O voto suíço para proibir a construção de novos minaretes no país põe os holofotes sobre as divisões políticas e sociais do país alpino e pode significar uma nova onda de sentimento antiimigrante e populista.

O surpreendente voto e o alto comparecimento ao referendo de domingo dá força ao Partido do Povo Suíço (SVP), de direita, uma força política relativamente nova.

“Pode significar o início de uma nova onda de direita”, disse Clive Church, especialista em política suíça da Universidade de Kent.

O SVP, que cresceu rapidamente desde os anos 1980 e se tornou o maior partido da Suíça, foi acusado de racismo por suas campanhas estridentes contra a imigração, incluindo um cartaz que mostrava uma ovelha branca chutando uma negra de uma bandeira suíça.

A legenda fez campanha contra estender os direitos de cidadãos da União Europeia trabalharem e viverem na Suíça, um país que não é membro da UE, mas os cidadãos aprovaram a medida.

O SVP obteve a maior parte dos votos em uma eleição geral de 2007, mas desde então sua sorte parecia ter mudado: uma facção se separou e formou outro partido, ele perdeu todas as cadeiras no gabinete e obteve poucos votos nos referendos. Até agora.

O cartaz do SVP sobre a votação de domingo mostrava uma bandeira suíça coberta com minaretes na forma de mísseis e o retrato de uma mulher coberta com um chador negro e um véu, vestimenta associada ao Islã rígido.

Embora a comunidade muçulmana da Suíça de cerca de 300 mil pessoas seja comparativamente pequena, há uma preocupação cada vez maior sobre a imigração em um país onde os estrangeiros formam mais de um quinto da população de 7,7 milhões.

O comparecimento no referendo de domingo ficou em 53 por cento, e 22 dos 26 cantões, ou províncias, votaram a favor da iniciativa.

Crise de identidade

A Suíça sofreu uma crise de identidade desde que o fim da Guerra Fria roubou o significado de sua neutralidade, ajudando a alimentar o crescimento do SVP.

A relação da Suíça com o mundo muçulmano já está desgastada por causa da prisão de dois empresário suíços na Líbia, em retaliação à prisão em Genebra do filho de Muamar Kadhafi por maltratar funcionários de um hotel.

Em um editorial, o jornal argelino Le Soir disse que a Suíça deveria combater a intolerância religiosa e não os muçulmanos que querem praticar sua fé em paz.

“Essa votação é chocante porque acontece em um país que defende o secularismo e que se orgulha de tratar todas as religiões da mesma forma”, disse o Le Soir.

Os protestos contra a votação em Zurique e Berna atraíram poucas pessoas, enquanto os simpatizantes estavam contentes.

“Vamos celebrar com certeza”, disse Nadja Pieren, que compareceu a um comício de apoio à proibição.

“(A votação) mostra que não queremos o Islã político na Suíça. Não temos problemas com as pessoas que oram em mesquitas”.

Fonte: Reuters

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