A Record TV está sendo acusada de demitir autores de novelas bíblicas da emissora após os profissionais se recusarem a se tornar evangélicos.
De acordo com informações divulgadas pelo Notícias da TV nesta quarta-feira (31), Emílio Boechat, Camillo Pelegrini, Joaquim Assis, Cristianne Fridman e Paula Richard são alguns dos nomes que teriam deixado o posto por não seguir a religião tanto do dono da emissora e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, como também da sua filha e diretora de Dramaturgia, Cristiane Cardoso.
Na ação contra a Record, Paula Richard, autora de “Jesus “(2018-19) e “O Rico e o Lázaro” (2017), pede indenização de cerca de R$ 5,6 milhões por preconceito religioso. Ela alega que sempre respeitou todas as crenças, inclusive as dos ex-chefes, mas que não teve o mesmo retorno deles, principalmente da filha de Macedo, Cristiane Cardoso, que é diretora de dramaturgia do canal.
“A relação de trabalho da autora com membros da Igreja, seja na produção ou com as colaboradoras que foram inseridas na sua equipe, sempre foi amena; entretanto, ao que tudo indica, a já mencionada Sra. Cristiane Cardoso estava determinada a ter apenas membros da Igreja Universal escrevendo na Record TV — o que constitui, a toda evidência, inaceitável discriminação de cariz religioso”, diz um trecho do processo.
Para comprovar, a autora anexou em seu depoimento as falas de alguns de seus colegas que também foram demitidos pelo mesmo motivo, um deles sendo o de Emílio Boechat, que chegou a criticar a emissora publicamente na época.
“Sra. Cristiane Cardoso estava determinada a ter apenas membros da Igreja Universal escrevendo na Record TV –o que constitui, a toda evidência, inaceitável discriminação de cariz religioso”, disse a autora em seu argumento.
Desde 2020, Cristiane Cardoso já era manda chuva da dramaturgia da Record e vinha irritando cada vez mais os profissionais das novelas da emissora.
Além de mudar destinos de personagens escritos pelos autores das novelas “Amor Sem Igual” e “Gênesis”, que seria o próximo folhetim da Record, na época, Cristiane ordenava regravações de cenas finalizadas e opinava até nos figurinos das produções.
Em 2021, o dramaturgo Emílio Boechat criticou publicamente a emissora nas redes sociais. “O que esperar de uma emissora que entregou a dramaturgia nas mãos de amadores cujo compromisso é apenas divulgar os dogmas de uma igreja específica? Tenho pena dos atores e demais profissionais que se submetem a essa humilhação porque precisam do dinheiro”, afirmou Boechat na época.
No processo, Paula falou que sempre tentou fazer produções sem o destaque de uma religião específica por respeitar todas as crenças, mas ela teria sido impedida. “Evidente que a autora nutre profundo respeito pela denominação religiosa dos donos da emissora em que laborou por tantos anos, mas esse respeito não foi recíproco”, afirmou trecho do documento.
O que diz a Record TV
Em um comunicado divulgado pelo Twitter, a emissora negou as alegações. “A Record TV não tem religião. A Record TV vem a público declarar que é contra qualquer tipo de intolerância, inclusive a religiosa. Portanto, o Grupo Record anuncia que tomará todas as providências judiciais necessárias com relação à acusação sofrida hoje”, escreveu.
Fonte: Metrópoles, Fuxico Gospel e TV Foco