, nesta quinta-feira, aos católicos italianos que defendam os valores familiares e se oponham à legalização de uniões “fracas e desviantes”, numa aparente referência ao casamento homossexual.
Os comentários fizeram parte de um longo e abrangente discurso a uma convenção católica italiana em Verona, nordeste da Itália, a cidade onde transcorre a trama de Romeu e Julieta.
Embora não tenha citado especificamente a união homossexual, foi muito aplaudido nas duas vezes em que falou sobre a família e contra “outras formas de união”. O evento reuniu milhares de pessoas num espaço de exposições nos arredores de Verona. Bento XVI pediu aos fiéis que combatam “com determinação o risco de decisões políticas e legislativas que contradigam os valores fundamentais e os princípios éticos e antropológicos enraizados na natureza humana”.
Ele cobrou uma defesa “da família baseada no matrimônio, a oposição à introdução de leis sobre outras formas de união, que só podem desestabilizar [a família] e obscurecer seu caráter especial e seu papel social, que não tem substituto”. Mais adiante, o pontífice fez uma outra referência velada à homossexualidade, ao dizer que a Igreja disse “‘não’ a formas de amor fracas e desviantes” e “‘sim’ ao amor autêntico, à realidade do homem tal qual foi criado por Deus”.
O governo italiano, de centro-esquerda, prometeu alguma forma de reconhecimento a casais unidos informalmente, mas não chegou a apoiar abertamente o casamento homossexual. Mas alguns partidos da coalizão, que inclui de católicos a comunistas, defendem maiores direitos para os homossexuais, inclusive o de se casarem. Outros setores, mais ao centro, preferem um reconhecimento jurídico similar ao que existe desde 1999 na França, garantindo uniões civis que garantam benefícios como heranças e pensões, mas sem configurar um casamento.
A Igreja italiana é contra, dizendo que isso enfraquece o casamento e a família tradicionais. O primeiro-ministro Romano Prodi, católico praticante, deve comparecer à missa campal do papa ainda na quinta-feira, em um estádio de Verona. Em seu discurso na convenção, Bento XVI também foi aplaudido ao dizer que a Igreja deve continuar defendendo “a vida em todas as suas fases, da concepção à morte natural”.
Ele afirmou que a Igreja não pretende ser “um agente político”, mas que deseja ajudar a moldar políticas sociais. O papa defendeu mais verbas públicas para igrejas católicas, que segundo ele são vítimas de “antigos preconceitos” injustificáveis.
Fonte: Correio do Brasil