O bispo irlandês Jim Moriarty, que deveria se aposentar em dois anos, adiantou sua saída ao renunciar diante do seu envolvimento com o escândalo de décadas de abuso sexual de crianças por padres da Igreja Católica da Irlanda. Moriarty é assim o segundo nome a cair após as denúncias.
Moriarty disse que, embora não seja um dos nomes citados diretamente pelo relatório sobre a pedofilia na igreja, deveria ter feito mais para desafiar “a cultura vigente” que permitiu que tais atos acontecessem.
Na semana passada, o bispo Donal Murray tornou-se o primeiro bispo a renunciar desde a publicação do relatório sobre abuso sexual de crianças por padres irlandeses e o esforço da arquidiocese de Dublin em acobertar os casos por 30 anos.
“Fundamentalmente, é sobre como a liderança da arquidiocese fracassou por muitas décadas em responder de maneira apropriada aos atos criminosos contra as crianças”, disse Moriarty, em comunicado divulgado pelo site de sua diocese.
“Eu aceito que, a partir do momento em que eu me tornei um bispo auxiliar, eu deveria ter questionado a cultura vigente”, continuou.
No último dia 26, de um relatório oficial de 700 páginas afirmou que a Igreja Católica da Irlanda encobriu os abusos sexuais cometidos pelos seus padres contra as crianças da região de Dublin durante décadas.
O documento foi publicado pouco depois do relatório elaborado pela Comissão da Diocese de Dublin com o nome de 15 padres acusados pelo abuso de 450 crianças em um período de 35 anos. O relatório identifica também as vítimas e foi entregue ao ministro de Justiça, Dermot Ahern –que deve decidir se publicará o nome dos acusados, algo que pode causar uma polêmica de grandes proporções na Igreja Católica.
Não há indicação do Vaticano de qual deve ser a resposta da Igreja Católica ao relatório. A questão não será fácil. Um padre admitiu que abusou de mais de cem crianças. Outro disse que ele abusou de crianças a cada duas semanas por 25 anos.
As revelações vieram seis meses depois de outro documento com relatos sobre trabalho escravo, estupro coletivo e outros crimes hediondos nas escolas gerenciadas pela igreja católica irlandesa no século 20.
No último dia 12, Bento 16 recebeu, no Vaticano, representantes da Conferência Episcopal Irlandesa para analisar os casos. O Vaticano não divulgou informações sobre a reunião e apenas confirmou o encontro.
O papa condenou duramente abuso cometido por padres durante suas viagens a dois países atingidos por este tipo de escândalo –os Estados Unidos e a Austrália. Os críticos, contudo, dizem que o Vaticano não fez o suficiente para entregar os suspeitos à Justiça.
Fonte: Folha Online