O deputado federal Jean Wyllys pediu providências do Ministério Público sobre vídeo de “exército” da Igreja Universal.
A Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) tem sido alvo de polêmica nesta semana. Em imagens divulgadas pela Igreja, no Ceará, jovens uniformizados aparecem em um culto marchando e repetindo palavras de um pastor. Eles batem continência e afirmam que estão “prontos para a batalha”.
Ao final, ele pergunta aos rapazes o que eles querem, ao que se escuta: “O altar, o altar, o altar”. A resposta é acompanhada com o movimento do braço direito estendido apontando para o pastor que está no palco.
O vídeo em questão é de jovens integrantes de um programa da Iurd intitulado “Gladiadores do Altar”, com o objetivo de preparar rapazes de “diversas idades para servir a Deus no Altar”, é o que diz o site da Igreja Universal. O programa é ligado à Força Jovem Universal e foi lançado no final de 2014.
De acordo com a Igreja: “O projeto realiza reuniões semanais com os rapazes que estão dispostos a abrir mão de suas vidas para que outras pessoas sejam ajudadas, cumprindo assim o que Jesus disse: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”.
O vídeo, que havia sido divulgado no dia 15 de fevereiro, foi removido da página da Iurd no Facebook. Porém, alguns ainda circulam pelo YouTube.
Nas redes sociais, várias pessoas comentam que o gesto do braço dos jovens é uma associação ao nazismo. Para um blogueiro, a semelhança é nítida: “Não é preciso ser muito esperto para enxergar uma semelhança sinistra com, na melhor das hipóteses, a saudação dos policiais do Bope e, na pior, o “Sig, Heil” nazista. O pessoal do Estado Islâmico ficaria orgulhoso”.
Comparações ao Estado Islâmico, inclusive, estão surgindo em grande número. Um sociólogo, em entrevista a um grande jornal de Goiás, quando questionado se o apelo feito poderia gerar preconceito contra a Universal, ele respondeu o seguinte: “Não diria preconceito, mas mas posições críticas. Claro que outros agentes sociais associam o grupo ao que está acontecendo no Oriente Médio com o Estado Islâmico”.
Outra pessoa comenta que a ação da igreja oferece risco para classes que são alvo de preconceito atualmente: “Bando de malucos!!! O problema é se essa palhaçada virar uma merda séria!!! Um novo nazismo!!! Não duvidem! Esses loucos, psicopatas podem resolver usar armas pra matar LGBTs, ateus, pagãos, seguidores de religiões afro, podem tentar escravizar os negros de novo, tomar o poder do país. Vamos ficar espertos!”.
De acordo com o site da Igreja, comparar o programa é “absurdo”: Buscar uma motivação violenta ou condenável em jovens uniformizados que marcham e cantam unidos em igrejas é tão absurdo quanto enxergar orientação fascista em instituições como o “Exército da Salvação” e o Movimento Escoteiro, ambas organizações mundiais com base cristã e que, como a Universal, também se utilizam a analogia militar de forma positiva e pacífica”.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) postou uma foto dos jovens em seu perfil do Instagram, com um texto em que se diz chocado com a “milícia” que, acredita, vem sendo formada pelo “fundamentalismo religioso do país”.
“O fundamentalismo cristão no Brasil tem ameaçado as liberdades individuais, a diversidade sexual e as manifestações culturais laicas. Agora ele está formando uma milícia que, por enquanto, atende pelo nome de ‘Gladiadores do Altar”, diz a publicação do parlamentar.
“Quando começarem a executar os ‘infiéis’ e ateus e empurrarem os homossexuais de torres altas como vem fazendo o fundamentalismo islâmico no Oriente Médio? Não é porque tem a palavra ‘cristão’ na expressão que o fundamentalismo cristão deixa de ser perigoso e não fará o que já faz o fundamentalismo islâmico”, completa o deputado.
Após se manifestar sobre o vídeo, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) pediu providências do Ministério Público.
Em entrevista ao “Gaúcha Atualidade” na manhã desta quarta-feira, o parlamentar ressaltou o perigo da união entre fanatismo religioso e organização militar. Para Jean Wyllys, a Igreja Universal está montando uma espécie de “exército”, o que deve ser combatido com urgência.
– O Ministério Público e as autoridades já deviam ter se manifestado – afirmou.
Por meio de nota, a Iurd rebateu as críticas feitas por Jean: “O deputado federal Wyllys, que iniciou cruzada pessoal pela Internet contra os Gladiadores do Altar, havia afirmado em seu perfil na rede social Instagram, há duas semanas: “A burrice motivada é a falta de vida com pensamento; a burrice motivada e o ódio são, quando combinados, o fascismo e estão fazendo emergir o pior das pessoas nas redes sociais digitais e fora delas. Ao tecer o comentário sobre os Gladiadores, ele contradisse sua própria afirmação, unindo seu ódio à burrice motivada e fez uma avaliação sobre um projeto do qual nada sabe a respeito, e sequer procurou saber antes de publicar tal injúria”.
O programa “Gladiadores do Altar” já acontece em outros países como Argentina e Colômbia. Confira, nos vídeos abaixo.
[b]Fonte: Diário da Manhã[/b]