Jesús Malverde, “patrono” dos narcotraficantes, propagou sua fé pelo México e agora conta com uma pequena capela num dos bairros mais populares da Cidade do México.

Além disso, tem sido reverenciado por um número cada vez maior de fiéis.

A capela com a imagem do chamado “Santo dos Narcos” causou polêmica entre os moradores do populoso bairro central de Los Doctores.

Alguns defendem a presença do altar na esquina entre as ruas Dr.

Vértiz e Dr. Liceaga. Estes alegam que Malverde é a versão mexicana de Robin Hood, e que não é sua culpa se o crime organizado o adotou como patrono. Porém, outros asseguram que só os malfeitores pedem sua ajuda.

“Apesar de não ser reconhecido pela Igreja Católica, assim como a Santa Muerte, Jesús Malverde me provou ser milagroso ao salvar a vida do meu filho. Por isso, em novembro, decidimos fazer-lhe um pequeno santuário”, contou Alicia Pulido.

Nesse pequeno santuário, todo envidraçado, fica a figura em tamanho natural de Malverde, um homem típico do norte do México: alto, branco, com bigode e cabelo abundante.

Os fiéis ajudaram a vestir a imagem de Malverde, que tem um chapéu, uma camisa jeans, um cinto de pele de cobra com fivela dourada e uma corrente com um pingente de pistola no pescoço.

Em volta dele, ficam depositados presentes deixados pelos fiéis, como taças de cristal e até algumas notas de dólares.

Fora do local protegido por vidros, Malverde divide o fervor dos fiéis com a imagem de São Judas Tadeu, reconhecido pela Igreja Católica como o patrono das causas impossíveis e dos desesperados.

Apesar de o Vaticano ter se pronunciado contra a veneração do “santo”, a história de Malverde, também conhecido como “O Bandido Milagroso”, continua sendo um mistério.

Para muitos historiadores, Malverde é um mito, criado a partir de uma lenda sobre uma pessoa, da qual não há prova documental de existência.

Este personagem, segundo a lenda, foi um bandido generoso que roubava os ricos, e também a Igreja, e dava o dinheiro aos pobres.

Jesús Juárez Maço (1909) era aparentemente o nome verdadeiro deste sujeito, conhecido como “Malverde” por seus inimigos, já que se disfarçava com folhas de banana, segundo especialistas no assunto.

Os seguidores de Malverde relatam que os vínculos do “santo” com os barões da droga se explicam com a história de Raymundo Escalante, filho de um poderoso chefão da droga, que foi traído por seu pai, de acordo com os entendidos.

Raymundo sobreviveu milagrosamente a um atentado e foi levado à Capela do Santo Malverde para se recuperar.

Malverde conta com três grandes capelas no mundo, nas quais seus fiéis pedem sua ajuda: a principal fica em Culiacán, Sinaloa (norte do México); a segunda, na cidade colombiana de Cali; e a terceira, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

A pequena capela da Cidade do México, inaugurada há dois meses, recebe pouco a pouco dezenas de seguidores desta capital e de regiões vizinhas.

“Agora poderei vê-lo mais e espero que seja uma vez por mês ou por semana, pois, além disso, sempre vou visitá-lo em Culiacán (Sinaloa). Estou contente de poder vir aqui”, disse Martín Rivas.

Rivas, que trabalha com um caminhão de carga, leva consigo um escapulário de Malverde, e, em seu braço esquerdo, tem uma tatuagem do santo.

Da mesma forma, Miguel Angel Cruz e sua prima Areli Cruz, que vivem em Ciudad Neza, nos limites da capital mexicana, visitaram o pequeno santuário no bairro de Los Doctores para pedir “saúde e dinheiro”.

Nenhum dos fiéis entrevistados pela Efe reconheceu ser criminoso.

Todos garantiram que Malverde é o santo da sua devoção simplesmente porque têm fé nele, pois fez milagres para outros, a ponto de terem composto um “narco corrido” (música típica do norte do México) e uma oração em sua homenagem.

Fonte: EFE

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