Cerca de 50 extremistas hindus do grupo “Dharma Raksha Sena” interromperam o pastor Vinod Karsal, de 50 anos, enquanto ele orava pela cura de outro pastor em Jabalpur, Estado de Madhya Pradesh, no dia 14 de agosto.

O pastor Shaun Kushwaha, 45 anos, tinha uma cirurgia marcada e pediu para Vinod ir à sua casa e orar por ele. Às 19h15, Vinod foi à casa de Shaun com sua moto. Vinod é pastor da Assembléia de Deus em Jabalpur desde 1984.

Enquanto Vinod orava, os vizinhos ligaram para extremistas do Dharma Raksha Sena (Exército de Defesa) para notificá-los de que havia cristãos orando na casa de Shaun. Logo um grupo de 45 a 50 pessoas se reuniu fora da casa.

“Ao ouvir a gritaria de palavras de ordem anticristãs do lado de fora, escondemos a Bíblia”, Vinod disse. “O grupo entrou na casa, mas quando não encontraram nenhum material cristão, eles prestaram atenção na minha moto, que estava parada na entrada da casa.”

O porta-objeto da moto continha apenas uma capa de chuva e uma revista, mas, por revolta, um dos extremistas colocou porções bíblicas no compartimento e então as mostrou como “evidências de conversão”, disse Vinod.

Voluntários extremistas

A polícia logo chegou, bem como Yogesh Agarwal, uma figura famosa do Dharma Raksha. Eles levaram Vinod à delegacia de Gora Bazar. Ele ficou detido até às 23h30.

“Na delegacia, Yogesh Agarwal me maltratou e usou a linguagem mais baixa, proferindo insultos sobre mim e meu ministério”, Vinod disse. “Ele me acusou de atrair pessoas para se converterem ao cristianismo, e me ameaçou com conseqüências terríveis caso eu não interrompesse minhas pregações.”

Segundo fontes que falaram com o inspetor de polícia R.K. Soni, ele relatou que alguns policiais recuperaram um “material de conversão” do pastor, embora ele não tenha especificado o tipo.

Fontes afirmaram que o Dharma Raksha Sena também conseguiu dois voluntários do Bajrang Dal, um grupo extremista de jovens, que afirmaram que Vinod lhes ofereceu dinheiro e uma Bíblia, a fim de convertê-los.

O inspetor Soni disse à agência de notícias Compass que os policiais estavam “só seguindo a lei”, ao recuperarem as porções bíblicas incriminadoras da moto de Vinod. O inspetor disse ter mantido Vinod preso até que se dispersasse o grupo enfurecido, que estava fora da delegacia gritando contra o pastor.

O advogado Michael Kapur disse ao Compass que Vinod foi acusado segundo a Secção 3/4 do Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh de 1968, que proíbe “conversão pelo uso da força ou indução, ou por meios fraudulentos.”

Prisão ilegal

O sacerdote Babu Joseph, representando a Conferência de Bispos Católicos da Índia, disse ao Compass que é ilegal deter uma pessoa sob acusações de “conversão forçada” simplesmente por ela estar orando na casa de alguém.

“Isso não é outra coisa senão abuso de autoridade e mau uso do poder”, disse Joseph. Ele acrescentou que era ilógico os extremistas chamarem as porções bíblicas de evidências de conversão forçada. “A polícia e a administração parecem estar abdicando de seu papel, ao jogar segundo baderneiros que operam em nome da religião.”

John Dayal, secretário geral do Conselho Geral dos Cristãos da Índia, disse ao Compass que ele se entristeceu com essa violência anticristã às vésperas do Dia da Independência da Índia.

Ele disse: “O aumento dos incidentes contra cristãos em Madhya Pradesh está alcançando rapidamente o limite da paciência. A lei feita para se dobrar à pressão policial é outro defeito no sistema; espero que o governo central aja logo para assegurar a aplicação da lei, já que cada cidadão merece proteção legal”.

Indira Iyengar, tesoureira do Conselho de Minorias do Estado e ex-membro da Comissão de Minorias do Estado de Madhya Pradesh, disse ao Compass que o ataque a Vinod é um indício da tendência do governo do Bharatiya Janata (BJP – partido governante).

“Parece que o BJP não vai parar esse castigo do povo cristão”, Indira disse. “Depois do relatório da Comissão Nacional de Minorias, houve pouco alívio por poucos dias, e os fundamentalistas estavam quietos. Mas isso começou de novo.”

Fonte: Portas Abertas

Comentários