Suicídio
Suicídio

Maurício Brum, especial para a Gazeta do Povo

Considerado uma questão de saúde pública, o suicídio não é incluído em debates sobre violência, mas sua ocorrência cresce como causa de morte no Brasil: entre 2000 e 2016, as taxas de suicídio aumentaram 73%, passando de 6.780 para 11.736, segundo dados do Ministério da Saúde.

O fenômeno não é novo. Desde meados do século 20, quando cada vez mais países começaram a compilar dados sobre o suicídio, os números vêm crescendo de forma gradual e contínua.

Entre 1950 e 1995, a taxa mundial de suicídios por 100 mil habitantes cresceu 33% entre as mulheres e 49% entre os homens, segundo um levantamento publicado no periódico sueco Suicidologi.

Nas últimas duas décadas desde então, o número de pessoas que tiram a própria vida continuou a aumentar na maior parte do mundo.

Segundo os especialistas, é difícil identificar uma única causa para o crescimento que, embora gradual, sempre se manteve constante: dificuldades econômicas, exposição a substâncias tóxicas ou até mesmo um melhor controle das autoridades, oferecendo estatísticas mais precisas onde antes casos de suicídio eram desconsiderados, são alguns dos fatores normalmente apontados.

Mas novos estudos vêm sugerindo associação com uma miríade de aspectos que antes eram apenas especulações: desde a exposição a neurotoxinas que favorecem o desenvolvimento de quadros depressivos e as chamadas ideações suicidas até questões pouco percebidas nas gerações passadas, causadas pelo aumento na expectativa de vida da população – em geral, o número de mortes autoinfligidas é muito maior na população mais velha do que nas outras faixas etárias.

Nos Estados Unidos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), o suicídio é a décima maior causa de mortes todos os anos: estima-se que ao menos 47 mil pessoas tenham tirado suas próprias vidas no país em 2017, ano com os dados mais recentes divulgados.

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade por suicídio é de 2,4 mulheres a cada 100 mil, saltando para 9,2 homens a cada 100 mil.

Quando comparados aos níveis de 1980, é possível constatar que o suicídio feminino no Brasil teve um aumento de 20% nas últimas quatro décadas, enquanto no caso dos homens o crescimento foi ainda mais massivo – um aumento de 100%, com a taxa dobrando em quarenta anos.

Religião

A religiosidade é um fator de redução nas taxas de suicídio, principalmente na América Latina, segundo estudo da Universidade de Michigan publicado no The Journal of Health and Social Behavior.

De acordo com a pesquisa, em países com cultura religiosa cristã mais proeminente o alto envolvimento de uma pessoa com a religião diminui os riscos de suicídio.

Isso acontece porque a rejeição moral do suicídio e os níveis mais baixos de comportamentos agressivos determinados pela religião afastam as pessoas mais religiosas da possibilidade de suicídio.

Segundo estudo publicado no The American Journal of Psychology, a afiliação religiosa está relacionada a taxas menores de tentativas de suicídio: entre os pacientes com quadros de depressão, aqueles não afiliados a qualquer religião têm mais tentativas de suicídio ao longo da vida e maior ocorrência de familiares de primeiro grau que cometeram suicídio.

A pesquisa analisou 371 pacientes com depressão, afiliados ou não a religiões. O perfil predominante entre os indivíduos não afiliados era mais jovem, solteiro, sem ou com menos filhos e que mantinham menos contato com os membros da família.

Além disso, os indivíduos sem afiliação religiosa relataram menos razões para viver e menos objeções morais ao suicídio.

De qualquer forma, a afiliação religiosa contribui para prevenir comportamentos de risco, como abuso de álcool e drogas, e este pode ser um fator crucial para as menores taxas de suicídio, segundo estudo publicado no The British Journal of Psychology.

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Fonte: Gazeta do Povo

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