O governo peruano pediu a intervenção da Igreja Católica no conflito entre autoridades locais e indígenas, que já causou a morte de ao menos 30 pessoas na região da Amazônia peruana.

As comunidades indígenas, que reúnem cerca de 400 mil pessoas, protestam desde o dia 9 de abril contra decretos aprovados pelo presidente Alan García que permitem a exploração privada de madeira e outros recursos naturais da região amazônica.

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro peruano, Yehude Simon, foi até a sede da Conferência Episcopal Peruana pedir intervenção dos religiosos na região, a fim de encerrar o conflito. os manifestantes acusam o governo de genocídio.

Na última sexta-feira, nativos e policiais se enfrentaram quando as forças de segurança foram autorizados a retirar os manifestantes que bloqueavam a estrada Fernando Belaunde Terry. De acordo com o governo, morreram 24 policiais e nove civis nos enfrentamentos. Representantes indígenas denunciam o desaparecimento de mais de 100 manifestantes.

Os conflitos são os piores enfrentados pelo presidente do Peru, Alan Garcia, em seu atual mandato. Garcia disse que os protestantes atacavam seu próprio país e agiam como terrorista. O presidente também sugeriu que os indígenas agiam incitados por grupos estrangeiros.

Crise no governo

Em consequência dos confrontos, a ministra peruana da Mulher e do Desenvolvimento Humano, Carmen Vildoso, renunciou ao cargo, declarando se opor à postura das autoridades nos conflitos.

Vildoso apresentou sua renúncia na noite de segunda-feira, de maneira irrevogável, enquanto Simon e a ministra do Interior, Mercedes Cabanillas, prestavam esclarecimentos sobre o episódio diante da Comissão de Defesa do Congresso.

O governo da Nicarágua concedeu nesta terça-feira o asilo político ao dirigente indígena peruano Alberto Pizango, líder indígena acusado de ser mentor dos violentos protestos iniciados na sexta-feira (6). O embaixador do país no Peru, Tomás Borge, que está em Manágua (capital da Nicarágua) por questões familiares, disse hoje à imprensa que o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, tomou a decisão de conceder o pedido de asilo a Pizango.

O diplomata explicou que o líder indígena –procurado pela Justiça peruana– se declarou “ameaçado” pelo governo do presidente peruano Alan García.

Por sua parte, a organização civil Anistia Internacional, de proteção aos direitos humanos, manifestou “muita preocupação” com a “situação crítica” na Amazônia peruana. A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, por sua parte, exigiu que o governo peruano suspenda as ações violentas contra os nativos.

Fonte: Folha Online

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