O papa Francisco admitiu, pela primeira vez, nesta terça-feira (5), que os casos de padres e bispos que abusaram sexualmente de freiras nos últimos anos são verdadeiros.
A declaração foi feita depois que o pontífice foi questionado sobre uma das maiores crises que a Igreja Católica vem enfrentando, depois que vieram à tona, no mundo inteiro, casos de abusos sexuais de freiras e crianças cometidos por membros do clérigo.
“É verdade. Há padres e bispos que fizeram isso”, comentou o papa durante uma coletiva de imprensa a bordo do avião que retornava ao Vaticano, após viagem histórica aos Emirados Árabes Unidos.
Francisco destacou que as freiras foram – e ainda são – utilizadas como “escravas sexuais” e que vários clérigos e congregações femininas foram suspensos, como medida de combate ao crime por parte da Igreja.
Em novembro do ano passado, a União Internacional dos Superiores Gerais – organização que representa as ordens católicas no mundo – denunciou a “cultura do silêncio e do sigilo” que contribuiu para que muitas freiras sofressem abuso sexual e tivessem receio em denunciar os casos para as autoridades.
Na semana passada, um artigo da Women Church World , revista feminina do jornal do Vaticano, culpou o grande poder dado aos padres e mencionou que algumas freiras chegaram a realizar abortos ou dar à luz a filhos dos religiosos, que não reconheceram os bebês.
Os casos acontecem há anos, porém as vítimas só tiveram atenção recentemente quando o movimento #MeToo – que motiva as mulheres a denunciar os casos de abuso – ganhou forças e quando surgiram também casos de pedofilia por parte do clérigo.
Na última sexta-feira (1ª), líderes da Igreja Católica do Texas revelaram uma lista com nomes de cerca de 300 padres e religiosos acusados de abusarem sexualmente de crianças , nos últimos 70 anos, no estado norte-americano.
Segundo o papa, a Igreja Católica não pode se refugiar na negação desses casos. Com isso, uma reunião com bispos de várias partes do mundo foi convocada para o final deste mês, a fim de debater os casos de abuso de freiras e de crianças por parte do clérigo.
Fonte: Último Segundo