Nenhuma prisão foi feita desde que 600 muçulmanos atiraram sacos cheios de urina e água suja, em cerca de 100 membros de uma igreja e ameaçaram matar seu pastor, na semana passada

“A Polícia somente assistia a tudo, sem nada fazer, enquanto a multidão atacava a Igreja Protestante Batak Filadélfia, em Bekasi, próximo a Jacarta, na província de Java Ocidental, na quinta-feira (17 de maio)”, disse ao Compass, Saor Siagian, advogado da igreja.

A multidão, na qual estava presente o presidente do grupo extremista islâmico, Frente dos Defensores Islâmicos (FPI), começou a jogar urina, água suja, ovos podres, pedras e dejetos em todos os cristãos, no momento em que o Pastor Palti Panjaitan, começou a falar para sua congregação. A igreja teve que se dispersar, disse Siagian.

Pastor Panjaitan disse à imprensa local, que havia recebido uma ameaça de morte e registrou queixa na polícia.

As autoridades pediram à igreja, que se reunisse para adorar em um local, cerca de seis quilômetros de onde a igreja está hoje, disse Siagian.

A igreja solicitou uma autorização, conforme estipulado pela lei, para construir seu local de culto, há cinco anos. O governo local negou o pedido em dezembro de 2009. Mas o Supremo Tribunal anulou a decisão do governo em julho do ano passado, dizendo que a igreja merecia receber a autorização, mas que devido à pressão de grupos islamicos, deva se reunir em outro lugar.

Assim como a Igreja Protestante Batak , à Igreja Indonésia Gereja Kristen (GKI- Igreja Yasmin), também foi negada a permissão para realizar cultos em sua propriedade, apesar de uma decisão favorável da Suprema Corte.

A Igreja Protestante da União Europeia (conhecida localmente como IGP) está pressionando o governo para que tome medidas legais.

“O problema é que a polícia e o governo não são rigorosos”, disse ao jornal The Jakarta Globe, Sumampow Jeirry, da IGP. E continuou: “Nós não temos certeza de nada, agora. Nós não sabemos quem irá nos apoiar. Nós não podemos fazer nada sem garantia [de liberdade religiosa] … que reconhece as atividades religiosas como expressão religiosa e que, portanto, deve ser protegida”.

A organização muçulmana mais influente da Indonésia, Muhammadiyah, também criticou o governo.

“Por lei, o governo tem o dever de oferecer segurança e proteção a qualquer cidadão, independente da religião, que se sinta privado de suas práticas religiosas, ou se sinta ameaçado de exercê-las, e isso inclui a construção de lugares de culto”, disse Abdul Mufti , secretário do grupo.

Nusron Wahid, presidente da GP Ansor, ala jovem do maior organização muçulmana do país, Nahdlatul Ulama, se ofereceu para negociar entre a igreja e seus opositores.

Neneng Hasanah Yasin, o novo chefe do distrito de Bekasi, no entanto, parece estar seguindo a política do ex-chefe, de proibir a Igreja de construir seu local de culto, a fim de “evitar” tensões inter-religiosas. A Comissão Asiática de Direitos Humanos exortou o novo chefe, que assumiu o cargo em 14 de maio, para que “tome medidas que estejam de acordo com a lei e com os princípios dos direitos humanos”.

De acordo com a Operação Mundo, a Indonésia tem cerca de 186,7 milhões de pessoas, das quais 80,3% são muçulmanas. É considerado o maior país muçulmano do mundo, de maioria sunita. Existem, na Indonésia, cerca de 36 milhões de cristãos, que compõem cerca de 15,9% da população.

A Constituição do país é baseada na doutrina de Pancasila – cinco princípios inseparáveis e inter-relacionados – a crença da nação no único Deus, humanidade justa e civilizada, unidade nacional, democracia guiada pela sabedoria interior de seus representantes, e justiça social para todos.

No entanto os extremistas islâmicos, vêm crescendo em número e influência política no país. No ano passado, o IGP registrou 54 atos de violência e outras violações contra os cristãos. Outras minorias religiosas também são perseguidas.

[b]Fonte: Missão Portas Abertas[/b]

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