Pontífice afirmou que trabalho dos administradores pode levar à mediocridade caso se esqueçam da verdadeira vocação.

O papa Francisco alertou os administradores do Vaticano neste sábado, 21, que o trabalho deles pode entrar em uma espiral que levaria à mediocridade, fofocas e disputas burocráticas, se eles esquecerem que sua vocação profissional é servir à Igreja.

Francisco fez os comentários durante seu discurso de Natal para a cúria do Vaticano. Eleito em março para reformular a antiquada e muitas vezes disfuncional administração da Igreja Católica, o novo papa já promoveu diversas mudanças na cúpula da instituição. Na semana passada ele mudou o conselho consultivo da Congregação dos Bispos, o escritório que analisa todas as nomeações de bispos no mundo. O pontífice removeu o ultraconservador cardeal norte-americano Raymond Burke e o cardeal italiano também linha-dura Mauro Piacenza.

Outras mudanças estão no horizonte: nas próximas semanas Francisco vai nomear sua primeira leva de cardeais e, em fevereiro, vai presidir o terceiro encontro do seu chamado “Grupo dos Oito”, encarregado de apresentar propostas para reformular a administração da Santa Sé.

Apesar do alerta feito neste sábado, o papa agradeceu os cardeais, bispos e padres que estavam reunidos na Capela Clementina por seu trabalho, diligência e criatividade. Fugindo do discurso preparado, ele comentou: “existem santos na Cúria!”. Mesmo assim, Francisco lembrou que os membros da cúpula da Igreja devem mostrar profissionalismo e competência, além de santidade.

“Quando falta profissionalismo, há uma lenta caminhada em direção à mediocridade. Quando a atitude não é mais aquela de servir às suas igrejas específicas e seus bispos, a estrutura da Cúria se torna uma administração pesada e burocrática, constantemente inspecionando e questionando, dificultando o trabalho do Espírito Santo e o crescimento do povo de Deus”, afirmou o papa.

Ele também alertou contra a fofoca, que domina o recluso mundo do Vaticano. Segundo o pontífice, as autoridades da Igreja precisam se opor conscientemente à fofoca. “Sejamos todos opositores conscientes, e lembrem-se que eu não estou simplesmente moralizando. A fofoca é prejudicial para as pessoas, nosso trabalho e nosso ambiente.”

[b]Fonte: Associated Press via Estadão. [/b]

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