A revista Época publicou em seu site, parte da matéria de capa da edição desta semana, n° 1034, já nas bancas. Na matéria, a revista inclui o site Gospel Prime, entre os dez maiores sites de notícias falsas do país, pagos até com verba de gabinete para disseminar boatos.
Diz a matéria, que o Gospel Prime publicou um vídeo no dia 26 de janeiro onde dizia “Estão entregando dinheiro na mão de terrorista!”. De acordo com a denúncia do site, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Michel Temer estavam tentando desviar dinheiro de uma obra, por meio de uma Medida Provisória de ocasião, para financiar terroristas palestinos.
O Ministério das Relações Exteriores publicou uma nota desmentindo a informação, mas o Gospel Prime manteve a postagem no ar. Incluiu o comunicado no pé da página e insistiu no texto original mentiroso, sem errata ou pedido de desculpas.
Contactado por telefone pela jornalista da revista Época, David Gregório, o dono da empresa Prime Comunicação Digital, responsável pelo Gospel Prime, com endereço registrado em Criciúma, Santa Catarina, defendeu seu trabalho e seu ponto de vista como uma “cosmovisão”: “Tudo que eu publico, se tiver minha cosmovisão, se tiver meu modo de olhar esse mundo, desse fato, pode ser chamado de fake news, porque não está na mídia mainstream”.
Emendando uma frase na outra, ele disse que não quer ser o MBL, o movimento de direita conservadora. “Os diários que eles inventam têm realmente uma cara de fake news. Sabemos que algumas coisas que a gente publica também podem causar estranhamento, mas é porque a gente está vendo um ponto que a grande mídia não olha.”
Perguntado se parlamentares já ofereceram dinheiro para que reportagens a seu favor fossem publicadas, Gregório disse: “Olha, sempre tem, mas não é interessante para nós”. Finalizou a conversa sem dar mais detalhes e afirmou que “tenta” não se envolver financeiramente com políticos.
Porém, a revista aponta que seis notas fiscais emitidas pelos gabinetes dos deputados Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e Geovania de Sá (PSDB-SC), ambos da bancada evangélica, mostram que os parlamentares usaram dinheiro da cota parlamentar para pagar por textos publicados no Gospel Prime entre 2015 e 2016.
Segundo Gregório, o faturamento do Gospel Prime vem de plataformas de propagandas on-line: “Ganhamos com publicidade do Google. A gente tem uma empresa que gerencia a publicidade, também vendemos publicidade direta, mas é pouco. É mais a publicidade que o próprio Google faz a negociação”.
Questionado sobre sua participação no sustento de um site que publica informações falsas, o deputado Sóstenes Cavalcante afirmou que desconhece as “supostas” fake news mencionadas por ÉPOCA e que não tem “vínculos com o portal Gospel Prime, nem com qualquer outro veículo de comunicação”.
A matéria ainda diz que o Gospel Prime não publica única e exclusivamente informações falsas, mas, de vez em quando, solta pérolas como a dos terroristas palestinos ou a de um cientista que colocou em xeque a Teoria da Evolução (que, na realidade, acabou demitido).
Nota de esclarecimento do Gospel Prime
Em nota, a equipe do Gospel Prime diz que prima pela veracidade e transparência de todas as informações publicadas no site e que sua linha editorial está pautada na verdade e princípios cristãos.
Diz ainda que as reportagens são transparentes e informam a fonte das informações apresentadas.
Sobre as acusações em questão na matéria da Época, esclarecem que não afirmaram em momento algum, em nenhuma de suas reportagens, que a verba da Medida Provisória destinada para a reforma da Basílica de Natividade seria para financiar terrorismo e que jamais informaram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Michel Temer estariam desviando dinheiro que seria destinado às reformas.
A nota afirma ainda que a equipe do Gospel Prime prima pelo bom jornalismo, atitude que, segundo eles, a revista não teve em nenhum momento.
Dizem que a revista não entrou em contato de maneira clara para solicitar explicações ou oferecer direito de resposta e que mentiu se fazendo passar por estudante para depois usar as informações de maneira tendenciosa, pincelando fatos isolados.
A nota encerra afirmando que medidas judiciais serão tomadas pela equipe do Gospel Prime. “Com base em todos esses esclarecimentos e cientes de que não erramos, nem ferimos o bom jornalismo, informamos que, por respeito aos nossos leitores, tomaremos todas as medidas legais cabíveis à denúncia na esfera judicial.”
Leia a íntegra da nota de esclarecimento clicando aqui.
Fonte: Revista Época e Gospel Prime