Uma multidão muçulmana ameaçou atear fogo nas casas dos cristãos que moram próximos à capital Islamabad. Testemunhas afirmam que a garota levada sob custódia é portadora de Síndrome de Down e que, portanto, não teria feito nada propositalmente
A confusão toda aconteceu na última sexta-feira (17), quando uma garotinha de 11 anos foi vista carregando um saco de lixo com páginas do Alcorão para fora de casa. A atitude da menina incitou a ira de uma multidão de muçulmanos que resolveu chamar a polícia para que uma providência fosse tomada.
Sob a pressão dos manifestantes e a partir do argumento de que a menina profanou o livro sagrado do Islamismo, os oficiais a levaram presa, acusada de blasfêmia. Jornais locais informaram que, por causa de uma necessidade especial, a menina não conseguiu responder apropriadamente as questões feitas por oficiais durante um interrogatório.
Paul Bhatti, ministro paquistanês para a Harmonia Nacional, prestou depoimento à emissora britânica BBC, e disse acreditar que a jovem possui distúrbios mentais. Para ele, “é improvável que ela tenha profanado o Alcorão propositalmente”.
Extremistas islâmicos ameaçaram atear fogo nas casas dos cristãos que vivem na região. Segundo autoridades locais, os pais da criança foram colocados sob custódia policial para se protegerem de ameaças; mais de 600 cristãos já abandonaram seus lares na periferia de Islamabad com medo da violência.
[b]Atualizações sobre o caso
[/b]
Segundo a agência de notícias France Press, o investigador de polícia Zabhiullah Abbasi afirmou que Rimsha, como foi identificada, deve ficar em detenção provisória até o dia 25 de agosto quando, então, irá comparecer diante de um tribunal para ser acusada de blasfêmia.
O mesmo policial declarou ainda que a menina é analfabeta, mas considerou, com base em um exame médico realizado depois de sua prisão, que ela não apresentava problemas mentais. Já o diretor de uma organização que representa as minorias paquistanesas, Tahir Naveed Chaudhry, declarou que Rimsha tem Trissomia 21, como também é conhecida a Síndrome de Down.
De acordo com a imprensa local, nesta segunda-feira (20), o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, solicitou para o ministério do Interior um relatório sobre o ocorrido.
Ore pelos cristãos presos por causa da lei da blasfêmia
No Paquistão, onde a população é majoritariamente muçulmana, a blasfêmia pode ser legalmente punida com morte. É o caso de Salman Taseer, muçulmano de mente liberal, ex-governador da província de Punjab, que foi assassinado por seu guarda pessoal, porque agiu em defesa de Asia Bibi, cristã condenada por falar de Jesus a suas colegas de trabalho.
Shahbaz Bhatti, ministro federal e único cristão no gabinete paquistanês, foi morto por se opor à lei da blasfêmia. Nos últimos anos, foram registrados 45 acusações por blasfêmia; dessas, 43 pessoas foram mortas em execuções extrajudiciais.
[b]Fonte: Missão Portas Abertas[/b]