A proposta de lei aprovada nesta quarta-feira na Comissão de Interior da Câmara dos Deputados para proibir o uso de acessórios como a burka ou “niqab” pode supor a reclusão em casa e a invisibilidade das mulheres que a usam, disse a vice-presidente do Executivo dos Muçulmanos na Bélgica, Isabelle Praile.
Praile considera que “esta proposição de lei vai contra as liberdades fundamentais e contra a Constituição”. A vice-presidente do Executivo dos Muçulmanos, um órgão que representa os muçulmanos perante o Governo belga para questões religiosas, afirmou ser contra tanto a imposição de usar o acessório como a sua proibição, algo que “pode violentar algumas mulheres”, explica Praile.
Para ela a polêmica acerca do uso da burka está “superdimensionada”. Praile questiona: “É necessário empregar tanta energia neste debate?”, já que “é um assunto que afeta dezenas de pessoas em uma comunidade de milhares de muçulmanos”.
Após a decisão, respaldada por unanimidade pela Comissão de Interior da Câmara dos Deputados, o plenário deve tratar a questão durante o mês de abril.
O véu muçulmano também está em debate na Bélgica devido a uma disputa em uma escola municipal de Charleroi (sul do país). A Prefeitura da cidade votou um novo regulamento para proibir o uso de símbolos religiosos nos centros educativos, a fim de evitar que uma professora muçulmana leve um lenço na cabeça.
Só um vereador da coalizão de três partidos que governa o município votou contra o regulamento. A líder do partido, Véronique Salvi, pediu a demissão de Mohammed Fekrioui (do centrista CDH) por “coerência com suas obrigações de neutralidade”, segundo informa hoje o jornal “Le Soir”.
Fonte: EFE