O Presidente chinês Hu Jintao reiterou uma política de liberdade de crença religiosa enquanto enfatizava a importância da aplicação da justiça na matéria e do apoio à autogestão dos grupos religiosos, informa nesta quarta-feira a imprensa estatal chinesa.
“Vamos levar adiante e implementar a política de liberdade de crença religiosa e gerir os assuntos relevantes nessa área de acordo com a lei”, assegurou Hu, de acordo com o jornal China Daily.
Hu, que também é o secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), manifestou estas intenções numa reunião do gabinete político do 17º Comitê Central do PCC sobre o seu segundo estudo acerca de assuntos religiosos internos e estrangeiros.
O partido e o Governo deverão encorajar os crentes de todas as religiões a manter a sua tradição patriótica e a contribuir para o desenvolvimento da sociedade chinesa e da unificação do território para uma só China, disse o presidente.
A gestão religiosa na China deverá ter como base a compreensão humana, e o respeito mútuo, acrescentou, referindo que “o partido e o governo deverão chegar a todos os crentes com dificuldades e ajudá-los na resolução desses problemas”.
O chefe de Governo também referiu a importância de desenvolver o ensino e a promoção de profissionais religiosos, dizendo que o PCC vai apoiar os grupos religiosos para a melhoria da sua autogestão, para dar voz às opiniões dos seus seguidores e proteger os seus interesses e direitos legais.
Entender adequadamente e gerir os assuntos religiosos é fundamental para o trabalho do partido, para a paz e estabilidade da sociedade chinesa e para o processo de construção de uma sociedade moderadamente próspera a todos os níveis, afirmou.
“Devemos entender em profundidade os novos problemas e desafios para que possamos gerir corretamente os assuntos religiosos”, admitiu o presidente.
A China mantém controles rigorosos sobre todas as manifestações de fé, reprimindo os grupos religiosos que não têm licença oficial do Partido Comunista, no poder.
O país conta com as suas próprias igrejas Católica e Protestante (as Igrejas Patrióticas), bem como uma hierarquia muçulmana própria, as únicas autorizadas e cujos bispos, padres e sacerdotes são nomeados por Pequim e são funcionários do estado.
A Constituição chinesa permite a existência de cinco igrejas oficiais – budismo, taoismo, islamismo, catolicismo e protestantismo.
Segundo números oficiais, existem na China cerca de 100 milhões de fiéis de diversas crenças, mais de 100 mil centros de encontros religiosos regulares e cerca de 300 mil sacerdotes e clérigos de diferentes fés.
As autoridades chinesas só permitem manifestações cristãs no âmbito das igrejas aprovadas e controladas pelo estado, mas milhões de fiéis são membros das igrejas na clandestinidade, que celebram missas em casas particulares e se recusam a aceitar a liderança religiosa do estado.
Encontros e grupos religiosos que não receberam sanção oficial são vistos na China como desafios potenciais à autoridade do governo, o que justifica o controle total dos grupos religiosos para prevenir a criação de fontes de autoridade fora do controle do governo.
Fonte: Lusa