A possibilidade da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) adquirir o antigo Cinema Foca, na freguesia do Forte da Casa (Vila Franca de Xira), em Portugal, está provocando a indignação geral da população daquela vila.
Desativado há 12 anos e propriedade da Edecine, empresa de cinema, o espaço tornou-se uma bandeira eleitoral nas últimas eleições autárquicas, com os partidos prometendo a sua transformação em centro cultural. Agora, não só a Junta de Freguesia (PS) não tem capacidade financeira para comprar o imóvel – pelos 300 mil euros pedidos pelo proprietário do equipamento – como a população recusa que este possa vir a se tornar um local de culto religioso.
“Pensávamos que iríamos ter um auditório numa terra que só tem armazéns, afinal vamos ter uma seita”, lamentou Joaquim Leal, morador na zona baixa da vila, onde se localiza o cinema. Já José Seabra, ex-autarca da CDU, acusa todas as forças políticas de não impedirem o negócio. “Se aquele patrimônio desaparecer todos serão responsáveis”, justifica.
Com um orçamento anual de 600 mil euros para gerir a vila (o dobro do valor estipulado para a venda do Foca), o presidente da Junta, António Inácio, defende que a infra-estrutura – construída há 26 anos e com 650 metros quadrados – deve ser adquirida pelo município, tendo encetado negociações com a entidade proprietária. Contudo, a presidente da câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, afirmou ao JN que a compra do cinema não está nos planos de despesas da autarquia por considerar inaceitável o valor pedido.
“Há dois meses que o senhor presidente não me dá uma garantia e até já lhe propus o arrendamento do espaço, mas assim irei vender o cinema à melhor proposta”, confirmou ao JN, José Manuel Charneca, administrador da Edecine.
Fonte: Jornal de Notícias (JN) – Portugal