O pastor e deputado federal Mário de Oliveira (foto) do PSC -MG, acusado pela Polícia Civil de Osasco (SP) de ter elaborado um plano para assassinar o colega de parlamento e também pastor, Carlos Willian (PTC-MG), voltou a alegar inocência e defender que as acusações contra ele seriam uma armação para prejudicá-lo.

No entanto, durante coletiva à imprensa, ontem, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) entrou em contradição. Primeiro, o deputado disse que não tinha sequer “tomado conhecimento” da gravação feita pela polícia paulista, em que o obreiro da IEQ, Odair José da Silva, afirmou que ele teria mandado contratar um pistoleiro para matar Carlos Willian.

“Não há gravação de diálogos, existe apenas a palavra dele”, disse. Já em outro momento da entrevista, o deputado alegou que Silva teria mentido em seu depoimento. “Eu li o inquérito, mas não ouvi a gravação. Isso não consta no inquérito”. No entanto, minutos depois, o deputado voltou a citar o desconhecimento dos documentos. “Eu fui informado da prisão pelo Celso (Braz do Nascimento, seu assessor), que estava lá no dia. Mas não fui informado do inquérito. O que ele (Silva) disse, eu soube pela televisão, pela imprensa. A imprensa é que fala. Não existe gravação, eu ouvi pela televisão”.

Questionado sobre seu relacionamento com Odair Silva, Oliveira contou ser amigo do obreiro, que, segundo ele, é funcionário da Editora Quadrangular em São Paulo, e faz serviços gerais. “Minha ligação com ele era de funcionário e de companheiro também, de amigo”, afirmou o pastor. Em seguida, o deputado revelou que “o amigo” teria lhe procurado um dia depois de sua prisão. “No dia seguinte à prisão, ele (Odair) tentou falar comigo, e eu não quis falar com ele. Eu acho que a partir dessa decisão, o nosso contato tem que ser diferente, através do inquérito, através da Justiça.”

Assim como tem feito desde que foi aberto processo contra ele no Conselho de Ética da Câmara Federal, o deputado do PSC não quis revelar qual será a estratégia de defesa, mas criticou as investigações da Polícia Civil de Osasco. “Há muitas incoerências”, disse, sem apontar quais. Além disso, Oliveira afirmou que não teme ser cassado, e que está com a consciência limpa. “Quem não deve não teme. Sou inocente. Durmo bem, como bem, estou tranqüilo”, ressaltou o deputado federal do PSC.

Justiça bloqueia bens de braço direito de deputado federal

A Justiça em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, determinou o bloqueio de bens do pastor Jerônimo Onofre da Silveira, braço direito do deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG), e da Escola do Ministério Jeová Jiré, organização não-governamental (ONG) ligada à Igreja do Evangelho Quadrangular, presidida por Oliveira.

O bloqueio se refere à uma denúncia envolvendo desvios de verbas públicas em Contagem. Investigações da Polícia Civil de São Paulo apontaram o deputado federal como mandante de um plano para matar o também deputado federal Carlos Willian (PTC-MG). Oliveira reafirmou nesta sexta-feira, 13, inocência, mas caiu várias vezes em contradição.

Sem dar nomes, ele disse que considera as acusações uma “armação”. “Sou inocente. Durmo bem, como bem, estou tranqüilo”, disse. No mês passado, um funcionário da igreja foi detido pela polícia de São Paulo após envolvimento com um suposto matador de aluguel. Em grampos telefônicos, foi descoberto um suposto plano para assassinar Carlos Willian. O funcionário disse que o mandante do crime seria Oliveira.

O PSC entrou com representação contra o parlamentar por quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara e o processo será analisado após o recesso parlamentar, que termina em 1º de agosto. “Essa defesa eu estou estudando com o advogado. Estamos trabalhando, elaborando e analisando como será a defesa (no Conselho de Ética). Se ele disse que eu o agredi deve estar mentindo.”

Oliveira e Wilian foram correligionários até a última eleição, quando houve um rompimento e os dois saíram candidatos por partidos distintos. “Acho que chega um momento em que as pessoas escolhem um caminho. Eu acredito o seguinte, chegou o momento em que ele (Carlos Willian) tomou a decisão de seguir o caminho sozinho, para outro lado, e eu segui o meu caminho”, afirmou.

MP prepara nova investida contra Jeová Jiré

O promotor de Justiça Mário Antônio Conceição, do Ministério Público de Contagem, informou ontem que vai instaurar outro inquérito civil público contra a Escola de Ministério Jeová Jiré. A entidade civil é controlada pelo pastor Jerônimo Onofre da Silveira, braço direito e amigo há 32 anos do deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG). A nova investida do MP deve ser formalizada no início da próxima semana e visa esmiuçar os recibos de pagamentos a favor do Posto REM Ltda., localizado no bairro Nova Suíça, e da empresa de Transportes Jovimar Ltda., com sede no bairro Jardim América.

O promotor quer esclarecer, por exemplo, se os serviços da Transportes Jovimar realmente foram prestados. A suspeita é de que a empresa cobrava valores irrisórios pelo aluguel de ônibus que não possui para fechar a contabilidade fraudulenta da entidade. Em 2001, a empresa emitiu nota fiscal suspeita de locação de 14 ônibus e uma Van. Pelo aluguel da pequena frota, a entidade pagou apenas R$ 1.480, ou seja, R$ 98,60 por veículo. Por telefone, a esposa do proprietário da Jovimar afirmou que a empresa não tem tantos veículos.

O deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG) saiu ontem em defesa de Jerônimo Onofre, que teve os bens bloqueados por decisão da Justiça de Contagem, após pedido do Ministério Público. “Eu tenho orgulho de ter o pastor Jerônimo como meu amigo, porque tenho certeza absoluta de que ele é inocente e não deve nada”, ressaltou Mário de Oliveira. O deputado negou qualquer envolvimento com a entidade, mesmo tendo sido apontado pelo MP como chefe da quadrilha. E disse que a Jeová Jiré não tem laços legais com a Quadrangular. “O ministério não tem nenhuma ligação com a Igreja. Apenas uma ligação fraterna, de apoiamento. Mas nada legal.”

Fonte: Estadão e O Tempo

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