O rabinato de Israel cortou todos os seus laços com o Vaticano em protesto à decisão do papa Bento 16 de revogar a excomunhão do bispo britânico Richard Williamson, que negou o extermínio sistemático de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Em uma carta enviada à Santa Sé por seu diretor geral, Oded Weiner, o rabinato comunica sua indignação pela reabilitação do bispo Williamson e suspende um encontro entre judeus e cristãos programado para o início de março, segundo informa o jornal “Jerusalem Post”.

“Sem uma desculpa pública será difícil continuar com este diálogo”, afirma a carta de Weiner. O encontro devia acontecer entre os dias 2 e 4 de março em Roma entre o rabinato, entidade oficial em Israel, e a Comissão da Santa Sé para as Relações Religiosas com o Judaísmo, presidida pelo cardeal Walter Casper.

Williamson e outros três bispos foram excomungados há 20 anos, depois que o ultraconservador arcebispo Marcel Lefebvre os consagrou sem aprovação do papa. Para tentar recuperar a parcela ultraconservadora católica, o papa Bento 16 revogou a excomunhão dos bispos no último sábado (24), provocando uma onda de reações negativas entre a comunidade judaica.

Em declarações ao jornal, seu colega na Comissão israelense paralela, o rabino Shear Yashuv Cohen, se mostrou esperançoso de que o bispo corrija suas posturas antes de voltar ao diálogo inter-religioso.

Williamson havia dito, em entrevista recente a uma rede de televisão sueca, que não haviam câmaras de gás e que, no máximo, entre 200 mil e 300 mil judeus sofreram nos campos de concentração. Em outras ocasiões, disse que Deus não queria que mulheres estudassem e que os ataques terroristas de 11 de Setembro foram uma conspiração dos EUA.

Nesta terça-feira (27), o líder da sociedade católica conservadora São Pio 10º, Bernard Fellay, pediu perdão pelas afirmações de um de seus bispos para tentar amenizar a polêmica. Williamson dirige atualmente um seminário em La Reja, a 50 quilômetros de Buenos Aires, Argentina, e “guarda silêncio” sobre o tema.

O papa reafirmou nesta quarta-feira a sua “completa e inquestionável solidariedade com os judeus”, na tentativa de aliviar as tensões. Falando em sua missa, o papa disse que a tentativa de exterminar os judeus, no Holocausto, deve continuar a ser um alerta para todos os povos.

Fonte: Folha Online

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