As declarações feitas pelo papa Bento XVI no último domingo repercutiram no meio político italiano, levando a manifestação de diversos políticos nesta segunda-feira.

Em seu último discurso, o Papa declarou que faz falta na Itália uma “nova geração” de políticos católicos que tenham “rigor moral” e “competência”.

Em entrevista ao jornal La Repubblica, o líder do partido União dos Democratas Cristãos e de Centro (UDC), Pier Ferdinando Casini, disse que as palavras do Papa “nos fazem perceber que a política não é só pragmatismo” e “quem não se sente atraído pela causa talvez não entenda” os problemas dessa área.

Para Casini, a unidade política dos católicos na Itália, “está morta e enterrada há tempos” e os políticos católicos “devem sair do infantilismo político”. “Acredito ser necessário que os católicos se unam para defender os valores, independentemente de sua filiação política. Não se trata de construir caminhos individuais ou particulares, mas de unir-se para fazer valer as idéias de nossas posições”, disse ele.

“Naturalmente as palavras do Santo Padre são dirigidas a todos, a ninguém em particular. E é justo que seja assim. Isso é típico do grande amor que o Pontífice tem pelo nosso país”, declarou Casini.

“O Santo Padre explica a todos que a política italiana deve ser refeita com contribuições novas, com escolhas de ideais verdadeiros, que não é adquirida por direito divino em qualquer cargo de responsabilidade”, acrescentou. “O apelo do Papa é muito importante e quem se coloca fora desse apelo significa que não o entendeu bem. Nós somos chamados a nos interrogar profundamente, a fazer reflexões autocríticas, a entender a fundo aquilo que falta na política italiana”.

Casini também disse que Bento XVI “pede que nos questionemos sobre a idolatria que essa sociedade construiu, sobre falsos mitos que hoje os jovens seguem. É outra a direção a seguir, como demonstram as extraordinárias experiências de voluntariado que existem entre jovens italianos”.

O escritor católico Vittorio Messori declarou que o discurso feito pelo Papa no domingo tem o mérito de “superar as disputas provincianas entre crentes de direita e de esquerda, traçando um programa de ação inovador”.

“O Papa não quer refazer a democracia cristã, mas bloquear o caminho na Itália para o modelo anticlerical de (José Luis Rodríguez) Zapatero”, premier espanhol, opinou Messori em entrevista ao jornal La Stampa.

A solução, segundo Messori, é “espalhar políticos cristãos em todos os partidos”. “O Papa não guia uma igreja nacional e supera as contraposições italianas. Suas palavras não podem dirigir-se a uma parte ou a outra”, disse Messori.

Fonte: Ansa

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