O motivo do fechamento do templo muçulmano pela prefeitura da cidade de Lleida, na Espanha, teria sido a lotação. Havia cinco vezes mais que o número permitido pela licença concedida.

“Eu rezo em casa quando quero”, disse o prefeito de Lleida (em catalão, em espanhol Lérida, no nordeste da Espanha), o socialista Ángel Ros, em resposta às queixas da comunidade muçulmana por ter fechado de forma cautelar a mesquita da Calle del Nord, que congrega o maior número de fiéis muçulmanos, por infringir reiteradamente a norma sobre o número de frequentadores permitido no local.

A prefeitura de Lleida lacrou na quarta-feira o templo muçulmano porque na oração do último dia 25 de junho a polícia local constatou que em seu interior havia 1.200 pessoas, cinco vezes mais que o número permitido pela licença concedida, que é de 240 pessoas. O município afirma que essa mesma irregularidade tinha sido cometida em outras ocasiões.

A associação que administra o local, a União de Cooperação Islâmica de Lleida, tem 15 dias para apresentar alegações contra uma medida que, segundo admitiu Ros, provocou certa confusão entre os muçulmanos, muitos dos quais foram rezar ontem sob a marquise do recinto da feira dos Camps Elisis, que a prefeitura lhes cede para as orações de sexta-feira, que têm maior afluência de fiéis no verão. Ros acrescentou que o município será tolerante, mas que a partir da semana que vem só poderão utilizar esse espaço nas sextas-feiras, como está estabelecido.

O prefeito Ros lembrou que a comunidade muçulmana também não poderá utilizar a mesquita fechada até que seus responsáveis garantam o cumprimento da norma sobre a lotação máxima, e aconselha seus dirigentes a agilizar os trâmites para construir o novo templo no solar municipal que lhes foi cedido para esse fim no polígono industrial de El Segre, nas redondezas da cidade. O projeto está encalhado há três anos por falta de financiamento.

Ros pediu aos usuários da mesquita del Nord que rezem em casa durante o tempo em que o local permanecer fechado. “Eu rezo em casa quando quero”, diz o prefeito em tom desafiador, para afirmar em seguida que “não é obrigação da prefeitura prover templos de culto”. “É evidente que o que devem fazer, se quiserem rezar em coletividade em uma mesquita, é cumprir as condições e respeitar a legalidade.”

Ros comentou que a comunidade deveria ser grata à prefeitura por cuidar de sua segurança. Também lembra que em Lleida há outra mesquita que “funciona perfeitamente e nunca criou problemas”.

O imame Abdelwahab Houzi, que dirige os ofícios religiosos na mesquita del Nord, questionou ontem os argumentos apresentados pela prefeitura para lembrar seu fechamento cautelar e insinuou que por trás da medida há outros motivos. “Creio que a questão é mais política que técnica”, disse.

Houzi, que é ligado à corrente mais radical da doutrina salafista, apontou que o fechamento do local pode ter relação com sua posição contrária à ordem que proíbe o uso do véu integral islâmico – principalmente a burqa e o niqab – nos edifícios e instalações municipais.

A localização dessa mesquita embaixo de um edifício residencial e em uma rua estreita com problemas de estacionamento foi desde seu início, há nove anos, uma fonte constante de conflitos com os moradores, que denunciaram em várias ocasiões o excesso de pessoas no local e os incômodos que causam os fiéis.

O grupo municipal do partido CiU salienta em um comunicado que o fechamento provisório da mesquita por excesso de frequentadores vem tarde, já que a situação é a mesma há dez anos. “Os leridanos teriam agradecido que a tolerância zero agora demonstrada com tanta contundência tivesse sido aplicada desde o primeiro momento. Dessa maneira se teria evitado a rejeição que a instalação de mesquitas provoca entre os moradores em geral.”

[b]Fonte: El Pais[/b]

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