O advogado de Immaculada Echevarría, 51 anos, encaminhou ao Conselho de Saúde da Andaluzia documento no qual solicita que seja tomado o testamento de sua cliente, que pediu publicamente a eutanásia.

Immaculada Echevarría sofre de distrofia muscular progressiva desde menina e está internada há anos em hospital de Granada. Segundo o advogado, cabe ao governo autônomo o estudo da petição e a abertura de expediente no Registro de Vontades Vitais Antecipadas.

A doença condenou a mulher a viver numa cama, ligada a um respirador. Há dias, sua história comoveu a Espanha, quando pediu à associação Direito de Morrer Dignamente (DMD) ajuda para morrer, segundo o jornal El Pais.

“Estou farta de viver assim e depender de todo o mundo, quero uma injeção que pare o meu coração, uma morte digna e sem dor”, disse Immaculada. “Não é justo viver assim, minha vida é solidão, vazio e opressão”, agregou.

Se a petição for acatada, Immaculada poderia ser desconectada do ventilador mecânico que a ajuda a respirar. O caso suscitou o debate sobre a eutanásia. O pastor Enric Capó, da Igreja Evangélica da Catalunha e diretor da revista “Cristianismo Protestante”, disse à ALC que a Espanha deverá legalizar, em curto prazo, a eutanásia.

Diante desse quadro, “qual deverá ser nossa atitude como cristãos?” – perguntou. “Não dispomos de razões suficientes, nem religiosas nem éticas, para negar à população espanhola essa possibilidade. As igrejas, e no caso os crentes, podem fazer suas próprias opções, mas não vão querer impô-las a toda a sociedade. No entanto, é sempre seu dever defender a vida como dom de Deus e denunciar tudo que a desvalorize”, disse.

Capó afirmou que os cristão vão participar, portanto, da discussão de qualquer lei que proponha a eutanásia, para defender o direito de todos, assegurando o respeito à vida humana e de sua correta aplicação, para que não seja usada de forma indiscriminada e que viole o direito dos pacientes.

O diretor da revista lembrou que a Conferência de Igrejas Européias realizou, em fevereiro de 2004, pesquisa entre as igrejas membros sobre o tema. O resultado foi que nenhuma delas – protestantes e ortodoxas – era a favor da eutanásia ativa, mas apresentaram divergências e matizes que iam desde a rejeição absoluta da eutanásia até uma certa permissão, mas sob condições muito estritas e em casos excepcionais.

“Todas as igrejas, nesta consulta, estavam de acordo de que suprimir o sofrimento matando seres humanos deve ser considerado um pecado grave. No entanto, estavam de acordo que não há virtude alguma no prolongamento da vida de um paciente terminal mediante o uso de ‘alta tecnologia’ e que não existem dificuldades teológicas em permitir que (uma pessoa nessas condições) morra de forma natural”, assinalou.

Ressalvou, contudo, que existem igrejas que admitem a possibilidade da eutanásia em casos extremos. Destoam da opinião geral igrejas como a Valdense e a Metodista da Itália, que admitem o direito de uma pessoa decidir sobre sua própria morte em casos de doenças terminais.

O teólogo espanhol destacou que, diante do tema da eutanásia, o cristão terá que colocar em prática o discernimento e a capacidade de responder perante Deus. Não existe autoridade externa de peso suficiente que o obrigue a tomar uma determinada posição. Sempre será, e há de ser, sua decisão pessoal, levando em conta sua fé e consciência iluminada pela Palavra de Deus. “O mais importante é que cada um seja fiel a suas próprias convicções”, frisou.

Fonte: ALC

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