Funcionários paquistaneses interromperam todas as aulas de estudos bíblicos para prisioneiros cristãos na prisão de Pendjab, isolaram o interno responsável pelas turmas e impediram o pastor local de realizar as visitas semanais que costumava fazer, segundo informações da ONG Ministério Compartilhando Vida no Paquistão, que atua em prisões.
O pastor protestante Munir Phool teve sua entrada na prisão da cidade de Kasur impedida no domingo, dia em que o prisioneiro católico Dil Awaiz foi torturado e transferido para uma cela de segurança máxima, de acordo com a ONG.
Uma autoridade policial local negou que o pastor Munir Phool tenha sido proibido de visitar a prisão aos domingos e disse não se lembrar exatamente dos detalhes do incidente que culminaram com o término das aulas de estudo bíblico.
O pastor, que conseguiu falar com o interno Dil Awaiz durante o horário regular de visitas, disse que o prisioneiro e o professor da Bíblia estão sendo alvos de um ex-superintendente da prisão que abusava dos prisioneiros cristãos.
Muçulmanos se revoltam contra cristãos
Dil Awaiz, de 33 anos, e o pastor Munir Phool contaram que internos muçulmanos ficaram irritados no dia 25 de junho quando um prisioneiro cristão bebeu água de um copo deles. Muitos muçulmanos no Paquistão consideram os cristãos impuros e se recusam a compartilhar utensílios e outros objetos com eles.
Segundo Dil, o superintendente da prisão forçou o homem cristão a beber água de uma bacia usada para limpar banheiros.
Depois aquele dia, quando o ex-superintendente soube que Dil Awaiz dava aulas sobre a Bíblia, ficou furioso. Ele avisou que os cristãos deveriam esperar pela perseguição e os desafiou a denunciar ou insinuar que estivessem sendo perseguidos por serem um grupo minoritário de internos.
O superintendente bateu, prendeu Dil Awaiz e o lançou em uma solitária. Os demais prisioneiros cristãos, cerca de 55 dentre os 2000 internos, foram forçados a interromper os estudos bíblicos e desde então nenhum deles pode ler a Bíblia ou escrever.
Protestante vai para a solitária
O prisioneiro protestante Munir Rehmat, de 39 anos, também foi colocado em uma cela de segurança máxima dias depois dele indagar sobre o retorno dos estudos bíblicos.
O pastor contou que os dois cristãos permanecem na solitária, mas disse que eles estão bem fisicamente.
O superintendente da prisão de Kasur, Mohsin Rafeeq, disse ao Compass que não se lembrava dos detalhes exatos do incidente. “Houve uma troca de palavras quentes entre um professor cristão e companheiros muçulmanos”, disse por telefone.
O pastor Phool, que tem visitado a prisão semanalmente desde que ele começou a pastorear em Kasur, no fim de 2003, disse que os funcionários da prisão lhe disseram que ele não podia mais visitar o local até que obtivesse permissão do Inspetor Geral de Prisões de Pendjab.
Preso injustamente
Dil Awaiz, da aldeia cristã de Clarkabad, está preso desde junho de 2005, acusado de participar do assassinato do irmão dele, em 2002.
“Ele é absolutamente inocente neste caso, porque ele não estava na aldeia quando o assassinato aconteceu”, disse Shahzad Kamran, um funcionário da ONG ao Compass.
Shahzad Kamran, que trabalha na ONG provendo educação religiosa e apoio aos prisioneiros cristãos ao longo da província de Pendjab, disse que as aulas da Bíblia na prisão de Kasur eram diárias.
“Eles realizavam as aulas fora e às vezes na varanda do hospital”, disse o funcionário da ONG, comentando que não havia nenhuma igreja ou local específico para a adoração cristã.
Em um relatório divulgado na semana passada, a ONG declarou que Mian Faheem, o novo superintendente da prisão juvenil do Instituto de Borstal Faisalabad, estava obrigando 13 prisioneiros cristãos juvenis a limpar os banheiros da prisão.
Fonte: Portas Abertas