A embaixada do Brasil no Líbano e a prefeitura de Tiro, no sul do país, foram obrigadas a cancelar uma apresentação de escolas de samba que ocorreria na cidade na quinta-feira (1º) por conta de manifestações contrárias de clérigos locais. Eles reclamaram da “obscenidade” dos brasileiros.

De acordo com a agência de notícias Reuters, a reclamação foi liderada pelo xeque Ali Yassin. “Nós apoiamos o turismo, mas somos contra a obscenidade”, disse. Antes, segundo a agência AFP, Yassin afirmou que as passistas brasileiras e os músicos formavam “um grupo de dança pornográfico que vai contra nossa ética”. Segundo ele, os clérigos temiam que “uma vez que eles comecem a dançar nus nas ruas, teremos problemas”.

A manifestação contrária pegou de surpresa os diplomatas brasileiros depois da reação positiva nas quatro apresentações anteriores que, juntas, atraíram 75 mil pessoas em três cidades, incluindo duas na capital, Beirute. “Foi um pequeno grupo que se manifestou, mas se houve uma oposição, por medida de precaução, decidimos não realizar o evento”, disse a ÉPOCA Roberto Medeiros, ministro-conselheiro da embaixada brasileira no Líbano. “Nunca se sabe o que pode ocorrer”, afirmou.

Na guerra entre Israel e o grupo radical islâmico Hezbollah, em 2006, Tiro foi uma das cidades mais afetadas pelas incursões israelenses pois era base para muitos lançamentos de foguetes feitos pelo grupo guerrilheiro contra o norte de Israel. Até hoje, a cidade tem grande influência de líderes ligados à organização radical.

Medeiros explicou que a turnê de integrantes de escolas de samba, que incluía desfiles e ateliês de samba e percussão, foi realizada como forma de promover a cultura brasileira no Líbano, e o sucesso foi maior que o esperado. “Nenhuma manifestação cultural popular patrocinada por outra embaixada estrangeira no Líbano conseguiu mobilizar quantidade tão grande de público”, disse.

Durante o século 20, o Brasil foi um dos principais destinos de libaneses que deixaram seu país de origem. Hoje, o ritmo da imigração diminuiu, mas as relações são muito fluídas entre as várias famílias que se dividem entre os dois países. Segundo Medeiros, novos eventos estão sendo planejados para divulgar a cultura brasileira no Líbano. “Estamos cogitando até trazer uma equipe de futebol profissional para fazer partidas aqui”, disse.

Fonte: Site da Revista Época

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