Pela sétima vez consecutiva, o relatório anual de liberdade religiosa, do Departamento de Estado dos Estados Unidos, designa o Irã como um “país de preocupação específica”, por prender e oprimir pessoas com base em suas crenças religiosas.

John Hanford, embaixador geral para liberdade religiosa do Departamento de Estado, disse, no dia 15 de setembro, que o propósito do relatório é “estimular o debate em outros países, fazer o governo dar contas de seus comprometimentos internacionais, se pronunciar em favor dos perseguidos e, por fim, dar um senso de quão bem estamos vivendo segundo nossos ideais”.

O relatório diz que oito países de preocupação específica – países que, segundo os EUA, são os maiores violadores de liberdade religiosa – são Mianmar, China, Coréia do Norte, Irã, Sudão, Eritréia, Arábia Saudita e Vietnã.

Considerados um pouco melhor estão outros 12 países onde a liberdade religiosa está longe de ser assegurada. São eles: Afeganistão, Brunei, Cuba, Egito, Índia, Israel e Palestina, Laos, Paquistão, Rússia, Sri Lanka, Turcomenistão e Uzbequistão.

O Uzbequistão é acusado pela cruel opressão aos muçulmanos, a qual John Hanford diz incluir uma lei religiosa mais estrita e uma maior perturbação dos fiéis.

“Tais abusos são infelizes de um modo particular, já que, no Uzbequistão, eles minam uma antiga tradição social de harmonia religiosa. O Uzbequistão também dá um exemplo de como os governos quase sempre optam por usar leis de registro repressivas como meios de restringir religiões não-aprovadas, ou simplesmente tornar as religiões totalmente ilegais.”

Ainda que a situação no país vizinho Turcomenistão também pareça grave, John notou um progresso modesto. Ele disse que “onde apenas dois grupos religiosos podiam ter status legal, agora vemos nove religiões e denominações novas, possibilitadas e se registrarem, uma abertura sobre a qual esperamos que o governo continue a trabalhar”.

As reações na Rússia para com judeus e grupos étnicos muçulmanos se tornaram mais negativas no ano passado, segundo o Departamento de Estado. Mas Moscou também foi elogiada por reagir rapidamente a um ataque contra uma sinagoga em janeiro deste ano.

Sobre o Afeganistão, o relatório diz que décadas de guerra e anos de domínio do talibã contribuíram para uma cultura conservativa de intolerância.

Apesar de tudo, John diz que o governo do presidente afegão Hamid Karzai “procura sustentar a garantia Constitucional de liberdade religiosa, a despeito da antiga cultura de intolerância”.

O relatório anual de liberdade religiosa, do Departamento de Estado é uma exigência do Ato de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA. Em geral, a pesquisa cobre 197 países e territórios. Os países com a mais baixa classificação podem ser punidos com sanções dos EUA se não melhorarem.

Em 16 de setembro, as autoridades iranianas classificaram o relatório como “político” e “sem provas legais”.

Em uma declaração, o representante do Ministério do Exterior do Irã, Muhammad Ali Hosseini, também disse que o relatório “segue uma agenda de política estrangeira dos EUA e é de nenhum valor”.

Bangladesh: Violência contra minorias preocupa comissão dos EUA

Um painel independente norte-americano sobre liberdade religiosa expressou preocupação com a crescente militância islâmica e a violência contra as minorias de Bangladesh.

Felice Gaer, presidente da Comissão Norte-Americana sobre Liberdade Religiosa Internacional, uma agência federal bipartidária, advertiu que embora Bangladesh pudesse ser um modelo para outras democracias emergentes com população de maioria muçulmana, “esse modelo está em perigo”.

Ela chamou a atenção para a “crescente militância islâmica e a falha em processar os responsáveis por atos violentos praticados contra indivíduos, organizações e empresas entendidos como ‘não islâmicos’.”

Eleições com vítimas

Em um relatório apresentado na terça-feira, 17, a comissão insistiu que a administração do presidente George W. Bush deve assegurar que o governo que dirige Bangladesh até as eleições de janeiro tenha poder militar e outros poderes para evitar a violência.

O relatório também pede que a capital, Dhaka, assegure medidas para promover os direitos humanos universais, incluindo a liberdade religiosa. A última eleição, em outubro de 2001, foi marcada pela violência e muitas das vítimas eram hindus, a mais representativa minoria religiosa de Bangladesh.

Pela primeira vez a eleição foi vencida por uma aliança que incluía partidos religiosos. Um deles era o Jammat-e-Islami Bangladesh, um partido que defende abertamente o estabelecimento de um estado islâmico em Bangladesh, com um sistema legal baseado na lei islâmica sharia.

Também na Europa liberdade religiosa é cerceada

A opressão que os cristãos sofrem em muitos países de todo o mundo foi o tema apresentado por Attilio Tamburrini, diretor da Seção italiana de Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), na conferência do ODIHR, em Varsóvia.

O ODIHR é o Escritório para as Instituições Democráticas e os Direitos Humanos, órgão pertencente à Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE). Seus 56 Estados membros estiveram reunidos por 10 dias na capital polonesa e decidiram criar um serviço de informação para documentar casos de discriminação, xenofobia e violação do direito de liberdade religiosa.

Neste sentido, o diretor da AIS italiana, Attilio Tamburrini, insistiu em afirmar que também na Europa os cristãos estão em desvantagem. Segundo ele, em 18 Estados membros da OSCE, que consagraram o direito fundamental à liberdade religiosa em suas Constituições, este direito não se outorga plenamente. Como exemplos citou Belarus, a Turquia e Bósnia-Herzegóvina.

A seção italiana da Ajuda à Igreja que Sofre publica anualmente um informe sobre a situação da liberdade religiosa no mundo.

A respeito da liberdade religiosa, o governo indonésio assegurou esta semana, por meio de seu porta-voz, Andi Mallarangeng, que o país (o de maior população muçulmana no mundo) respeita e tutela o pluralismo religioso, e que os extremistas islâmicos são apenas uma pequena minoria.

Nos últimos anos, a Indonésia viveu uma série de violentos ataques, perpetrados por extremistas islâmicos contra objetivos ocidentais, e foram aprovadas diversas leis conformes à Sharia, a lei islâmica.

Apesar disso, Mallarangeng afirmou que a grande maioria dos muçulmanos indonésios rejeita as interpretações mais radicais de sua crença. “O Islã indonésio não é isso” _ comentou o porta-voz _, acrescentando que as tendências e sondagens comprovam a queda de consenso da ‘islamização’ do Estado.

A Indonésia é o quarto maior país do mundo em população, e 85% de seus 220 milhões de habitantes são muçulmanos.

Fonte: Portas Aberta e Rádio Vaticano

Comentários